A Praga da Múmia (1944)

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A Praga da Múmia
Original:The Mummy's Curse
Ano:1944•País:EUA
Direção:Leslie Goodwins
Roteiro:Bernard Schubert, Bernard Schubert, Dwight V. Babcock, Oliver Drake, Ted Richmond
Produção:
Elenco:Lon Chaney Jr., Peter Coe, Virginia Christine, Kay Harding, Dennis Moore, Martin Kosleck, Kurt Katch, Addison Richards, Holmes Herbert, Charles Stevens, William Farnum

A múmia está viva e ela está dançando com o diabo. (Goobie)

Na última cena de A Sombra da Múmia (The Mummy’s Ghost, 1944), no que seria o final ideal para a franquia, Kharis (Lon Chaney Jr.) carrega o corpo de Amina (Ramsay Ames), possuída por Ananka, por um pântano, enquanto ela vai aos poucos se deteriorando, tornando-se uma múmia seca. Ambos desaparecem nas águas para desespero de Tom (Robert Lowery) e outros que puderam testemunhar um dos momentos mais macabros do cinema monocromático da Universal Pictures. Infelizmente, houve o interesse de uma continuidade e no mesmo ano foi produzido o pior exemplar da série, A Praga da Múmia (The Mummy’s Curse, 1944), destoando gritantemente das produções anteriores.

Umas das amostras dessa diferença está no clima bem humorado do começo, tendo inclusive a apresentação musical de Tante Berthe (Ann Codee) em seu bar para os funcionários de uma companhia de engenharia, encarregados de drenar o pântano, enquanto ouvem lendas sobre desaparecimentos no local, desde a imersão de Kharis e Ananka, 25 anos antes. Se os eventos de A Tumba da Múmia se passam 30 anos depois de A Mão da Múmia, ambientada em 1940, e e A Sombra da Múmia, 2 anos após, então este último deveria ser em 1997, ainda que não existam justificativas futuristas para esse avanço de décadas. Assim como não se explica como o pântano, localizado em Mapleton, Massachusetts, conseguiu migrar para a Louisiana.

A chegada de dois funcionários do Museu Scripps, Dr. James Halsey (Dennis Moore) e Dr. Ilzor Zandaab (Peter Coe), em busca das múmias desaparecidas – por que esperaram 25 anos para irem atrás? – agitam o escritório do Major Pat Walsh (Addison Richards), ainda mais quando um assassinato é noticiado. Zandaab, na verdade, é um Sumo Sacerdote de Arkam e cometeu o crime assim que Kharis fora descoberto, levando a Múmia para as ruínas de um mosteiro, com a ajuda do discípulo Ragheb (Martin Kosleck). Ao explicar mais uma vez o processo de despertar de Kharis e sua movimentação com as folhas de Tana, Zandaab faz um resumão dos acontecimentos anteriores, em um flashback que traz cenas até mesmo do clássico A Múmia (The Mummy, 1932).

É como se eu fosse duas pessoas diferentes. Às vezes parece que pertenço a um mundo diferente. Eu me encontro em um ambiente estranho com pessoas estranhas. Não consigo encontrar descanso! E agora Kharis! (Princesa Ananka)

No entanto, não é apenas Kharis que está de volta. A princesa Ananka (na interpretação de Virginia Christine) tem seu corpo descoberto por uma escavadeira no pântano, erguendo toscamente em características mumificadas até a restauração de seu corpo. Ela é encontrada desmemoriada por um caipira local, Cajun Joe (Kurt Katch), e levada até o bar de Berthe, onde Kharis posteriormente aparece para assassinar a dona e criar uma confusão em Ananka, que opta por fugir de seu antigo amado. Apesar de demonstrar conhecimento pelo Egito Antigo, Ananka não quer aceitar sua condição até o momento clássico em que a criatura carrega seu corpo, levando-a até o mosteiro, onde ocorrerá todo o conflito final. De acordo com relatos da atriz Virginia Christine, Lon Chaney Jr. estava completamente bêbado durante as filmagens, sendo muitas vezes substituído por um dublê. A cena em que ele a carrega pelos degraus do mosteiro a fez tremer de medo dos dois caírem juntos.

Foi a última vez que o ator interpretou a Múmia Kharis, novamente sob a boa maquiagem do especialista Jack P. Pierce, e é uma pena que tenha sido em um enredo tão problemático e confuso, a cargo de Bernard Schubert, a partir de um argumento de Leon Abrams e Dwight V. Babcock, para a direção de Leslie Goodwins, sem especialidade com o gênero. O longa traz menos mortes que os anteriores, e uma Múmia mais urbana, distante dos desertos, cemitérios, florestas e pântanos, sem o mesmo impacto. Feito às pressas, com personagens desgastados, furos no roteiro e cronologicamente equivocado, A Praga da Múmia é o deslize que enterrou a franquia nos pântanos escuros da Universal. Depois, a criatura teria um longo descanso até reaparecer na comédia Caçando Múmias no Egito (Abbott and Costello Meet the Mummy, 1955), com Kharis sendo interpretado por Eddie Parker.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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