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Obsessão Macabra
Original:The Premature Burial
Ano:1962•País:EUA
Direção:Roger Corman
Roteiro:Edgar Allan Poe, Ray Russell, Charles Beaumont
Produção:Roger Corman, Samuel Z. Arkoff
Elenco:Ray Milland, Hazel Court, Richard Ney, Heather Angel, Alan Napier, John Dierkes, Dick Miller

Ser enterrado vivo é, fora de qualquer dúvida, o mais terrífico daqueles extremos que já couberam por sorte aos simples mortais” (Edgar Allan Poe, no conto “Premature Burial”). Pode-se dizer que é pior até do que a morte. Se após o último suspiro, o corpo entra no estado de “descanso eterno”, uma forma amena de preparar as pessoas para o fim da vida, imagina o terror que deve ser quando ainda há um sopro de sua existência, expelido tardiamente! O cheiro da terra úmida, a pressão sobre os pulmões, a escuridão plena e a imobilidade são o que melhor representam o inferno. Em seu clássico conto, Poe traz pequenos relatos de acontecimentos que a personagem julga como reais sobre pessoas que “voltaram dos mortos” ou despertaram de seu estado de letargia. Ao final, ele conta a sua própria aventura macabra e como ela o ajudou a se curar de seu maior medo.

Com base nesse texto curto, o cineasta Roger Corman, em sua fase Poe, fez uma adaptação curiosa a partir do roteiro de Charles Beaumont (de O Castelo Assombrado, 1963, e Orgia da Morte, 1965) com a parceria de Ray Russell (de A Máscara do Horror, 1961). Como seria difícil transformar o conto em um longa-metragem, a opção melhor foi desenvolver uma trama de conspiração, assassinato e vingança a partir do tema-base: medo de ser enterrado vivo. Sem contar com Vincent Price (a única adaptação de Poe a cargo de Corman sem o lendário ator), por conta do filme inicialmente ter se desenvolvido por outra empresa e não a AIP, Corman agiu corretamente ao escolher o charmoso Ray Milland (de Disque M para Matar, 1954) para viver o protagonista.

Milland é Guy Carrell, um homem rico, envolvido com a belíssima Emily Gault (Hazel Court, de O Corvo, 1963), que sofre de tafofobia. Sua fobia, oriunda de um episódio na infância ocorrido na noite do enterro do pai, volta a assombrá-lo depois que ele testemunha a abertura do caixão de um conhecido e descobre que a pessoa fora enterrada vida, devido a arranhaduras na madeira e a posição do esqueleto.

Aterrorizado por essa possibilidade, ele deixa a mulher sob os cuidados do amigo Miles Archer (Richard Ney) e do sogro Dr. Gideon Gault (Alan Napier) e passa a encontrar meios de tentar aliviar sua catalepsia, como a de criar um ambiente ideal para ser sepultado com conforto e segurança. Para piorar seu estado, ele passa a ser perseguido por dois ladrões de túmulos, Sweeney (John Dierkes) e Mole (Dick Miller, parceiro frequente de Joe Dante), e é desacreditado pela irmã Kate (Heather Angel).

É claro que tudo vai além de um simples temor, existindo por trás pessoas interessadas em tirar proveito dessa sua condição. Logo, Guy terá que confrontar seu maior medo, e terá a oportunidade de buscar uma vingança, quase além-túmulo.

Com uma narrativa curta e alguns momentos que atiçam o sofrimento do protagonista, Obsessão Macabra tem um enredo bem dinâmico, com boas reviravoltas e uma cena onírica bem interessante, com filtros e géis coloridos que contribuem para o efeito de pesadelo. As atuações, principalmente de Milland, o amargurado e ingênuo herói, são muito boas e convincentes, num retrato depressivo bem ao estilo do escritor.

Uma adaptação gótica cheia de acertos, capaz de fazê-lo respirar com mais cuidado em lugares fechados.

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