BANIDO! – A História dos VIDEO NASTIES

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A censura sempre foi um grande problema para os filmes cuja violência é evidentemente gratuita ou quando há excessiva depreciação dos valores ditos morais. Nestes caso, os conservadores entram em choque direto com os que defendem a pura e simples liberdade de expressão – não muito raramente esta discussão entra em níveis caseiros como, por exemplo, entre pais e filhos. Os argumentos entre ambos são fortes e contundentes e a pergunta fundamental a ser feita é mais do que óbvia: onde termina a liberdade de expressão e começa a falta de escrúpulos dentro do cinema? Qual é o limite entre a responsabilidade e a criatividade?

Quando se estuda um pouco mais a fundo o enredo por trás dos roteiros e dos elencos, chega-se invariavelmente a esta discussão moral. Eu poderia ficar desfiando linhas e mais linhas desta polêmica, porém cada cabeça é uma sentença e também não é este o alvo deste artigo.

Seu objetivo é ser um documento histórico de um capítulo a parte na trajetória dos filmes de horror, esmiuçar um dos períodos mais conturbados do cinema no Reino Unido e um exemplo da dureza da censura no país mais conservador do velho continente, onde interesses unilaterais, paranoia e contradições baniram por muito tempo grandes obras controversas (e algumas continuam banidas até hoje). Filmes estes que eram referidos na época pelo termo “video nasty” (ou “vídeo desagradável” numa tradução livre). Recordar é viver, afinal já disse Winston Churchill, “Aqueles que falham em aprender da história estão condenados a repeti-la” (frase esta aproveitada nos créditos de abertura de Cannibal Holocaust, do diretor Ruggero Deodato, um dos “video nasties“).

No início dos anos 80 a Inglaterra não era muito diferente do Brasil nos termos de distribuição de VHS: pequenas e numerosas distribuidoras de fundo de quintal apareciam e sumiam em velocidade espantosa. Com a explosão da popularidade dos vídeoscassetes e por não poderem adquirir os sucessos de Hollywood, lançavam aos borbotões qualquer coisa que satisfizesse a demanda crescente. Entre eles entravam os filmes de terror que em sua maioria eram estrangeiros e jamais antes exibidos. Na realidade algumas destas produções eram tão obscuras e violentas que de outra forma jamais conseguiriam um lançamento em cinema no país.

Estas empresas faziam de tudo para conquistar sua clientela, na maior parte das vezes empregando artes de capa e contra-capa de gosto questionável para trazer a “atração pelo repúdio“, que é o tema principal do excelente livro da editora britânica FAB Press, “Shock! Horror! Astounding Artwork from the Video Nasty Era“. O mercado estava aquecido e as fitas de horror se tornaram imediatamente populares nas salas dos ingleses.

Já existiam regras sobre o lançamento de pornografia no Reino Unido – que datam de 1959 e em 1977, sendo depois ampliada para o caso específico dos filmes eróticos -, contudo não havia regulamentação para os VHS’s – ou seja, materiais de toda espécie poderiam ser irrestritamente comercializados em qualquer lugar – e em 1981 as grandes distribuidoras relutavam em embarcar nesta nova mídia com medo da pirataria e do mercado se saturar com estes pequenos filmes obscuros que estavam enchendo as prateleiras no comércio (ao contrário de hoje em que o varejo é dominado por elas).

Por algum tempo esta explosão continuava imbatível: todos os consumidores estavam felizes, o mercado cresceu maciçamente e as companhias começaram a fazer campanhas de marketing cada vez mais agressivas. Por exemplo, em 1982 a distribuidora VIPCO (Video Instant Picture Company,  uma das principais na distribuição do gênero) enquanto lançava Driller Killer, publicou propagandas que ocupavam páginas inteiras em diversas revistas especializadas, a despeito da violência gráfica da arte original da capa, o que resultou em diversas reclamações na agência governamental reguladora da publicidade. A distribuidora Astra lançou o filme Snuff sem os créditos iniciais e o vendia subjetivamente como um “snuff real“; títulos eram trocados para ampliar o chamariz como o slasher Nightmare renomeado como Nightmares in a Damaged Brain. Alguns meses depois a empresa Go Video, em um esforço para promover publicidade para o lançamento de Cannibal Holocaust, escreveu anonimamente para Mary Whitehouse (uma ativista que parecia se ofender com qualquer coisa, até com os desenhos do Tom e Jerry) enviando-a uma cópia do filme. Foi quando as primeiras rachaduras na indústria apareceram e o que elas mostravam era uma previsão de que as coisas começavam a andar errado.

