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Doutor Estranho
Original:Doctor Strange
Ano:2016•País:EUA
Direção:Scott Derrickson
Roteiro:Scott Derrickson; Jon Spaihts; C. Robert Cargill
Produção:Kevin Feige
Elenco:Benedict Cumberbach; Tilda Swinton; Mads Mikkelsen; Chiwetel Ejiofor; Scott Adkins

Doutor Estranho é o mais novo super-herói a compor o universo Marvel, além de ser o sexto filme do gênero lançado em 2016. Já não há qualquer dúvida de que os superpoderosos oriundos dos quadrinhos compõem um gênero cinematográfico próprio, recheado com elementos fantásticos e de ficção científica. Até então, os experimentos laboratoriais e os aparatos tecnológicos impulsionavam o surgimento desses seres, mas aqui temos um herói nascido do misticismo e da magia enraizada no oriente. O longa conta com direção de Scott Derrickson, que se junta a vários outros cineastas provenientes do gênero horror, dentro do universo Marvel, como por exemplo James Gunn (Guardiões da Galáxia) e Jon Watts (Homem Aranha – De Volta ao Lar).

O mago supremo Stephen Strange é um personagem relativamente obscuro, ainda que de importância imensa no universo dos quadrinhos. Com exceção dos leitores mais ávidos, a grande maioria provavelmente nunca havia ouvido falar do mesmo, muito menos conhecia sua origem, daí a necessidade de um filme que o apresentasse para o mundo. Infelizmente, a rotina de filmes de origem surpreende pouco, por se ater sempre as mesmas questões.

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O extraordinário Benedict Cumberbatch encarna o médico-cirurgião renomado Stephen Strange, figurão reconhecido tanto por seu intelecto genial quanto por seu ego que alcança os céus – uma espécie de Tony Stark da medicina. Após um acidente de carro, ele tem as duas mãos destruídas e torna-se incapaz de exercer sua vocação e, quando não consegue mais encontrar uma cura, apela para a medicina oriental e seus milagres. Em uma viagem ao Nepal, depara-se com uma realidade que ultrapassa os limites do entendimento humano, e lá, acaba por descobrir que não há ciência alguma que seja suficiente para a compreensão do universo.

O prólogo já fisga o espectador com algumas sequências visuais de cair da cadeira. Prédios se dobram e se retorcem com os poderes mágicos da Anciã, interpretada por Tilda Swinton, deixando Christopher Nolan com inveja. A Anciã combate magistralmente as forças de Kaecelius, em outra performance marcante de Mads Mikkelsen, nosso queridíssimo Hannibal Lecter. A excitação proporcionada pelo uso de magia é apenas uma amostragem do que o filme guarda para a posteridade.

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O primeiro arco do longa, que compreende a apresentação e a queda de Strange, sofre com um ritmo apressado. O pós-cirurgia e o desespero que o levam a procurar a medicina oriental é quase uma sequência de montagem, sem alcançar a devida profundidade no drama do personagem. O humor, tão característico dos filmes da Marvel aparece mais uma vez, sem qualquer sintonia com o universo em questão. Quando ele finalmente entra em contato com a Anciã e começa seu treinamento com Mordo (Chiwetel Ejiofor), o ritmo torna-se ainda mais apressado e ele salta de um médico cético para um mestre absoluto da magia. Vale dizer que a inteligência e propensão dele para o crescimento intelectual são frequentemente reforçados, mas a falta de ritmo ainda se faz presente. A demanda por inserir muita informação é um dos responsáveis por isso, mas o próprio diretor também carrega sua parcela de responsabilidade. Em seu melhor, Derrickson pode ser considerado um diretor decente e nada mais.

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Quando atravessa a barreira da realidade e entrega-se a psicodelia e as viagens astrais, o filme se transforma por completo. Diferente do visual tecnológico e corporal dos filmes de super-herói, Doutor Estranho entrega-se ao plano astral, trazendo elementos diversos relacionados ao misticismo e correntes mais espiritualistas e também toda a carga alucinógena dos quadrinhos. Se Derrickson peca no ritmo, se destaca na composição visual que parece reproduzir quadros inteiros dos quadrinhos. É difícil imaginar um outro filme que seja tão lisérgico quanto este, pelo menos no universo do cinema mainstream. A complexidade de elementos intelectuais e espirituais que compõem o longa seria o suficiente para elevar o filme ao patamar das grandes obras do gênero. Apesar disso, há uma necessidade constante de voltar à realidade por meio de piadas e exposição, numa clara tentativa de amenizar as viagens para o grande público, tornando-o assim, de fácil digestão. É aí que reside o maior pecado de Doutor Estranho, subestimar o espectador.

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Mais uma vez, os vilões parecem subaproveitados, já que a intenção é apenas introduzi-los em um universo já estabelecido. Apesar disso, o peso do elenco faz toda a diferença e, mesmo com pouco tempo de tela, Mads, Chiwetel, Tilda e, claro, Cumberbatch, entregam personagem convincentes e interessantes, que serão todos muito bem-vindos em uma possível sequência ou em outros filmes da Marvel.

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A introdução de Estranho no Universo Cinemático Marvel pode não ter sido a mais brilhante, mas impressiona e diverte em igual medida. De acordo com a primeira cena pós-créditos, que – SPOILER – mostra o Doutor conversando com ninguém mais, ninguém menos que o deus do trovão, indica uma possível participação do mesmo em Thor – Ragnarok, que será lançado em 2017. Será uma oportunidade fantástica de vê-lo em ação ao lado de Thor e Hulk.

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4 Comentários

  1. Segundo o próprio Stephen King o final que Darabont criou no filme é melhor do que do livro. E vamos falar a verdade Darabont é o que mais acerta nas adaptações dos livros do King.

  2. Avatar photo

    Mais um filme formulístico e genérico da Marvel que desperdiça o potencial de um baita personagem e seu universo riquíssimo!

    Divertido, com um visual deslumbrante e o melhor casting de filme da Marvel até agora, mas raso e muito aquém do que poderia ter sido.

    1. Sábias palavras Rodrigo, sai com a impressão que poderia ser bem melhor.
      A marvel tem que repensar urgentemente pq sua formula vai já está se tornando cansativa.

      1. O problema não é a Marvel, mas sim a Disney que comprou a Editora e com isso faz o que deseja com os personagens.

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