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Yoroi: Zumbi Samurai
Original:Yoroi: Samurai zonbi
Ano:2008•País:Japão
Direção:Tak Sakaguchi
Roteiro:Ryûhei Kitamura
Produção:Motoi Hiraiwa, Akihiko Isogai
Elenco:Mitsuru Fukikoshi, Issei Ishida, Tak Sakaguchi, Airi Nakajima, Shintarô Matsubara, Nana Natsume

Relíquias da cultura nipônica, os samurais eram a representação de um país corajoso, forte e guerreiro, consumido pelos espíritos de lealdade e disciplina. Estiveram presentes no Japão por 760 anos, ocupando uma importante posição social enquanto existiu o governo militar Shogunato. Foram extintos a partir de 1868 com o resgate do poder do imperador num processo conhecido como Restauração Meiji, mas deixou um legado que continua ativo até os dias de hoje. Sempre reconhecidos na literatura e no cinema oriental e ocidental, os samurais serviram de inspiração para grandes clássicos como Os 47 Ronins e Os Sete Samurais, de Kurosowa, além do mais recente O Último Samurai, com Tom Cruise impressionado com o código de honra dos antigos guerreiros. Mas, não foi só o personagem do pai da Suri que ficou fascinado por essa valiosa bagagem oriental, também há vários seguidores espalhados pelo país, muitos atraídos pela exibição do filme Yoroi: Zumbi Samurai, que esteve por dois momentos em destaque no Festival Internacional de Cinema Fantástico de São Paulo.

Com as salas sempre lotadas, o filme do ator/diretor Tak Sakaguchi conseguiu divertir o público com suas homenagens ao estilo oriental de fazer cinema e ao gênero fantástico por meio de uma divertida história de vingança sobrenatural repleta de referências e efeitos especiais exagerados. E ainda traz uma mensagem sobre o destino e as consequências que regem a vida ao apresentar logo na cena inicial um homem caminhando por um lugar sombrio e nebuloso, traçando sua opinião sobre o assunto como se fosse o apresentador de um Globo Repórter. Sua caminhada termina quando sua cabeça é arrancada violentamente de seu corpo, fazendo o filme retornar horas antes desse mesmo dia, com uma família feliz em sua viagem de carro. Entre brincadeiras e canções, os quatro alegres familiares fazem o ato típico de seis em dez filmes de terror: atropelam um desconhecido na estrada – uma cena repetida três vezes, sobre ângulos diferentes, nas primeiras características do estilo nipônico de fazer cinema.

Depois do atropelamento, a vítima se levanta e aponta um revólver para o carro, mas acaba sendo alvejado diversas vezes por um rapaz que espreitava a cena. Antes que o pai pudesse fugir dali, surge uma garota com seu cabelo colorido e sua arma brilhante, comparsa do novo assassino. Sequestrados, a família – composta de um casal, um filho pequeno (da família dos Toshio, de O Grito) e uma adolescente – se vê obrigada a conduzir os marginais pela estrada empoeirada, sem saber as reais intenções dos inimigos. Quando o veículo invade uma área restrita, o GPS e os celulares são manchados de vermelho sangue, numa excelente ideia do roteirista e criador da aventura, Ryûhei Kitamura (de O Último Trem e No One Lives).

Em mais um momento tradicional do estilo, os pneus do carro estouram no local desértico, e o pai é obrigado a seguir até uma vila próxima em busca de ajuda, enquanto os bandidos ficam com a família como refém. Apesar da promessa feita ao filho (olha o destino surgindo na história!), o pobre pai acaba se degolando (!!!) quando chega a uma espécie de cemitério, com 8 lanças. Seu sangue desperta uma criatura terrena com sua roupagem de samurai e sua espada daishô, sedenta por sangue e cabeças. Logo, o Mal irá cruzar o caminho do restante da família, da dupla de marginais e de dois policiais que fazem ronda na região, enfrentando-os em duelos sangrentos e desiguais. E ainda haverá o retorno do rapaz atropelado e alvejado na estrada para complicar os confrontos. Curiosamente, ele não será um zumbi, e, sim, uma espécie de homem imortal, cada vez mais biruta a cada encontro com o grupo.

Consciente de estar produzindo uma auto-paródia, Tak Sakaguchi entrega um filme visualmente encantador, mas com muito sangue e mutilações, e referências ao cinema tradicional japonês (zoom, repetições de cenas, exageros e câmera lenta). Aliás, é fácil enxergar os extremos da cultura nipônica nas cenas de luta e degola dos personagens – que tem a cabeça arremessada a distância, numa explosão de um vulcão de sangue pelo pescoço da vítima. Num dos momentos mais divertidos, há o encontro de um braço e uma cabeça decepados com o sol como pano de fundo, remetendo de imediato a uma promessa feita no passado pelo personagem-vítima.

De uma forma dinâmica e interessante, o diretor apresenta sua história de maldição sobrenatural gerada num momento de raiva (lembra de The Grudge?), enquanto não poupa o espectador de cenas violentas e sangrentas. Se tem algum pecado, deve-se à algumas atuações caricaturais, mas não estraga o resultado final, pessimista em sua tristeza pontual.

Yoroi: Zumbi Samurai merece uma conferida pelos amantes da arte oriental e pelo público em geral que procura uma diversão sem compromisso. Vale uma conferida, de preferência duas vezes.

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