Esse aspecto somado as condições daquele povo nestes tempos – alta criminalidade, desemprego elevado e recessão econômica – fizeram com que estes filmes fossem o “bode expiatório” que a política estava procurando, afinal quem do povo iria se importar se um filme pequeno como SS Experiment Camp fosse banido? Certamente uma infímia parcela de alienados, deviam pensar.

Não tarda muito e em 1982 (ironicamente pouco tempo depois que é divulgado, A Morte do Demônio alcançava a liderança anual em locações no Reino Unido) a campanha inflamada contra os já nomeados “videos nasties” de Mary Whitehouse, comparando o impacto de filmes como Cannibal Ferox com a descoberta do vírus HIV, tomava a televisão e os jornais, provocava frenesi e histeria em massa na população culpando seus problemas pela exposição dos jovens a violência filmada – “caça às bruxas” estava instaurada.

Incrivelmente esta “auto-promoção” de Whitehouse só serviu para aumentar ainda mais a demanda por estas produções entre os adolescentes e a meta da Go Vídeo surtiu mais efeito que o esperado. De forma que o Quadro Britânico dos Censores de Filmes (British Board of Film Censors ou BBFC), que é o órgão governamental que já controlava a censura nos cinemas, ampliasse os conceitos da lei de obscenidade de 1977: a lei aprovada passou a chamar-se como “Video Recordings Act 1984” entrando em vigor no dia 1º de setembro de 1985.

Sob o “ato 1984” a BBFC (renomeada como British Board of Film Classification) ficaria responsável também por certificar os lançamentos em vídeo com efeito imediato, além de exigir que todos as produções lançadas antes da data da lei deveriam ser re-submetidas em um prazo de 3 anos, dividido em etapas. A contraditória classificação em separado (pelo medo de que estas fitas parassem nas mãos de crianças) fez com que muitos filmes que eram lançados sem cortes no cinema fossem cortados em VHS. O caso mais particular foi no filme O Exorcista que, lançado nos cinemas e em VHS pela Warner Home Vídeo em Dezembro de 1981, não conseguiu uma certificação pela BBFC e foi retirado das prateleiras em 1986 (contudo, não citado posteriormente no rol dos “videos nasties“).

Com as pequenas distribuidoras não houve tempo para resposta. Armados com uma “lista negra“, a polícia corria pelo país apreendendo vídeos. Alguns deles eram retirados em uma locadora em um condado e largado em outro condado adjacente; alguns títulos eram escolhidos a esmo enquanto outros eram confiscados para valer. Alarmados com a evidente seleção arbitrária, o inconsistente trabalho da polícia e os cerca de cem estabelecimentos que faliram com multas e apreensões, a Associação das Locadoras de Vídeo suplicou ao Departamento de Procuradoria Pública (DPP) por orientações sobre quais materiais poderiam ser comercializados e quais eram candidatos ao confisco. Reconhecendo as falhas no processo, o DPP preparou uma lista com os filmes que deveriam ser autuados e cujos processos contra as respectivas distribuidoras estavam concluídos. Esta lista foi conhecida como a “Video Nasties list“.

