A Piscina (2018)

4.6
(10)

A Piscina
Original:The Pool
Ano:2018•País:Tailândia
Direção:Ping Lumpraploeng
Roteiro:Ping Lumpraploeng
Produção:
Elenco:Theeradej Wongpuapan, Ratnamon Ratchiratham

Quando você estiver com problemas em sua vida, achar que tudo está complicado, lembre-se de Day (Theeradej Wongpuapan), protagonista azarado do thriller tailandês A Piscina (The Pool, 2018), de Ping Lumpraploeng. Em um survival horror de erros, o rapaz consegue colocar-se numa situação constrangedora, numa espécie de prova de resistência de um reality show, precisando encontrar uma saída de seu inferno pessoal. Trabalha como Set Designer de um filme que está realizando um dia de gravação numa gigantesca piscina, com 6 metros de profundidade, explorando até mesmo seu cãozinho, ironicamente chamado Lucky, em uma das cenas. Após o término das filmagens, toda a equipe vai embora, e seu amigo Mayom prende o cachorro e liga a bomba para puxar a água, enquanto Day tira um cochilo em colchão flutuante, sendo avisado pelo rapaz sobre o processo de drenagem jogando uma fita adesiva nele – um elemento que, obviamente, terá sua importância futuramente.

Day acorda depois de um tempo, com á agua bastante baixa, impedindo seu alcance à margem. Ele até está com chances de escalar a parede para sair dali, mas Lucky precisa de ajuda na outra extremidade. Várias pequenas situações deixam um fio de esperança para sua sobrevida, mas são impedidos por algum episódio de azar. Por exemplo, ele tenta cobrir a saída de água pelo ralo com uma toalha, exatamente no momento que um entregador de pizza aparece por ali, e, ao perceber a oportunidade de pedir ajuda, seu cordão se prende ao fundo; em outro momento, ele novamente cochila no colchão, sem perceber a aproximação de sua namorada Koy (Ratnamon Ratchiratham), disposta a dar um mergulho. Ele até acorda antes dela saltar, mas só piora ainda mais com seu alerta.

Como não há nada tão ruim que não possa piorar, como diz uma das Leis de Murphy, um jornal mostrado no começo trazia o informe sobre o desaparecimento de um crocodilo. Ganha um doce se você descobrir onde o animal irá aparecer! Diferente de filmes como Predadores Assassinos (Crawl, 2019) em que os bichos vivem com fome, o roteiro aqui, também de Lumpraploeng, faz um trabalho mais coerente ao mostrar como seria mesmo a reação de um réptil no local, dormindo com a boca escancarada e atacando quando se sente ameaçado ou com fome – até porque não teria como desenvolver o enredo de um longa se o ataque fosse constante. Day agora precisa achar um meio de sair dali, proteger a namorada ferida e ainda lidar com um incômodo crocodilo, tudo com o patrocínio de seus infortúnios constantes.

Disponível no Prime, A Piscina diverte pela condição proposta. Com um protagonista comum, sem falso heroísmo até pelo modo como lidou com uma evolução de seu relacionamento e o fato de ele precisar de uma insulina que – pasmem! – está em uma das beiradas, o longa permite o roer das unhas do espectador – não de todas do rapaz -, tendo bons efeitos especiais (até pelo uso real de um crocodilo em cena) e um enredo dinâmico, ambientado inteiramente em um mesmo local, com poucos personagens. Envolto em cenas angustiantes e dolorosas, seja no corpo pendurado no arame farpado ou ao encarar as dentadas do predador, o inferno aqui é profundo e estimulante.

Uma produção independente e muito bem realizada, A Piscina precisa ser descoberta por você. Entre inúmeros filmes com “homens vs. natureza“, dinossauros e tubarões gigantes, a proposta de A Piscina é realmente fazer o espectador se enxergar naquele local, atormentado pela claustrofobia e pelas responsabilidades, como a de impedir que você ou sua namorada sejam o prato principal de um crocodilo à espreita.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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