3.4
(9)

A Colheita Maldita
Original:Children of the Corn
Ano:2009•País:EUA
Direção:Donald P. Borchers
Roteiro:Donald P. Borchers, Stephen King
Produção:Donald P. Borchers
Elenco:Robert Gerdisch, Jordan Schmidt, David Anders, Kandyse McClure, Remington Jennings, Daniel Newman, Preston Bailey, Austin Dreher, Dominic Plue, Jake White, Zita Vass, Ryan Bertroche

Aquele que anda por detrás das histórias assustadoras“, Stephen King, não imaginava que seu pequeno conto fosse se tornar a maior franquia adaptada de seus trabalhos. Na verdade, não foram exatamente adaptações, mas filmes que exploravam o argumento básico de um culto de crianças no milharal e o nome do autor, marca registrada do Horror Contemporâneo. “As Crianças do Milharal” renderam doze produções, desde a independente Discípulos do Corvo, lançado em 1983, passando por – anote aí – Colheita Maldita, de 1984; Colheita Maldita 2: O Sacrifício Final (1992); Colheita Maldita 3 (1995); Colheita Maldita 4 (1996); Colheita Maldita 5: Campos do Terror (1998); Colheita Maldita 666: Isaac Está de Volta (1999); Colheita Maldita 7: A Revelação (2001); Colheita Maldita: Gênesis (2011); e Colheita Maldita: Os Fugitivos (2018), não lançado no Brasil. Além dessas “continuações” e do filme independente, foi feita esta nova adaptação, com o título A Colheita Maldita, em 2009, e um prelúdio, Children of the Corn, em 2020. Diante desse universo abordando religiosidade e um demônio do milho, King disse, em 2016, que viveria muito bem se não houvesse nenhuma sequência do longa de 84.

E é curioso pensar que praticamente nenhum dos filmes se tornou realmente uma adaptação do texto original. Stephen King chegou a escrever o roteiro para o primeiro longa, mas acabou não sendo utilizado, embora tenha gostado do resultado final. Aí é que entra o cineasta Donald P. Borchers, produtor do filme de 84 e tantas outras produções, como Vamp (1986) e O Duende (1993). Sabendo do roteiro do escritor, ele resolveu utilizá-lo para lançar uma nova adaptação – não é um remake -, uma versão extremamente fiel ao conto e ao modo como King o enxergava numa tela grande. Assim, pode-se dizer que A Colheita Maldita (2009) é Stephen King em sua essência, o enredo como deveria ser, e você pode brincar de imaginar os diálogos e situações na pele de Linda Hamilton e Peter Horton. Uma brincadeira que felizmente não foi para as telas, pode-se dizer.

A linha narrativa principal você conhece: Vicky (Kandyse McClure) e Burt (David Anders) estão numa longa viagem de carro pela Costa Oeste com a finalidade de visitar o irmão e a cunhada de Vicky, e também resolver problemas do casamento. Brigam durante o percurso, com Vicky se mostrando uma personagem bem intragável, diferente de sua versão de 84; enquanto Burt dá pistas de sua experiência com a Guerra do Vietnã, principalmente no momento em que acidentalmente atropelam uma criança, atravessando a estrada, “Diga-me que foi um cão, Vicky.“, e ele nota o pescoço ferido do garoto, indicando que ele já estaria morto antes do carro bater nele. Recolhem o menino no porta-malas e partem para a cidade mais próxima, Gatlin, parando antes em um posto de serviços.

Ao investigar a mala do pequeno, ainda entre brigas e apontamento de responsabilidades, encontram entre meias e roupas de pastor, um crucifixo feito com palhas, associando o item ao que ouviram brevemente no rádio, com a voz de um garoto pregador. Ambientado em 75, depois que notam placas com frases separadas por palavras, logo eles percebem que a pequena cidade parou no tempo. Não há pessoas na rua, os calendários apontam para 63, mas escutam vozes de crianças. Burt resolve investigar uma igreja, onde se lê algo como “O Poder e a Graça Daquele que Anda por Detrás das Fileiras“, tomando a chave do carro e a reserva de Vicky para mais discussões, gritos e lágrimas, até ele deixá-la sozinha no local, tendo o veículo cercado por Malachai (Daniel Newman) e outras crianças, a serviço do pequeno Isaac (Preston Bailey).

Como se nota, o longa leva para as telas sequências e falas fidedignas ao texto original. Há um epílogo, na apresentação do garoto que comanda o grupo de crianças, que não está no livro e também se mostra desnecessário. Com maior parte da cenas à luz do dia, reverência ao “homem azul” como no texto e no longa original, essa nova versão se mostra bastante inferior tecnicamente. Desperdiça muito tempo em perseguições pelo milharal, flashbacks do Vietnã intensificando a loucura do personagem, algo que incomoda tanto quanto as constantes reclamações de Vicky, mas mantém o final pessimista do conto. Burt e Vicky, de 1984, pareciam um casal comum e não pessoas que fariam a diferença no local, como nas previsões da menina clarividente e seus desenhos. Esse elemento foi eliminado da nova versão, assim como toda a sequência de destruição da entidade, incendiando o milho.

Mesmo sendo fiel à obra e à visão de King, A Colheita Maldita é extremamente inferior ao filme de 84. Talvez funcionasse como uma história curta, parte de uma antologia feita para a TV. Como não há muito o que mostrar, o filme se arrasta em discussões, correrias e muito pouco da investigação da seita, sem os aspectos apocalípticos. É melhor, claro, que a maioria das continuações, mas longe de ser uma obra definitiva sobre “Aquele que Anda por Detrás das Fileiras“, tanto que nem sequer é mencionada por King como uma boa versão de seu texto original.

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