A LISTA NEGRA DOS VIDEO NASTIES

A lista mudava sua composição desde que foi publicada pela primeira vez em junho de 1983. Foram 74 títulos e alguns deles deixaram a lista quando os processos falharam ou as distribuidoras faliram. Ao todo 35 filmes inicialmente listados pela DPP que nunca conseguiram um processo favorável e não obtiveram certificação e 39 foram banidos. Por mais de 15 anos muitos destes foram deixados no limbo cinematográfico pelo “ato 1984“, que, efetivamente, colocou um fim na lista por força da lei, quando em 1986 todos os filmes lançados não certificados tornaram-se ilegais. Na prática a DPP manteve esta lista até a metade dos anos 90, mas no fim a Video Recordings Act foi perdendo sua função e aos poucos saiu da cena. Com a mudança do regime da BBFC e a facilidade de se conseguir material importado ou baixado pela Internet fez com que muitos destes fossem re-classificados e lançados sem cortes enquanto outros não tiveram a mesma sorte (a maioria por violência sexual ou com animais), mas ao menos não banidos. Curiosamente filmes modernos com teor de violência brutal como Jogos Mortais e O Albergue passaram sem cortes pela BBFC. Abaixo vocês conferem a lista completa com todos os 74 filmes e os seu destino após o ato. Como a lista é enorme, recomenda-se ler aos poucos para não cansar muito.

ABSURD (Itália, 1981) – Dirigido por Aristide (Joe D’Amato) Massacessi
A despeito dos cortes da versão de cinema (2 min 32s), o filme recebeu uma classificação “18 anos” da BBFC em 1982 para o cinema e a tentativa da distribuidora Medusa Video em re-inserir os cortes foi banido. Conseguiu a certificação com os cortes originais.

ANTHROPOPHAGUS THE BEAST (Itália, 1980) Dirigido por Aristide (Joe D’Amato) Massacessi
Este filme de canibais foi famoso por ter algumas das maiores cargas de gore de qualquer um dos “videos nasties” e foi lançado em vídeo em uma versão cortada e outra sem cortes, ambas foram banidas. Os cortes da versão dos Estados Unidos (aproximadamente 2 min) foram submetidos a BBFC e aprovados em 30 de janeiro de 2002.

AXE (EUA, 1977) Dirigido por Fred Friedel
Este filme obscuro já havia passado com cortes em 1982 para lançamento em cinema. Os cortes foram re-inseridos pela distribuidora VRO Video em VHS e acabou banido. O filme saiu da lista da DPP e passou pela BBFC como ‘The California Axe Massacre’ com cortes de 19 segundos em 2001 e sem cortes em 2005.

THE BEAST IN HEAT (Itália, 1977) Dirigido por Luigi Batzella
Uma produção nazi exploitation é conhecida pelo péssimo gosto que beira a sátira, com cenas de um anão ninfomaníaco! A primeira aparição em vídeo foi pelo selo JVI, uma empresa incrivelmente pequena que distribuiu um número limitado de cópias com certificado da Espanha! Depois do banimento estas fitas custavam peso de ouro no mercado negro. Ainda banido, é bem provável que jamais seja lançado novamente.

THE BEYOND (Itália, 1981) Dirigido por Lucio Fulci
Desnecessário de introduções, a produção mais famosa do diretor italiano foi lançada em cinema com cortes de 2 minutos pela BBFC e estranhamente foi esta mesma versão, pela Vampix video, que foi banida. Duas versões posteriores (Elephant Video e VIPCO) foram certificadas com ainda mais cortes. Em 31 de Janeiro de 2001 conseguiu uma certificação para ser comercializado sem cortes.

Terror nas Trevas (1981)

BAY OF BLOOD/BLOODBATH (Itália, 1971) Dirigido por Mario Bava
A notória importância desta produção para o gênero não foi suficiente para sensibilizar os censores quando teve certificação para o cinema rejeitada em 1972. Futuramente a versão em VHS lançada pela Hokushin Video acabou na lista. Uma versão cortada foi aceita em 1994 (Redemption Video) e a mesma edição foi certificada para DVD em 2002.

