A Volta dos Mortos Vivos 2 (1988)

4.9
(13)

A Volta dos Mortos Vivos 2
Original:Return of the Living Dead: Part II
Ano:1988•País:EUA
Direção:Ken Wiederhorn
Roteiro:Ken Wiederhorn
Produção:Tom Fox
Elenco:James Karen, Thom Mathews, Michael Kenworthy, Thor Van Lingen, Jason Hogan, Suzanne Snyder, Marsha Dietlein, Hanala Sagal, Jonathan Terry, Dana Ashbrook, Sally Smythe, Allan Trautman, Don Maxwell, Mitch Pileggi, Philip Bruns

Quando o Exército Americano perde mais um de seus tambores de gases tóxicos, mortos voltam à vida para proporcionar momentos de entretenimento. Lançado três anos após o primeiro, ainda fazendo parte do período cinematográfico conhecido como “Terrir” ao misturar elementos de horror com comédia e com a presença de adolescentes, A Volta dos Mortos Vivos 2 (Return of the Living Dead: Part II, 1988) teve direção e roteiro de Ken Wiederhorn, de Shock Waves (1977) e Olhos Assassinos (1981), procurando explorar seus zumbis resistentes em mais ambientações, basicamente seguindo a fórmula do original. O resultado, embora bastante inferior ao primeiro, principalmente por abraçar com mais intensidade a comédia, é interessante, com bons momentos de combate aos mortos-vivos.

Começa com a justificativa para o despertar deles: um caminhão militar carregando barris de Trioxina passa pelo declive de uma ponte, permitindo que um deles se solte e caia no rio. Dois adolescentes, os valentões Johnny (Jason Hogan) e Billy (Thor Van Lingen), promovendo a iniciação de um jovem a um grupo, prendem Jesse (Michael Kenworthy) em um mausoléu depois que encontram o barril perdido com a exposição de um zumbi em seu interior, liberando logo depois o gás tóxico e a criatura. Nesse ponto já poderia se desenvolver um filme completo, com um garoto tendo que encontrar meios de se proteger em um mausoléu com os mortos retornando à vida, mas, para sorte dele, três ladrões de túmulo – Ed (James Karen), Joey (Thom Mathews) e Brenda (Suzanne Snyder) – chegam ao local e o libertam.

Como no anterior, o gás chega à atmosfera e uma chuva ácida cai sobre o cemitério trazendo os mortos à vida. Enquanto Ed e Joey são afetados pelo produto tóxico, como aconteceu com ambos no primeiro filme em outros papéis, Jesse tenta se esquivar da irmã Lucy (Marsha Dietlein) sobre a obrigatoriedade de fazer as atividades escolares, mas é sempre impedido pela garota, mais preocupada com a presença do rapaz que conserta a TV a cabo, Tom (Dana Ashbrook). Jesse procura Billy em sua casa e o encontra bastante doente pelo contato com a Trioxina e, ao retornar para o local onde estava o barril, se depara com um zumbi grotesco (Allan Trautman, que também esteve no primeiro), caracterizado pelo andar malemolente e sua fala cavernosa: “Brains“.

A invasão de zumbis coloca a cidade de Westvale em quarentena, com o Exército fechando as saídas, mas sem cogitar uma destruição completa, como aconteceu no final do anterior. Aliás, com a exceção do retornos de alguns membros do elenco, A Volta dos Mortos Vivos 2 não é bem uma continuação. É como se fosse uma nova história envolvendo “os comedores de cérebro” no ataque a uma nova cidade, com a repetição de situações como a relação entre Ed e Brenda numa paridade com Freddy e Tina; ou a própria doença mortal que acomete tanto ele quanto Joey, permitindo a fala divertida de Ed sobre já ter vivenciado tudo aquilo. Há também o retorno do Coronel Glover (Jonathan Terry), sem conexão direta com os acontecimentos anteriores. De acordo com as curiosidades que envolvem a produção, Don Calfa, que fez o médico nazista Ernie no primeiro, não quis retornar e foi substituído por Philip Bruns, atuando como o hilário Doutor Mandel.

