Swallowed
Original:Swallowed
Ano:2022•País:EUA Direção:Carter Smith Roteiro:Carter Smith Produção:Helio Campos, Noah Lang, Ross O'Connor, Carter Smith Elenco:Cooper Koch, Jena Malone, Mark Patton, Jose Colon, Roe Pacheco, Michael Shawn Curtis, Thee Suburbia |
Benjamin (Cooper Koch) e Dom (Jose Colon) são jovens amigos que já iniciam a trama de Swallowed num tom de despedida, afinal Benjamin irá para Los Angeles tentar a vida na indústria pornográfica gay, onde ele imagina que terá o seu ápice. Em meio a bebidas e olhares que indicam que entre os dois rola uma tensão romântica, Dom propõe ao amigo uma chance de conseguir dinheiro fácil e rápido para que ele inicie seus novos caminhos com uma reserva de emergência. Nesse caso o trabalho brilhante é o de transporte de uma droga desconhecida por um trecho não muito longo. O que Dom não sabia é que o modo de transporte dessa droga é pelo meio oral. A traficante Alice (Jena Malone) obriga os nossos dois protagonistas a engolir vários pacotinhos dessa droga desconhecida sob ameaça de morte para posteriormente recuperar a encomenda de modo nada agradável.
Tudo piora ainda mais quando os jovens param em um posto de descanso abandonado para entregar a droga e acabam se envolvendo em uma briga com um homofóbico violento que acaba dando um soco no estômago de Dom, liberando a droga misteriosa em seu organismo. Quais serão os efeitos dessa droga? Há riscos de uma overdose? Como os traficantes receberão a notícia da droga perdida? Todas essas perguntas serão respondidas de forma breve, num filme rápido, incômodo e muito corporal.
Tenho que dizer que sou um fã incontestável do livro As Ruínas, de Scott Smith, e do filme homônimo dirigido por Carter Smith em 2008 baseado na mesma trama. Não consegui encontrar informações sobre um possível parentesco entre o autor e o diretor, mas posso dizer que ambos sabem trabalhar o incômodo vertiginoso em suas descrições. Sabe aquele arrepio causado por cenas onde algo se aproxima do olho de algum personagem? Ou as clássicas cenas de unhas se quebrando que fazem com que se ouça um silvo entredentes do telespectador? É a isso que me refiro quando digo que esse filme, assim como o longa de 2008, é extremamente corporal, ele provoca reações ao ser visto e isso é um ponto muito positivo.
O filme é rápido e pode inclusive ser alvo de críticas por muitos furos de roteiro, alguns até de lógica, entretanto sua base, que é o de incomodar seu público, está lá, intacta.
As atuações da dupla de protagonistas podem ser divididas entre dois tons, o da caricatura desenhada em Benjamin como um símbolo sexual que não dá muita margem para desenvolvimento, e Dom, que representa o sofrimento e a dor que é o ápice do filme. Ambos atuam muito bem, porém com pouco material disponível. Isso já não é o mesmo que diria de Alice, a traficante que é o fio condutor da trama e que nunca transmite perigo e parece ter sido escalada de última hora, com suas falas soando destoantes. O traficante chefe, Rich, é interpretado por Mark Patton, muito lembrado pelo filme A Hora do Pesadelo 2, e aqui o ator tem um retorno fraco, em um personagem muito caricato, afetado e muito instável. Funciona pelo elemento surpresa, afinal não se pode antecipar quais serão as suas próximas ações, mas acaba por ser apenas uma figura dimensional, não existente no mundo real.
O terceiro ato conta o que é essa droga, e aí se insere um elemento ficcional bobo e desnecessário, afinal, mesmo uma droga conhecida e comum estourando dentro de alguém vivo causaria um estrago, mas nesse caso esse elemento surpresa é colocado para justificar efeitos físicos também desnecessários. Outra coisa que o diretor cisma em trazer como evidência é um homoerotismo descolado da realidade, que não funcionaria naquele contexto de tensão emergencial proposto pelo próprio roteiro.
Gostei demais, me senti incomodado em várias cenas, mas poderia ter sido algo muito mais chocante se trabalhado com seriedade.
Vou ter que discordar do “homoerotismo descolado da realidade”. O erotismo que vemos neste filme também aparece em outros do mesmo tipo, a diferença é que dessa vez o público alvo não é o público majoritário (hétero), então esse público estranha um erotismo que não é para ele.