BLOOD FEAST (EUA, 1963) Dirigido por H. G. Lewis
A película mais velha a figurar na lista também é uma das mais amadoras, apesar do gore característico dos filmes de Lewis e viu a luz do dia pela Astra Home Video. Estranho pensar que um filme tão amador poderia corromper crianças ou ser depravado o suficiente para ser levado a sério. De qualquer maneira em junho de 2001 conseguiu voltar para as prateleiras com 23 segundos de cortes e em 2005 sem corte algum.

BLOOD RITES (EUA, 1967) Dirigido por Andy Milligan
O filme mais sangrento do diretor Andy Milligan possui atuações terríveis e orçamento próximo do zero. Conseguiu as prateleiras pela Scorpio Video, foi perseguido e acabou na lista permanecendo no limbo até os dias de hoje, talvez por causa da pequena importância das distribuidoras atuais em re-submeter a produção para os censores, pois não há muito aqui que poderia causar polêmica na BBFC. Blood Rites ganhou um remake pelo próprio Milligan em 1972 (intitulado Legacy of Blood), tão ruim quanto.

BLOODY MOON (Espanha, 1981) Dirigido por Jesus (‘Jess’) Franco
O slasher-giallo vagabundo do espanhol Jess Franco (completo com seus ultra-zooms) foi lançado cortado nos cinemas em 1982 e pela depois pela Inter-Light video nas versões cortadas e sem cortes. Esta última acabou na lista da DPP. Bloody Moon foi re-avaliado em 1994 e liberado com 1 minuto e 20 segundos de cortes.

THE BOOGEY MAN (EUA, 1980) Dirigido por Ulli Lommel
A mistura de Halloween e Terror em Amityville, de Lommel, não sofreu cortes nos cinemas no ano de 1980. A mesma edição da VIPCO Vídeo em VHS foi banida. Levado novamente em apreciação no ano de 1992 sofreu cortes e finalmente liberado completo em 2000.

THE BURNING (EUA, 1980) Dirigido por Tony Maylam
A variação de Sexta-feira 13 do diretor Maylan, com excelentes efeitos de Tom Savini, passou pela tesoura da BBFC para lançamento nos cinemas (19 segundos de cortes). Erroneamente a distribuidora Thorn EMI lançou em VHS a edição completa do filme e esta foi banida. Desde então todas as produções da Thorn EMI eram vistas com olhares críticos pelos censores. Passou sem cortes em agosto de 2002.

CANNIBAL APOCALYPSE (EUA/Itália, 1980) Dirigido por Antonio Margheriti
Apesar de ter o “Canibal” no título está mais para uma cópia dos filmes de zumbi de George Romero. Nunca foi submetido para apreciação da BBFC e mesmo assim a Replay home video colocou um selo de certificação falso quando lançado em VHS. Ficou banido até 2005 quando passou com um ínfimo corte de 2 segundos.

CANNIBAL FEROX (Itália, 1981) Dirigido por Umberto Lenzi
Um dos filmes mais violentos da lista e polêmico pela excessiva gratuidade dos maus tratos contra animais foi lançado pela Replay também com uma certificação falsa e depois totalmente mutilado (cerca de 7 minutos), contudo ambas as versões nunca foram submetidas à BBFC. A VIPCO em 2002 fez pré-cortes de 5 minutos e ainda assim a BBFC exigiu mais 6 segundos de cortes, sendo essa a edição disponível hoje no Reino Unido.

CANNIBAL HOLOCAUST (Itália, 1978) Dirigido por Ruggero Deodato
Podemos dizer que de forma indireta que Ruggero Deodato começou toda a polêmica sobre os “vídeos nasties“, ajudado pela distribuidora Go Video. Nunca foi visto pela BBFC oficialmente e embora a empresa que o lançou diga ao contrário provavelmente pré-cortes tenham sido realizados para a versão em VHS. Finalmente liberado em julho de 2001 com 5 minutos e 44 segundos a menos.

