Se você gosta de filmes de terror, independente do tipo, você percebeu como a produção fílmica do gênero no século XXI foi marcada pela produção de remakes de obras do passado. A produção de refilmagens não é novidade no cinema e muito menos dentro do gênero terror. Mas o que chama a atenção neste período é a quantidade de obras que ganharam refilmagens.
Apenas para se ter uma ideia, o número de remakes lançados entre 2000 e 2010 foi de 76 filmes. Em termos de comparação, este número era em torno de 15 filmes por década nos anos 50, 60, 70, 80 e 90. O que motiva este alto número parece ser um interesse da indústria cinematográfica em modernizar obras do passado para serem consumidas por um público ávido por filmes exibidos em salas multiplex.
Independente dos resultados, o Boca do Inferno decidiu aproveitar seu aniversário de 15 anos para listar 15 remakes contemporâneos que fizeram o público e a crítica falarem. Seja de forma positiva ou negativa, estes 15 filmes foram bastante debatidos. Confira:
Viagem Maldita (2006). O remake de Quadrilha de Sádicos surgiu 30 anos depois que o original foi recebido como um dos filmes mais fortes do gênero. Idealizado pelo mestre Wes Craven, a trama original acompanha a família Carter que acaba sendo perseguida por uma família de mutantes canibais em uma região isolada dos EUA na qual testes nucleares costumavam ser realizados. A frase promocional do filme afirmava que eles (Os Carter) não queriam matar, mas também não queriam morrer. De forma brilhante, o roteiro apresentava o embate entre as duas famílias pela sobrevivência.
No remake, dirigido por Alexandre Aja, temos uma história bastante semelhante, porém Aja soube trazer o enredo para os dias atuais sem soar apenas como uma repetição e se saindo muito bem nas sequências de violência. Em outras palavras, Aja manteve a essência do original e conseguiu expandir a obra. Aqui temos um remake que não é apenas melhor, como muito melhor do que o original.
Sexta-feira 13 (2009). O original, de 1980, foi dirigido por Sean S. Cunnigham e virou uma das melhores formas de pensar em filmes de terror durante a década com praticamente uma sequência por ano. Além disso, o assassino Jason se tornou um ícone da cultura pop figurando ao lado de monstros sagrados do cinema como Drácula e Monstro de Frankenstein.
A refilmagem veio com o carimbo da Platinum Dunes, produtora de Michael Bay, e muito mais do que um remake da obra original, o novo filme trouxe uma interessante releitura dos primeiros títulos da série. Mas estamos falando de um filme produzido por Bay, ou seja, com mais mortes, mais movimentos de câmera, mais jumpscares, mais inserções sonoras e um Jason mais forte e anabolizado. Um novo remake está sendo produzido para 2017.
A Hora do Pesadelo (2010). Assim como Jason, o vilão Freddy Krueger também é a cara dos anos 80 e também ganhou uma refilmagem contemporânea. A trama original foi idealizada por Wes Craven e talvez Freddy tenha se tornado o mais emblemático vilão criado por ele. No filme, Freddy aparece nos pesadelos dos adolescentes da rua Elm e se o vilão os matar nos sonhos, os jovens morrem de verdade.
O texto de Craven trazia uma série de leituras sociais para a época com pais separados e jovens com problemas com suas famílias. No meio deste caos social surgia Freddy. Por exemplo, um dos pontos altos era acompanhar a degradação física e psicológica da mocinha Nancy. O remake deixou esta fórmula de lado para percorrer um caminho mais simples e gráfico. Funciona em uma tela grande de cinema, mas se perde entre tantos filmes genéricos.
Halloween (2007). Aqui temos uma verdadeira bomba cinematográfica. O original foi idealizado e dirigido pelo competentíssimo John Carpenter. A refilmagem caiu nas mãos do pseudo cineasta Rob Zombie, que decidiu jogar fora todos os elementos que deram certo no original e encher sua versão de gente sendo morta, palavrões e personagens mal concebidos.
Um dos pontos mais curiosos do original era a origem do mal do assassino Michael Myers, que matou a irmão quando tinha apenas seis anos. No remake, Zombie achou que deveria explicar isto e colocou Myers como uma criança que sofre bullying na escola e vem de um lar desfeito com uma mãe que dança em um clube masculino, um padrasto alcoólatra e uma irmã vagabunda. Pior do que este releitura é a parte 2, que também foi dirigida por Zombie e consegue ser pior do que esta parte 1.
Evil Dead (2013). Este remake foi bastante elogiado por críticos e poucos fãs reclamaram. Trata-se de uma interessante releitura da obra original idealizada por Sam Raimi em 1981 sobre um grupo de pessoas em uma cabana que acidentalmente libertam as forças do mal que vivem no bosque. O original foi marcado por muito gore, membros decepados e uma improvável cena (clássica) de uma mulher sendo estuprada por uma árvore.
