Fuja
Original:Run
Ano:2020•País:EUA, Canadá Direção:Aneesh Chaganty Roteiro:Aneesh Chaganty, Sev Ohanian Produção:Sev Ohanian, Natalie Qasabian Elenco:Sarah Paulson, Kiera Allen, Sara Sohn, Pat Healy, Erik Athavale, BJ Harrison, Sharon Bajer, Onalee Ames, Ernie Foort, Bradley Sawatzky |
Quando o escritor Paul Sheldon (James Caan) ficou à mercê e sob a pressão psicológica de uma fã (Kathy Bates), tendo seu pesadelo ampliado em uma das cenas mais tensas de Louca Obsessão (Misery, 1990), o espectador se sentiu como ele, enclausurado e sem perspectiva de saída. Essa sensação de impotência e fragilidade percorre o gênero com muitos representantes, e ainda é apenas um retrato de uma realidade bastante atual e assustadora (basta ver o que aconteceu com Madalena Gordiano, ou, em escala mais violenta, com Sylvia Marie Likens). Entra para essa lista de horror claustrofóbico cinematográfico o sensacional longa Run, de Aneesh Chaganty (de Buscando…, 2018), um dos destaques de 2020, com uma grandiosa atuação de Sarah Paulson.
O filme abre com Diane (Paulson) no momento em que seu bebê luta para sobreviver a um parto prematuro, além da definição de dicionário de cinco doenças que irão acometer a jovem de 17 anos Chloe (Kiera Allen): arritmia, hemocromatose, asma, diabetes e paralisia. Anos mais tarde, ela se mostra contrária ao pensamento de outras mães sobre a filha um dia cursar uma faculdade, em um receio que traz um certo estranhamento do grupo, enquanto a rotina de Chloe deixa evidente as dificuldades que envolvem a locomoção, os remédios em excesso e diversas crises, em um espiral de vômitos e falta de ar. Provavelmente, a preocupação de Diane se deve ao fato da garota não estar preparada para enfrentar um mundo cheio de preconceitos e julgamentos. Ou seria outra razão?
Diane parece ter controle sobre o que acontece em sua casa. Não permite acessos a internet, é a primeira a receber as correspondências (com o anseio de Chloe pela aprovação em uma faculdade), e evita ao máximo que a filha tenha contatos com o mundo exterior. Contudo, algumas coisas começam a intrigar a jovem, como um medicamento que traz no rótulo o nome da mãe e não dela, como se ela estivesse tomando algo que não tivesse sido indicado para uma de suas enfermidades. Assim, sem a opção de pesquisa virtual, a jovem age com inteligência para alcançar as respostas que procura, e, a cada descoberta, ela começa a perceber que talvez não conheça tão bem sua mãe como imaginava.
É interessante como Run desenvolve o suspense de maneira criativa. Em um dos momentos mais tensos, a jovem está numa tentativa de contato com uma farmácia, passando por aquelas irritantes burocracias de transferências de ligação, enquanto a mãe está do lado de fora, cuidando do jardim. Ela então tenta uma discagem aleatória para pedir ajuda a um estranho, mas precisa primeiro aconselhar a família sobre uma decisão antes de obter uma resposta. E a câmera ainda tortura o espectador ao simplesmente esconder a mãe do campo de visão: será que ela entrou na casa, será que está vindo? Em outro momento, sem a mobilidade das pernas, Chloe precisa se aventurar pelos telhados da casa, prevendo possíveis obstáculos que possam surgir pelo caminho.
Mesmo o rosto de Sarah Paulson sendo bastante visado pelas participações na série American Horror Story, além dos filmes Vidro e Caixa de Pássaros, a versatilidade da atriz impressiona. Paulson transforma sua Diane em um monstro, como aquela mãe que dava veneno para a filha em um dos comoventes e assustadores trechos de O Sexto Sentido. Deixa transparecer seu domínio sobre todas as ações, como se ela fosse capaz de prever as atitudes da filha para estar sempre um passo adiante. No terceiro ato, seu caráter é definitivamente exposto, deixando evidências do que ela seria capaz de fazer para manter o controle sobre tudo. A novata Kiera Allen também apresenta uma atuação intensa e coerente ao fortalecer sua personagem pelo uso das tecnologias e da razão. Não são as dificuldades de sua condição que irão torná-la frágil e passiva.
Operando com um suspense de morder a sola do sapato, Run é uma das boas alternativas para uma sessão de cinema, funcionando como reflexão sobre clausura e cuidado. Corra para ver!
Galera, esse filme é uma bosta.
Todas as evidencias do que a mae fez guardadas no porão onde, inclusive, ela esconde a filha. hahahaha
típica bosta da netflix. Previsivel do inicio ao fim
Ótimo suspense, Sarah Paulson também está ótima. Consegue deixar o espectador tenso em cada situação em que Chloe está tentando descobrir algo às escondidas ou em fuga. Mas tem também cenas pouco plausíveis considerando-se a condição física da protagonista, e que você acabará relevando (com a cara torta), já que é um bom filme.
Achei desnecessária a sequência final, uma tentativa forçada de uma nova reviravolta na trama. Talvez em outra época funcionasse melhor, não precisava.