CANNIBAL MAN (Espanha, 1971) Dirigido por Eloy De La Iglesia
Este sombrio e belamente filmado melodrama nada tem a ver com os outros filmes de canibais da lista da DPP. Então foi possivelmente perseguida quando a Intervision trocou o título original (La Semana del Asesino) para algo mais chamativo. A versão sem cortes ficou banida até Novembro de 1993 quando passou com apenas 3 segundos de cortes.

CANNIBAL TERROR (Espanha, 1981) Dirigido por Julio Tabanero
O título é chamativo, mas acredite, é muito menos interessante do que parece. Depois de lançado pela Modern Films Video, foi banido pela sua associação com os outros filmes de canibais (aparentemente a BBFC perseguiu tudo o que tinha “cannibal” no título) e algum gore mais profissional. Passou sem cortes em março de 2003.

CONTAMINATION (Itália, 1980) Dirigido por Luigi Cozzi
Uma das grandes injustiças nesta lista, esta variação de Alien e Invasores de Corpos não tinha motivo algum para passar na lista. Ainda assim já havia sido lançado com pré-cortes ViP vídeo sem certificação e em meados dos anos 80 uma edição mutilada foi lançada. No início de 2003 foi re-submetido sem cortes, passou pela BBFC e ganhou certificação para maiores de 15 anos(!?!?)

DEAD AND BURIED (EUA, 1981) Dirigido por Gary Sherman
Não era só de produções obscuras e amadoras que se moviam a lista e este é o primeiro exemplo. Passou sem cortes em 1981, enquanto era lançado no cinema e surpreendentemente foi banida quando a Thorn EMI passou para VHS. Ficou pouco tempo na lista e no final dos anos 80 recebeu 5 segundos de cortes. Em 1999 foi liberado completamente.

Os Mortos-Vivos (1981)
Os Mortos-Vivos (1981)

DEATH TRAP (EUA, 1976) Dirigido por Tobe Hooper
Segundo filme de Hooper, com muito mais violência e menos tensão que o primeiro (para quem não sabe é O Massacre da Serra Elétrica). Foi certificado com cortes para lançamento em cinema em 1978. Em VHS a VIPCO re-colocou os cortes e acabou banido, parcialmente pela arte da capa e parcialmente pela implicância pessoal de Mary Whitehouse. Em meados dos anos 90 foi aprovado com 25 segundos a menos e em novembro de 2000 passou completamente. Como curiosidade, o filme anterior de Tobe Hooper, mesmo sendo extremamente mais assustador, nunca figurou na famigerada lista.

DEEP RIVER SAVAGES (Italia, 1972) Dirigido por Umberto Lenzi
Ivan Rassimov, Me Me Lay e animaizinhos mortos estrelam o primeiro filme da onda canibal italiana. Não conseguiu certificação para ser lançado no cinema, então não seria novidade que a edição sem cortes em VHS pela Derann figurasse na lista da DPP. Cortes de 3 minutos e 45 segundos feitos em 2003 precisaram ser feitos para que o público do Reino Unido conseguisse ver a obra.

DELIRIUM (EUA, 1979) Dirigido por Peter Maris
Um thriller estúpido sobre um grupo de fascista que contratam um veterano do Vietnã psicopata para limpar as ruas. Levemente profissional e nunca interessante, ganhou as prateleiras pela VTC e acabou na lista sem muito fundamento. Em 1987 ganhou 16 segundos a menos e foi liberado.

THE DEVIL HUNTER (Espanha, 1981) Dirigido por Jesus Franco
Mais um treco de Franco, que pegou o lugar do diretor Armando De Ossorio quando este saiu andando do set – possivelmente depois de ver a porcaria do roteiro – essa tranqueira mistura Os Caçadores da Arca Perdida com Anthropophagous! Cinehollywood lançou em vídeo e foi banido, muito mais pelo fetiche de Franco por mulheres nuas sendo chicoteadas, já que há pouco gore na tela. The Devil Hunter continua banido, pois nenhuma distribuidora parece interessada em lançar uma produção tão pobre assim.