Tudo isso está presente no remake, dirigido por Fede Alvarez, mas o alto orçamento parece ter atrapalhado um pouco a releitura de uma obra que sempre teve no orçamento limitado uma forma de identificação e valorização por boa parte dos fãs. Apesar do uso contido de CGI no remake, percebe-se este abismo em comparação com o original. Neste sentido, a obra de 2013 funciona, mas não é memorável.
Poltergeist – O Fenômeno (2015). Quando o remake foi lançado, o Boca do Inferno lançou uma crítica perguntando se este novo filme seria, como o original, um fenômeno. E a resposta logo foi negativa. A trama de 1982 se tornou uma das mais icônicas obras do gênero marcada por uma elegância narrativa fruto de uma combinação de fatores que incluíam o roteiro e produção de Steven Spielberg, o elenco competente, cenas de suspense mescladas com o drama da família Freeling, além da encantadora Heather O’Rouker no papel da pequena Carol Anne.
O remake perdeu muito com um roteiro fraco composto por uma família inexpressiva, personagens clichê e sustos fáceis. A elegância e a seriedade do original deram lugar a um show de efeitos especiais. Todos completamente desnecessários como a sequência que “mostra” o outro lado.
Carrie (2013). Primeiro livro do mestre Stephen King, Carrie foi adaptado para o cinema por Brian de Palma. A versão fílmica orquestrada por ele trazia uma jovem Sissy Spacek como uma garota frágil que sofria bullying de todos ao seu redor e morava com uma mãe louca. Carrie tinha poderes tele cinéticos e vai ser durante uma brincadeira de mal gosto no baile da escola que os poderes dela vão se mostrar destruidores.
O remake tem boa intenção e começa bem, mas se perde em não ser paciente. No original, toda a trama é apresentada de forma lenta de modo que vamos nos afeiçoando por Carrie ficando com pena e torcendo por ela até legitimarmos a sua vingança. No remake, Carrie é praticamente uma X-Men. Funciona, mas perde feio na comparação.
A Profecia (2006). Considerado um dos filmes mais emblemáticos do gênero, a obra original de 1976 é até hoje celebrada por críticos e fãs. A direção segura de Richard Donner, o elenco e a trilha sonora de Jerry Goldsmith geraram sequências inesquecíveis da saga do nascimento do AntiCristo.
O remake veio trinta anos depois e se mostrou um eficiente trabalho. Pode não ser melhor do que o original, mas a versão dirigida por John Moore se mostrou uma história segura ao mesmo tempo em que a trama foi bem trazida para os dias atuais. E de quebra, ainda tivemos Mia Farrow (de O Bebê de Rosemary) no papel da sinistra babá Baylock.
O Chamado (2002). Todo mundo pode falar mal desta versão norte-americana do filme japonês Ringu, mas a verdade é que se não fosse por causa do remake, muita gente não teria assistido ao original. E graças ao remake, também tivemos uma série de outras refilmagens de títulos made in Japan no que se tornou praticamente um novo ciclo do cinema de terror.
anto no original quanto no remake, a trama gira em torno de uma fita de vídeo maligna que “mata” quem a assistiu sete dias depois. A diferença está no ritmo. Em Ringu, tudo é lento para uma construção que culmina em um final inesquecível. No americano, temos muitos sustos e reviravoltas que acabam diminuindo impacto do final. Aqui temos a paciência japonesa VS a velocidade norte-americana.
O Grito (2004). Assim como O Chamado, O Grito também teve origem no Japão com o título de Ju On. Na trama, se uma pessoa morre com muita raiva em uma situação de injustiça, surge uma maldição no lugar onde a morte aconteceu. No japonês, a história é fragmentada e segue uma linha não-linear.
Uma curiosidade é que tanto a versão japonesa quanto a norte-americana foram dirigidas por Takashi Shimizu, que também dirigiu as respectivas partes 2. Na versão norte-americana, temos praticamente a mesma história, passada com uma personagem norte-americana que vai para o Japão. Porém, para o remake, Shimizu optou por uma forma linear de contar a história, o que acabou agradando mais a um público internacional.
Madrugada dos Mortos (2004). Aqui temos um divisor de água nos filmes com zumbis e um ótimo remake. O filme original, do mestre George Romero, continua uma referência em matéria de filmes com mortos-vivos, mas a versão de Zack Snyder trouxe sangue novo para o universo dos zumbis. Nas tramas, um grupo de humanos se protege do ataque de mortos-vivos em um shopping center.
Snyder deixa de lado a crítica ao consumismo do original e traz uma história contemporânea de zumbis que não apenas perseguem humanos, mas são verdadeiros maratonistas capazes de correr e pular em cima de suas vítimas. Claustrofóbico e sombrio, um bom exercício de medo estrelado por zumbis em pleno século XXI.
Dia dos Namorados Macabro (2009). Aqui temos um caso onde o original, de 1981, não era lá grande coisa funcionando apenas como mais um slasher de um assassino misterioso e mascarado perseguindo um bando de jovens abobalhados em uma cidade do interior.
