Zombie - A Volta dos Mortos
Original:Zumbi 2
Ano:1979•País:Itália Direção:Lucio Fulci Roteiro:Elisa Briganti Produção:Ugo Tucci, Fabrizio De Angelis Elenco:Tisa Farrow, Ian McCulloch, Richard Johnson, Al Cliver, Auretta Gay, Stefania D'Amario, Olga Karlatos, Nick Alexander, Ugo Bologna, Ramón Bravo, Omero Capanna, Giannetto De Rossi, Alberto Dell'Acqua, Lucio Fulci |
Quando Lucio Fulci é pauta em uma roda de conversa, a primeira menção à sua filmografia se faz ao clássico Zombie (Zombi 2, 1979). O “padrinho do gore” se envolveu em gêneros diversos e concebeu obras como Pavor na Cidade dos Zumbis (1980), Terror nas Trevas (1981), A Casa do Cemitério (1981), O Estripador de Nova York (1982), Manhattan Baby (1982), Enigma do Pesadelo (1987), Zombi 3 (1988), entre outras, mas são exatamente seus zumbis, fugidos de Despertar dos Mortos (1978), a principal referência dentre seus trabalhos. Não que o filme seja um primor, capaz de enfrentar de igual para igual as criações de George A. Romero, e, sim, pelas suas cenas antológicas.
Com um baixo orçamento, estimado em 410 milhões de liras italianas, Zombie se beneficiou das leis italianas que permitiam que fossem produzidas continuações bastardas, sem o envolvimento dos realizadores do original. Desse modo, após o sucesso de Despertar dos Mortos, um roteiro, escrito por Elisa Briganti e com o apoio de Dardano Sacchetti, foi considerado como um projeto a ser feito às pressas pelo produtor Fabrizio De Angelis, antes que Romero pensasse em lançar uma nova continuação. Com a recusa de Enzo G. Castellari de assumir o comando, pela falta de intimidade com o gênero, Fulci parecia o nome certo, principalmente após O Segredo do Bosque dos Sonhos (1972) e Premonição (1977). Só esqueceram de dizer a ele sobre as pretensões picaretas…
Sacchetti convenceu o cineasta com o roteiro, na época intitulado Nightmare Island, e que seria uma versão de terror de A Ilha do Dr.Moreau – depois a ideia foi muito melhor trabalhada em Zombie Holocaust ao misturar zumbis e canibais, sob a influência de um cientista louco. Na metade do ano de 1979, o longa foi rodado com cenas na Itália e nos EUA, com fotografia de Sergio Salvati, e edição de Vincenzo Tomassi. Um mês depois das filmagens concluídas, em 25 de agosto de 1979, Zombie foi lançado na Itália, conquistando na bilheteria valores superiores aos investidos. Como um vírus, ele se espalharia em estreias pelo mundo com títulos diversos – Sanguella, The Island of the Living Dead, Zombie Flesh Eaters, Zombie, Zombie: The Dead Walk Among Us, Gli Ultimi Zombi, Woodoo, L’Enfer de Zumbis, Zombie 2: The Dead Are Among Us -, e, ao mesmo tempo que traria elogios pela realização eficiente, também colocaria a produção na galeria das famigeradas “video nasties” (pela cena dos olhos varados), com proibições e cortes, o combustível para atrair olhares e fãs.
Para muitas pessoas, é a obra máxima de zumbis comedores de carne humana, como apontou Phelim O’Neill, pelo The Guardian, em 2012; há também os que o mencionam em listas dos dez maiores filmes do subgênero. É um exagero, para falar a verdade. Embora tenha sua significativa importância e sequências muito bem realizadas – a do tubarão, por exemplo, é um dos momentos mais criativos da filmografia de horror italiana, tendo sido rodada por Ugo Tucci, sem a aprovação de Fulci -, Zombie está bem abaixo dos três primeiros filmes da saga de zumbis de George A. Romero, superado também por Terra dos Mortos. Há violência, boa caracterização dos mortos-vivos e um enredo até agradável, sem esconder suas falhas técnicas.
Zombie começa com a investigação sobre um veleiro abandonado às margens de Nova York, próximo de Staten Island, permitindo que as Torres Gêmeas sejam constantemente vistas ao fundo. Dois patrulheiros interceptam a embarcação, sendo que um deles é atacado por um zumbi grandalhão a bordo, que lhe rasga a garganta e depois é baleado pelo sargento antes de cair nas águas. Na cena seguinte, o jornalista britânico Peter West (Ian McCulloch, de Zombie Holocaust) é convocado por seu chefe para fazer uma matéria no local, enquanto Anne Bowles (Tisa Farrow, de O Antropófago), filha do proprietário do barco, é interrogada sobre o paradeiro de seu pai (Ugo Bologna, não creditado). Ambos se encontram mais tarde no barco em busca de informações e são obrigados a fingir um encontro amoroso para fugir da fiscalização, em um raro momento cômico da produção.
Peter descobre uma carta, escrita pelo pai de Anne, que diz estar sofrendo de uma doença, durante suas pesquisas na ilha Matul, no Caribe. Os dois viajam a São Thomas e depois pegam carona de barco com um casal americano, Susan Barrett (Auretta Gay) e Brian Hull (Al Cliver, de Terror nas Trevas), em um cruzeiro de pesca e mar. Antes de aceitar a proposta de passar pela ilha, Brian diz que o local é considerado amaldiçoado pelos nativos e que não irá ignorar as superstições.