DON’T GO IN THE HOUSE (EUA, 1980) Dirigido por Joseph Ellison
Seria um filme excelente na linha de Psicose não fosse a trilha sonora “disco” e o orçamento muito baixo. Contudo chegou a ser lançado em cinema em 1980 cortado, a empresa Videospace tentou re-inserir os cortes e acabou banido. Em 1987 saiu da lista após mais de 3 minutos de mutilações no fotograma.

DON’T GO IN THE WOODS … ALONE! (EUA, 1980) Dirigido por James Bryan
Se Ed Wood estivesse vivo e com dinheiro para fazer um slasher teria grandes chances de sair como esse aqui. Sem o menor critério, a inaptidão de todos os envolvidos deve ter sido a causa do banimento. Nunca tentaram passar essa porcaria novamente por um bocado de tempo até que ganhou as prateleiras intacto em 2007.

DON’T GO NEAR THE PARK (EUA, 1979) Dirigido por Lawrence Foldes
Uma bagaceira totalmente esquecível e mais um caso de que a DPP não tinha muita seleção para banir filmes. Em 2006 conseguiu passar ileso para lançamento em DVD.

DON’T LOOK IN THE BASEMENT (EUA, 1973) Dirigido por S. F. Brownrigg
Outro mistério na lista da DPP, pois esta maluca produção em um hospício ultrabarata foi lançada em VHS no Reino Unido pela Crystal Home Video em uma versão já muito mutilada e ainda assim acabou banido. Em 2005 não apenas passou sem cortes pela BBFC como ainda ganhou certificação para maiores de 15 anos.

DRILLER KILLER (EUA, 1979) Dirigido por Abel Fererra
Esqueçam o título chamativo, Driller Killer é de fato uma variação drogada de Taxi Driver sendo o debut de Abel Ferrara. A edição original em vídeo pela VIPCO continha pré-cortes, mas não foi suficiente para saciar os interesses da DPP e acabou banido. Esta mesma versão conseguiu passar posteriormente em 1999 e sua versão integral foi aprovada em novembro de 2002.

THE EVIL DEAD (EUA, 1982) Dirigido por Sam Raimi
O filme mais popular e notório da relação, tão realista quanto quadrinhos de terror, fez muito barulho quando foi banido e é esquisito quando se pensa que filmes significativamente mais gráficos como Trash – Náusea Total, de Peter Jackson, passaram sem maiores problemas. Evil Dead foi lançado com pequenos cortes em 1982 no cinema e é a mesma versão banida quando chegou em vídeo pela Palace. Após 40 processos em cima da obra de Sam Raimi, foi re-lançada com mais cortes e em junho de 2002 o público britânico pôde assisti-lo em sua plenitude.

EVILSPEAK (EUA, 1981) Dirigido por Eric Weston
Essa porca versão masculina de Carrie – A Estranha envolvendo satanistas, uma academia militar e porcos possuídos têm lá uma certa dose de splatter, mas é tão amadora que não mereceria estar neste rol. De qualquer maneira após uma re-edição com 3 minutos e meio a menos, foi disponibilizado intacto em 1999.

EXPOSÉ (Inglaterra, 1975) Dirigido por James Kenelm Clarke
Nem o fato de serem conterrâneos evitou que essa variação inexpressiva de Sob o Domínio do Medo, de Sam Peckinpah, (que tem sua própria história de problemas com censura) evitasse seu banimento. Já pré-cortado pelos distribuidores no lançamento em cinema, apareceu em vídeo pela Intervision antes de ser banido. Depois foi re-considerado com 51 segundos de cortes.

FACES OF DEATH (EUA/Japão, 1979) Dirigido por Conan Le Cilaire
Metade real, metade picaretagem, o documentário sobre o “sentido da morte” foi pré-cortado pela distribuidora Atlantis em VHS e ainda assim foi banido pela DPP, assim como todas as suas sequências. No ano de 2003 foi re-avaliado e liberado com cerca de 2 minutos e meio de cortes.