E o remake segue basicamente a mesma receita do original, apenas com mais mortes, mais sangue, mais jumpscare, mais inserção sonora e um 3D mais decente.
Deixe-me Entrar (2010). Um dos melhores filmes de terror dos últimos anos veio da Suécia e logo ganhou uma versão norte-americana. A trama acompanha o que seria um romance adolescente entre um menino solitário e vítima de bullying e uma vampira.
O original é chocante e violento. O norte-americano, apesar de ser um remake quase idêntico, acaba sendo mais contido. Para quem não viu o sueco, a refilmagem se sai como um bom exemplar de filmes de vampiros.
Os Estranhos (2008). O original, Ils (Eles), vem da França e consegue manter um forte suspense acompanhando dois personagens, um casal, que precisam escapar de um grupo de invasores que entram na residência deles no meio da noite. A trama é sufocante e resta ao público acompanhar o desenrolar da história cada vez menos propícia a um final feliz.
A refilmagem foi estrelada por Liv Tyler, que ainda colhia a fama pela trilogia O Senhor dos Anéis. Sem muito a acrescentar, a versão norte-americana traz as tradicionais reviravoltas para tornar a história mais movimentada, mas acaba por enfraquecer o produto como um todo. Procure o francês.
A Hora do Espanto (2011). O original, de 1985, é considerado até hoje um dos filmes mais simpáticos e queridos dos anos 80. Um jovem (William Rasgdale) desconfia que seu vizinho (Chris Sarandon) é um vampiro e, para pedir ajuda, recorre a um ator decadente que fez no passado vários filmes de vampiros. Este último papel ficou com o ator Roddy McDowall, que até hoje é lembrado com carinho pelos fãs.
O remake segue a mesma lógica, mas o elenco é bem menos simpático e carismático. Assistir de forma comparativa os dois títulos deixa esta diferença ainda mais evidente e a escolha fica com o original.
o massacre da serra eletrica original de 1974 chega a ser pertubador, o remake de 2003 não
a hora do espanto original é insuperável , esse ramake é um mero meia boca..
Pra mim se tem um remake que supera o original chama-se “O massacre da serra elétrica(2003)” . Ótimo filme!!! Elevou a serie a outro patamar. Muito mais brutal e real que o original. Já o Sexta-feira 13 e o Evil Dead foram pessimos.
Só corrigindo uma coisa, A Coisa não é remake de Enigma de Outro Mundo, e sim um prequel…
Depois de ler essa matéria, confirmo ainda mais minha opinião sobre remakes: total falta de criatividade, principalmente quando pegam clássicos como Carrie, A Hora do espanto, Evil dead…Pior ainda quando os americanos fazem remakes de outros países.
Só um adendo, as versões americadas do Grito não seguem uma forma linear não. No primeiro, a história principal, com a Sarah Michelle Gellar é a última na cronologia do filme, assim como no segundo filme, a história de Chicago é a última na cronologia.
“Os Estranhos” não é refilmagem de “Eles”.
Não oficialmente, pelo menos.
Mas se fosse pra colocar filmes “similares”, a lista seria enorme. Só olhar os slashers genéricos oitentistas que “beberam na fonte” (maneira bonita de dizer que copiaram descaradamente) de “Sexta-Feira 13” e “Halloween”.
Já que o artigo é sobre refilmagem, o autor deveria corrigi-lo, já que “Os Estranhos” não é um remake de “Eles”.
Se fosse assim, “Cloverfield” seria um remake de “Godzilla”.
Os remakes de Carrie, Poltergeist, Hora do Pesadelo e Sexta Feira 13… Pode jogar tudo no lixo.
O Chamado, Evil Dead, Madrugada dos Mortos e O Massacre da Serra Eletrica foram os melhores. E eu gostei do remake de Halloween, to nem ai
infelizmente esse remakes mais erram do que acertam ,alguns ate são bons como ” A Vingança de Jennifer /Doce Vingança ” os dois são bons agora tem filmes que jamais eram para ter sido tocados ou refilmados com : Desaparecida ( O Silêncio no Lago esse é o remake americano que é fraco ) ,Poltergeist ,Sexta-Feira 13 ,A Hora do Pesadelo ,Deixe ela entrar ( Versão sueca ,que é sensacional ) ,Vampyres ,A Hora do Espanto ,A Morte convida para dançar , dentre outros Hollywood não aprende que tem filmes que são sagrados e não podem ser refilmados por qualquer um ,se querem refilmar , refilmem direito.. pior não estaremos livres desta praga que são os remakes maus escritos e dirigidos.
Como já disseram. Os Estranhos não tem nada a ver com Eles.
Eu ia escrever a mesma coisa. rsrsrsr, os caras comeram barriga, alias “Ils” é um ótimo filme, fui assistir justamente após ver uma critica desse site, feito por outros autor.