Mau-Olhado
Original:Evil Eye
Ano:2020•País:EUA Direção:Elan Dassani, Rajeev Dassani Roteiro:Madhuri Shekar Produção:Nina Aujla, Ian Watermeier Elenco:Sarita Choudhury, Sunita Mani, Bernard White, Omar Maskati, Anjali Bhimani, Rachel Cora Wood, Lena Clark, Satya Nikhil Polisetti |
Noturno
Original:Nocturne
Ano:2020•País:EUA Direção:Zu Quirke Roteiro:Zu Quirke Produção:Jason Blum, Jeremy Gold, Marci Wiseman Elenco:Sydney Sweeney, Madison Iseman, Jacques Colimon, Ivan Shaw, Julie Benz, Rodney To, JoNell Kennedy, John Rothman, Brandon Keener |
A parceria entre a Blumhouse Pictures e a Amazon Prime está permitindo que produções inéditas, mas sem potencial para a tela grande, encontrem espaço no sistema de streaming. O projeto, intitulado Welcome to the Blumhouse, prevê inicialmente oito filmes disponibilizados para os assinantes da plataforma, sendo que quatro já se encontram disponíveis. Além do curioso Caixa Preta, de Emmanuel Osei-Kuffour, e do thriller dramático Mentira Incondicional, de Marcus Seibert e Sebastian Ko, as pedidas envolvem também o terror Mau Olhado, de Elan Dassani e Rajeev Dassani, e Noturno, de Zu Quirke. Esses dois últimos partem para dois extremos em termos de qualidade: enquanto o primeiro parece uma produção bollywoodiana das mais fracas, o outro é simplesmente a melhor opção dentre todos os oferecidos nessa leva inicial.
Sobrevivente de um relacionamento abusivo, Usha (Sarita Choudhury, de A Dama na Água, 2006) é uma mãe extremamente supersticiosa, que vive incomodando a filha Pallavi (Sunita Mani) para que se case antes do trinta anos. Quando ela finalmente escolhe um parceiro em um encontro por acaso, a mãe começa a suspeitar que Sandeep (Omar Maskati) possa ser a reencarnação de seu abusivo ex, uma vez que o episódio que culminou com a morte do rapaz possa ter a maldição de um “mau olhado“, tradicionalmente considerado um receptor de energias negativas. Enquanto busca provas e tenta recomendar que a filha não se case com o pretendente agressivo, a jovem parece cada vez mais envolvida e disposta a aceitar presentes caros e a oferta de casamento.
Até chegar ao clímax, que possa dar à produção um caráter de thriller leve, Mau Olhado evolui como uma novela, dividido entre melodramas desnecessários, o conflito de Usha com o marido e a filha, além de cenas de romance. Nem mesmo a sequência final, quando há o embate entre os personagens principais, empolga, com uma resolução artificial e pouco interessante. Se há boas atuações, principalmente da experiente Sarita Choudhury, não sobra mais nada para ver além de excessivos flashbacks da cena da ponte, visões, pesadelos e a investigação de Usha. Não serve nem mesmo para passar o tempo ou distrair a família. Sem dúvida, o pior filme dentre os oito dessa parceria.
Por outro lado, Noturno faz valer uma conferida na apresentação do único longa realmente de horror do pacote. No enredo, Juliet (Sydney Sweeney, de Era Uma Vez Em… Hollywood, 2019) gostaria de estar no lugar da irmã Vivian (Madison Iseman, dos novos Jumanji). Além de ser mais popular e ter amigos e um namorado, Vivian é uma artista mais competente no piano. Ambas cresceram com o dom da música e são admiradas pela capacidade musical, mas Juliet não quer ser apenas uma coadjuvante. Participando de uma competição que trará à vencedora a chance de se apresentar com uma orquestra, a invejosa resolve escolher o mesmo repertório, numa tentativa de provar a si mesmo que é capaz de disputar de igual para igual.
Sem o mesmo domínio da técnica, Juliet encontra as partituras perdidas de Moira (Ji Eun Hwang), uma jovem que se suicidou há pouco tempo e que teria feito um pacto com o demônio para obter sucesso. Tudo depende das ações as quais terá que inevitavelmente se submeter para alcançar um posto similar, decifrando os desenhos satânicos e compreendendo os rituais que o material traz. Ela só precisa entender que o caminho pode envolver a eliminação de concorrentes e a própria destruição física e psicológica.
Muito bem realizado, com boas direção e atuações, Noturno brinda os fãs de horror com uma história com elementos que passam do sublime ao aterrorizante – e por fim retornam ao sublime -, à medida em que a protagonista começa a se perder em seus propósitos. Cada passo a transforma numa pessoa fria e individualista, não medindo seus esforços para conquistar tudo o que a irmã teve, num ritmo que acompanha a trilha e remete a outras produções artísticas como Suspiria. Tudo culmina em uma sensacional cena final, daquelas que marcam a produção e a personagem, permitindo também a satisfação dos infernautas por acompanhar uma obra que merecia uma atenção maior.
Embora esse último filme tenha feito jus aos propósitos da produtora, é inevitável perceber que Welcome to the Blumhouse soou apenas mediano. Com um filme excelente (Noturno), dois bons (Caixa Preta e Medo Incondicional) e um pavoroso (Mau Olhado), fica a sensação de que o projeto precisaria estudar melhor seus roteiros para que mantenha um equilíbrio entre qualidade e produção. Mas esses são apenas os primeiros cômodos da Blumhouse. Vamos aguardar pelos próximos quatro filmes para saber que avaliação daremos ao montante.
Gostei de “Noturno”, não é inovador, mas mesmo assim consegue ser diferente em alguns aspectos e se manter eficiente. Mas merecia uma crítica individual, não gostei desse formato,
Não estava muito entusiasmado com essa antologia da Blumhouse, mas fui conferir Nocturne depois de ler a crítica de vocês. E que filmão soberbo! Pra mim, um dos melhores de terror de 2020. Infelizmente não está recebendo a atenção que merece.