Na ilha, o médico David Menard (Richard Johnson, de Desafio ao Além) e sua esposa Paola (Olga Karlatos) procuram contato com o mundo exterior – pelo menos, é o que ele diz pra ela -, enquanto investigam um fenômeno local envolvendo a reanimação de cadáveres, com relação a rituais de vodu. De volta ao barco, Susan faz um mergulho, sem notar a aproximação de um tubarão-tigre. Assim, acontece a uma das cenas antológicas da produção e que hoje poderia ser apontada como um crossover de subgêneros. A garota é atacada por um zumbi submerso, e este acaba tendo um embate muito bem filmado com o tubarão, em um dos episódios mais comentados quando se fala em Zombie.
Enquanto os casais chegam à ilha, o Dr. Menard é avisado por Lucas (Dakar, também de Zombie Holocaust) sobre rituais de vodu e a fuga de nativos. Mais tarde, sua esposa é obrigada a enfrentar um zumbi em sua casa, com Lucio Fulci mostrando sua boa técnica para comandar um momento de suspense e morte. Paola, com seus belíssimos olhos claros, é puxada pelo zumbi para uma lasca de madeira e tem o olho rasgado – é facilmente perceptível a troca da atriz por um boneco, assim como não se entende porque ela não fecha os olhos com a ameaça ao seu globo ocular, mas deve-se enaltecer a boa ideia do cineasta, iniciando seu fetiche pelas “janelas da alma“. Esta e cena do tubarão são dois dos momentos mais interessantes do cinema italiano do período, episódios sempre lembrados pelos fãs do gênero.
Com mais pessoas morrendo da doença local, logo mais zumbis irão aparecer, lentamente, erguendo-se da terra úmida, do cemitério e do hospital. Durante um beijo improvável entre Anne e um ferido Peter, um morto-vivo irá puxar seus cabelos, ao passo que outro irá ferir ainda mais a perna do rapaz. Brian irá ajudar o casal, deixando Susan sozinha para testemunhar a aparição do zumbi que ilustra a capa do filme, com um dos olhos cheios de vermes, em mais um trabalho de maquiagem de Giannetto De Rossi, que fez Fulci apelidar os figurantes de “vasos de flores ambulantes“.
Zombie é realmente um filme divertido de zumbis. Fulci basicamente resgata o tom claustrofóbico de A Noite dos Mortos-Vivos e coloca seus personagem em uma situação praticamente sem escapatória, pré-apocalíptica. A mescla entre zumbis comedores de carne humana e religiosidade funciona bem, assim como o pessimismo exposto em cores frias, mesmo com a sangreira de costume do cineasta. Justifica o sucesso em suas estreias, que impulsionou a realização das fracas continuações, Zombi 3, de Bruno Mattei e Claudio Fragasso, assim como Zombie 4, comandado por este último. Produção sempre lembrada pelos fãs do gênero e daqueles que simplesmente resolvem listar os momentos gore do cinema, Zombie ainda se mantém interessante após anos de uma conferida inicial, uma obra que mostra o quanto Fulci sabia como ousar e impressionar seu público.
“Um monte de bosta!”
Papacu sobre este filme
“Com um baixo orçamento, estimado em 410 milhões de liras italianas….”
Início da critica deste filme sobre o valor gasto nesta merda de filme
“Ou seja, um pastel com caldo de cana”
Economista convertendo para hoje o valor desta produção de merda
“…Fulci parecia o nome certo, principalmente após O Segredo do Bosque dos Sonhos (1972) e Premonição (1977). Só esqueceram de dizer a ele sobre as pretensões picaretas…”
Trecho da crítica dando a entender que o diretor italiano de merda nunca fez um filme picareta
“Me engana que gosto!!”
Joe D’amato, o pai dos picaretas do cinema italiano sobre a observação acima
e um Filmaçoaço do Metre fulci.
Boa dica de filme, vou assistir hoje de noite.
Mas, se me permitem dar uma sugestão, acho que vocês poderiam falar também sobre filmes um pouco mais recentes no SexTerror. Nada contra os clássicos, pelo contrário, mas seria interessante falar TAMBÉM sobre filmes feitos da década de 2000 pra cá. O século XXI, apesar de ter começado a relativamente pouco tempo, também tem filmes violentos e sangrentos que podem ser explorados nesse quadro.
Alguns exemplos são Martyrs (2008), Cannibal (filme do Marian Dora, feito em 2006, sobre o canibal do Rottemburg), Serbian Film (2010), Kill List (2011), A Fonteira (2007), O Albergue (2005), entre outros.
Oi, Fola! Com exceção de Cannibals, os filmes que vc citou já têm crítica no site 🙂
Apesar do filme possuir uma ótima maquiagem, trilha sonora e gore principalmente, não consigo gostar muito desse filme pois eu o achei muito parado (e olha que a minha tolerância para filmes parados é bem alta pois gosto de A Bruxa e O Farol por exemplo). Talvez numa segunda assistida eu acabe curtindo mais, sei lá.