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Twelve Minutes
Original:Twelve Minutes
Ano:2021•País:EUA
Desenvolvedora:Luis Antonio •Distribuidora: Annapurna Interactive

Personagens presos em loops temporais é praticamente um subgênero do cinema. A fórmula de uma pessoa presa num período específico de tempo e precisando descobrir como sair desse pesadelo pode ser usada em diversos segmentos, da comédia ao terror, com inúmeros exemplos como o clássico Feitiço do Tempo, a ação desenfreada de No Limite do Amanhã e o hilário A Morte Te Dá Parabéns. Mas um fato curioso é que essa fórmula não é exatamente bem usada em jogos. Até Twelve Minutes vir para mudar isso.

Desenvolvido pela Annapurna Interactive, diretamente da mente do português Luís António, Twelve Minutes pode ser considerado um loop thriller, ao nos colocar no meio da história de um casal que passa de uma noite romântica com boas e importantes notícias, para um verdadeiro pesadelo quando um autoproclamado policial força entrada no apartamento do casal, acusa a mulher de homicídio e, num acesso de descontrole, ela assassina o marido… para que ele acorde em seguida 12 minutos antes da própria morte, transformando toda essa terrível noite num ciclo que precisa ser quebrado de alguma forma.

Com o jogo visto por cima e um visual mais básico sem muito realismo gráfico, porém bastante funcional, Twelve Minutes pode até parecer simples, mas a verdade é que os três únicos ambientes do jogo escondem um grande número de possibilidades que vão se multiplicando a cada loop.

Da amada esposa que diz ter feito uma sobremesa especial para uma noite especial, nosso protagonista cai numa espiral de insanidade procurando maneiras de fazer com que aquele policial não o mate. Assim, descobrir cada pedaço do estranho quebra cabeça de Twelve Minutes gera uma satisfação pessoal incrível, seja por meio de respostas vindas a cada novo diálogo aberto, seja por saber como usar o ambiente e seus pequenos elementos ao seu favor.

Mas se o jogo capricha nessas sensações em seu começo, as coisas desandam um pouco lá pelo meio. De fato, as controversas e inúmeras escolhas possíveis esbarram em altos níveis de moralidade. Você pode optar por violência e grosseria desenfreada junto a sua esposa, por exemplo, em uma série de ações que nem fazem o jogo andar e são apenas gratuitas. Mas a coisa fica mais questionável quando, em uma ação realmente necessária para avançar, fica obrigatório realizar uma atitude pouco aceitável com sua esposa.

E mesmo aceitando e passando por cima de tudo isso, os momentos finais e marcantes do jogo não entregam o mesmo nível de satisfação de suas primeiras descobertas, principalmente por elas ficarem nada intuitivas. Você provavelmente se verá perdido num labirinto, achando que já testou todas as saídas possíveis, até entender que na verdade a saída estava lá o tempo todo. Ela só não fazia muito sentido mesmo.

E por causa disso, reiniciar tantos ciclos do meio para o fim pode ficar simplesmente frustrante.

Ainda assim, tudo em Twelve Minutes se aproveita. Canecas, remédios, tubos de ventilação, uma faca, o celular… tudo tem algum uso e envolve algum momento chave do jogo. Você só precisará saber como encaixá-los.

A história também te prende até o final. E, claro, a menção ao time de peso dos atores na atuação não pode ficar de fora. James McAvoy, Daisy Ridley e Willem Dafoe dão um verdadeiro espetáculo de interpretação ao emprestar suas vozes, compensando simplesmente toda ausência de expressões faciais em seus personagens e transpassando absurdamente bem todas as emoções dos momentos.

Parecendo simples, mas escondendo camadas absurdamente profundas em um drama difícil de digerir a medida que se desenrola, Twelve Minutes pode não ser uma obra perfeita mesmo dentro daquilo que se propõe, mas é capaz de nos prender, nos tirar fortes emoções e, principalmente, uma interessante proposta de formato para games que definitivamente não deve mais ser ignorada.

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