E é o médico que proporciona os melhores diálogos e cenas engraçadas da produção, como no momento em que examina um moribundo Joey e ao ser questionado se aquilo poderia ser câncer, ele dispara: “Se tivermos sorte!“. Ou quando eles entram em contato com o hospital e um zumbi atende chamando-os para o local – como no primeiro, com a clássica: “Send more paramedics” -, e o médico pergunta quem é presidente dos EUA, recebendo a resposta: “Harry Truman“. Mandel também participa de boas gags como a mão decepada do zumbi no carro ou quando questiona sobre o uso de seu veículo mesmo tendo mortos-vivos se aproximando: “Vocês deviam usar um carro-fúnebre“.

Correndo pela cidade, entre residências e estabelecimentos, A Volta dos Mortos Vivos 2 possui um enredo bem dinâmico e distante do teor claustrofóbico do primeiro. Novamente faz uso de maquiagens protéticas, cabeças em animatronic e muito sangue falso, sem os péssimos recursos digitais que assombrariam o gênero posteriormente. Mesmo não tendo Linnea Quigley no elenco, os demais tiveram uma boa química, levando a sério suas participações na produção, mesmo nas cenas mais engraçadas como a do carro – imagino o quanto deve ter sido difícil filmar essa sequência entre inúmeras pausas para dar risadas. E o longa ainda fez uma brincadeira com o astro da música pop Michael Jackson ao mostrar um zumbi caracterizado como no clássico clipe “Thriller“.

Contando com elenco mais jovem e promovendo situações inusitadas – como a perseguição insistente de Billy a Jesse -, além de apostar em uma ideia que poderia finalmente eliminar os mortos, o longa, que custou pouco mais de U$6 milhões de dólares, teve um faturamento bruto mundial de U$9,2 milhões, o que se pode considerar um fracasso. Ainda assim, permitiu a inspiração para um terceiro filme, bastante diferente, lançado em 1993, sem contar outras duas continuações ruins, feitas em 2005. Só então os mortos comedores de cérebros puderam finalmente descansar, sem que outro barril de Trioxina possa ser novamente encontrado por aí.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

8 thoughts on “A Volta dos Mortos Vivos 2 (1988)

  • 04/02/2024 em 22:55
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    Pra mim um dos melhores filmes de terror trash dos anos 80 junto com o massacre da serra elétrica 2,foram os filmes que mais locava na vídeo locadora aqui do bairro!! Esse dos mortos vivos passava muito no sbt então deixava o vídeo cassete pronto pra gravar e poder assistir sempre quisesse!! Eita tempo bom;agente não tinha tanta tecnologia,mas a magia acontecia!!

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  • 05/05/2023 em 17:11
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    Não sou muito saudosista não, mas puta merda, esses filmes me deixam com uma saudade da tv aberta dos anos 90. O primeiro eu vi na Band, o segundo no SBT e o terceiro na Globo. Hoje parece algo impossível imaginar a Globo passando um filme desse nas sessões de filmes dela, mas antigamente era normal. E não só com A Volta dos Mortos Vivos, mas também Sexta-Feira 13, Halloween, A Hora do Pesadelo.

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  • 05/05/2023 em 02:21
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    Simplesmente adoro esse filme. Tem comédia sim, mas dava medo em certos momentos.

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  • 05/05/2023 em 00:13
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    Mano, de onde tiraram que o Ernie é um médico nazista?

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      05/05/2023 em 13:06
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      Bom dia, Adriano!

      Há várias sugestões no filme. Ele tem um foto de Eva Braun no local, por exemplo, e até faz uma expressão de estranhamento quando descobre que os mortos podem sentir dor. Mas a maior evidência está nos comentários do DVD do filme, onde o diretor, Dan O’Bannon, disse que construiu o personagem como um fugitivo nazista.

      Abs

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  • 04/05/2023 em 14:39
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    Conheci esse clássico já nos anos 2000 quando o SBT exibiu 1 festival de Terror no finado “Cine Belas Artes”, foi como voltar lá p/tardes dos anos 90 na TV aberta. Hj tenho em DVD e como muitos clássicos aqui continua bom como vinho. Referência honrosa ao Michael Jackson no seu “thriller”, talvez o único a homenagear a explosão zumbi oitentista.

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  • 02/05/2023 em 08:27
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    Classicaço. E eu tinha eu puta medo desses zumbis pela maquiagem e o fato de serem inteligentes e rápidos, a sequência no bairro dos protagonistas me deixava num baita cagaço.

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