Caçando Múmias no Egito
Original:Abbott and Costello Meet the Mummy
Ano:1955•País:EUA Direção:Charles Lamont Roteiro:John Grant, Lee Loeb Produção:Howard Christie Elenco:Bud Abbott, Lou Costello, Marie Windsor, Michael Ansara, Dan Seymour, Richard Deacon, Kurt Katch, Mel Welles |
Abott: “Ela? Não, Lou. Essa múmia é um ele. O que há de errado nisso? Algumas múmias são homens, algumas múmias são mulheres.”
Costello: “Um país tão estranho.”
Abbott: “O que há de estranho nisso, Lou?
Costello: “Sua múmia. Ela não era uma mulher?”
Abbott: “Eu nunca tive uma múmia.”
Costello: “O que seu pai fez? Ganhou você em um jogo de porcaria?”(Costello confundindo “múmia” com “mamãe”)
A dupla de humoristas Bud Abbott e Lou Costello sempre teve encontros fantásticos com monstros da Universal Pictures. Depois que os atrapalhados atores estiveram juntos em algumas produções com elementos sutis de horror, como Segure o Fantasma (Hold That Ghost,1941) e Fantasmas Endiabrados (The Time of Their Lives, 1946), eles finalmente enfrentariam lendas do horror em Abbott & Costello Encontram Frankenstein (Bud Abbott Lou Costello Meet Frankenstein, 1948), também intitulado Às Voltas com Fantasmas, com a participação de Bela Lugosi e Lon Chaney Jr., e Budd Abbott & Lou Costello e o Homem Invisível (Bud Abbott and Lou Costello Meet the Invisible Man, 1951), além de Abbott e Costello Enfrentando o Médico e o Monstro (Abbott and Costello Meet Dr. Jekyll and Mr. Hyde, 1953) e Caçando Múmias no Egito (Abbott and Costello Meet the Mummy, 1955).
Este último marcou o fim oficial da parceria da dupla com a Universal Pictures, voltando a aparecer somente na compilação The World of Abbott and Costello, lançada em 1965. Faltava realmente um confronto com a múmia, mas desta vez nenhum grande nome do gênero assumiu os trapos – Eddie Parker foi dublê de Lon Chaney Jr. nos últimos filmes da franquia, A Tumba da Múmia, A Sombra da Múmia e A Praga da Múmia – e nem o apoio do mestre da maquiagem Jack P. Pierce. Assim, a própria configuração da criatura ficou mais simples, menos assustadora, deixando realmente a impressão de uma “roupa vestida” pelo elenco, incluindo a máscara. Também não importa: quem rouba o show são os dois protagonistas, com suas trapalhadas e inocência diante de ameaças sobrenaturais.
Abbott e Costello estão no Cairo, Egito, sem dinheiro para voltar aos EUA – nos créditos, eles são denominados Pete Patterson e Freddie Franklin, embora nunca usem esses nomes e chamem um ao outro pelos verdadeiros. Durante um momento no Café Bagdá, enquanto assistem a uma apresentação de dança e humor, Abbott escuta uma declaração do egiptólogo Dr. Gustav Zoomer (Kurt Katch) à imprensa sobre estar em posse da múmia Klaris – não é mais a Kharis dos filmes anteriores – e que o sarcófago possui instruções da localização do túmulo da Princesa Ara. E ele também diz que precisará de dois ajudantes para levar a múmia para os Estados Unidos, uma oportunidade gratuita para o retorno da dupla. Além de Lou, a informação também chega aos seguidores de Klaris, liderados por Semu (Richard Deacon, de Os Pássaros e Piranha), que querem a preservação do sarcófago e a devolução de Klaris ao seu devido lugar, e a rica empresária Madame Rontru (Marie Windsor, de O Dia em que Marte Invadiu a Terra e Os Vampiros de Salem), interessada no tesouro envolvido na exploração.
Dr. Zoomer é assassinado por dois asseclas de Semu, Iben (Mel Welles) e Hetsut (Richard Karlan), pouco tempo antes da chegada de Bud e Lou para se candidatarem como ajudantes. A partir daí uma série de confusões envolvem os dois rapazes, com o corpo do morto, a múmia e os assassinos, sendo vista apenas por Lou, sempre o mais atrapalhado em situações de humor físico. Enquanto a múmia é resgatada pelos seguidores, Bud e Lou encontram um medalhão sagrado, novamente sendo perseguidos por todos, incluindo a polícia local, até culminar em novos confrontos e momentos hilários no deserto, na pirâmide, suas passagens secretas, contra um morcego e um dragão-de-komodo.
O mais divertido nesses filmes de Abbott e Costello é que, na verdade, apenas Lou é o mais atrapalhado, caindo sobre buracos e passagens, enquanto seu parceiro parece ser mais consciente, embora também tenha ideias estúpidas. Os demais personagens são sérios, como os que querem assassiná-los, ou possuem seus próprios interesses. Assim, o filme é repleto de gags divertidas, como a da flauta e a cobra desperta no cesto, e o momento em que Abbott e um comparsa de Rontru sem vestem como múmias, trazendo confusões e correrias ao estilo Scooby Doo, por ambientes com esqueletos e tumbas. É claro que é preciso um gosto por esse tipo de comédia, com diálogos atrapalhados (a confusão da palavra “mummy“, podendo ser “múmia” ou “mamãe“) e sequências de humor pastelão.
Inferior ao encontro com Frankenstein, até mesmo pela ausência de atores lendários, Caçando Múmias no Egito, dirigido por Charles Lamont (de outros filmes da dupla, como Bud Abbott e Lou Costello no Planeta Marte, 1953), a partir de um roteiro escrito por John Grant e Lee Loe, segue a linha das produções ingênuas de Bud Abbott e Lou Costello, podendo divertir quem busca uma comédia simples, sem exageros, mas que traria material para humoristas modernos, confeccionado o estilo de fazer rir com monstros e personagens bobos.