Legado nos Ossos (2019)

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Legado nos Ossos
Original:Legado en los huesos
Ano:2020•País:Espanha, Alemanha
Direção:Fernando González Molina
Roteiro:Luiso Berdejo, Dolores Redondo
Produção:Mercedes Gamero, Adrián Guerra, Peter Nadermann, Núria Valls
Elenco:Marta Etura, Nene, Leonardo Sbaraglia, Francesc Orella, Imanol Arias, Benn Northover, Itziar Aizpuru,Patricia López Arnaiz, Alicia Sánchez

Amaia Salazar (Marta Etura) retorna à sua cidade-natal Baztán para mais um intrigante mistério em Legado nos Ossos (Legado en los huesos), adaptação do segundo livro de Dolores Redondo. Depois de sobreviver aos ataques do serial killerBasajaún” em O Guardião Invisível, a inspetora, nos últimos dias de gravidez, durante um audiência, descobre o corpo do réu suicida e um bilhete endereçado a ela com a palavra “Tartalo“. No mesmo instante, ela entra em estado de parto anunciando o almejado nascimento de seu filho Ibai com o americano James (Benn Northover). Quatro meses depois, ela, de volta pós licença-gravidez, é acionada para investigar o aparecimento de ossos de bebês em igrejas, além de novos suicídios com o termo escrito em sangue.

Ela volta, então, a Baztán para reencontrar a família, e, ao investigar a relação entre os suicidas e os ossos, percebe que há uma conexão com o seu próprio passado, um segredo que sua insana mãe Rosario (Susi Sánchez) parece ter guardado muito bem. Além do retorno do elenco do primeiro filme, como a tia das cartas de tarô Engrasi (Itziar Aizpuru), do parceiro de Amaia, Jonan (interpretado por Carlos Librado ou Nene), da irmã Flora (Elvira Mínguez ) e do conselheiro distante Aloisius (Colin McFarlane), Legado nos Ossos traz novos personagens como o Padre Sarasola (Imanol Arias), com sua missão de descobrir a origem do Mal, e o flertador Juiz Javier Markina (Leonardo Sbaraglia), que demonstra um grande interesse pela inspetora.

É claro que o mais interessante dessa franquia não é a descoberta da identidade do principal vilão, mas os elementos sobrenaturais presentes. Se no primeiro existia o tal “guardião” – e que também tem sua importância neste -, Legado nos Ossos, por sua vez, trata-se da bruxaria, antecipado no interessante prólogo. Sacrifícios a uma entidade, um coven antigo em busca de prosperação e conspirações dão o tom macabro desta segunda produção, que, inicialmente, mantém um clima seco, com fotografia azulada para, conforme a intensidade dos acontecimentos, passar para um acinzentado temporal, com inundação e momentos de desespero e uma leve claustrofobia.

A fascinante Marta Etura faz realmente a diferença com sua graça e simplicidade, atraindo facilmente olhares de compaixão, ainda mais no último e angustiante ato. Mas, todo o restante do elenco se sai bem, principalmente Susi Sánchez e sua aterrorizante Rosario, contando o apoio da direção segura e inteligente de Fernando González Molina. O roteiro ficou a cargo mais uma vez de Luiso Berdejo, de [Rec], trazendo uma boa trama, com boas reviravoltas e muita informação – é impossível você se distrair alguns segundos com o celular ou se ausentar da sala, sem perder algo importante. E a mescla entre elementos de thriller de investigação e uma seita torna Legado nos Ossos superior ao primeiro filme.

Todos os mistérios parecem conduzir ao desfecho da trilogia, com Oferenda à Tempestade, disponível três meses depois no catálogo da Netflix. Como será o retorno da personagem à região maldita, onde outrora foi o domínio de bruxas e entidades?

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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