FIGHT FOR YOUR LIFE (EUA, 1977) Dirigido por Robert Endleson
A variação pobre e altamente racial de Aniversário Macabro seria ofensivamente inassistível se não fosse tão afetado pelo baixo orçamento. É mais um caso de produção que não conseguiu classificação para o cinema (no ano de 1981) e foi banido quando lançado em VHS sem cortes prévios. Neste caso permanece banido até hoje e dificilmente sairá em sua versão integral.

FLESH FOR FRANKENSTEIN (Itália, 1973) Dirigido por Paul Morrissey
Da lista dos desconhecidos este filme de Morrissey talvez seja o mais profissional e interessante. Cortado em 1975 para lançamento na tela grande teve os cortes anulados pela VIPCO e foi banido imediatamente. Conseguiu sair da lista depois que a versão de cinema foi levada a apreciação, em 2006 saiu sem cortes. Diferentemente de seu filme “companheiroBlood for Dracula (1972), que, mesmo contendo violência equivalente, nunca figurou nas discussões da DPP.

FOREST OF FEAR (EUA, 1979) Dirigido por Charles McCrann
Filme sujo e barato feito praticamente em casa com uma câmera de 16mm que trata de um grupo de hippies sedentos de sangue com efeitos comprados em um açougue. Quase um remake do anterior (e melhor) I Drink your Blood (1972). Lançado pré-cortado (mas com o gore intacto) pela Monte Video, continua banido nos dias de hoje, porém não teria problemas em passar pela BBFC porque a maioria das mortes é off-screen e o espectador só vê a bagunça depois do ato consumado.

FROZEN SCREAM (EUA, 1982) Dirigido por Frank Roach
Mais um caso misterioso na lista da DPP, pois esta produção é praticamente inofensiva e conta a história sobre um médico maluco buscando a imortalidade. Permanece banido, todavia atualmente é mais uma situação que não teria polêmica em ser re-lançado.

THE FUNHOUSE (EUA, 1981) Dirigido por Tobe Hooper
Tobe Hooper não estava com a força quando apresentou seus filmes ao Reino Unido, pois foi lançado nos cinemas e banido em VHS, todavia, em 1987, foi devolvido da apreciação sem cortes. Rumores dizem que foi pego por engano, pois uma cópia pirata do muito mais perigoso Last House on Dead End Street (1976) era distribuída com o título alternativo de ‘Funhouse‘.

Pague para Entrar Reze para Sair (1981)
Um Passeio pelo Inferno!

GESTAPO’S LAST ORGY (Itália, 1977) Dirigido por Cesare Canevari
Vil e profissional, o propósito deste Nazi exploitation era ofender mais do que os filmes superficialmente similares (Ilsa she wolf of the SS, Deported Women of the SS Special Section) e foi erradicado do Reino Unido, provavelmente para todo o sempre.

THE HOUSE BY THE CEMETERY (Itália, 1982) Dirigido por Lucio Fulci
Outro clássico de Fulci que obteve problemas na terra da rainha. Cortado em apenas 30 segundos para lançamento nos cinemas, a Vampix Video deve ter ficado fula da vida quando esta mesma versão entrou na lista da DPP. Para ser liberado, edições com 4 e até 7 minutos menos foram analisadas, mas em 2001 o filme foi re-certificado com 33 segundos de cortes.

THE HOUSE ON THE EDGE OF THE PARK (Itália, 1980) Dirigido por Ruggero Deodato
Uma abordagem de Aniversário Macabro à italiana até inocente na sanguinolência, mas carregado de violência sexual que foi rejeitado para sair nos cinemas em 1982, com a versão em VHS pela Skyline banida. Passou com impressionantes 11 minutos e 43 segundos de cortes em julho de 2002, virou quase um trailer.

HUMAN EXPERIMENTS (EUA, 1979) Dirigido por Gregory Goodell
Típico thriller inofensivo dos drive-ins estadunidenses, foi mal interpretado por causa do título que lembra os nazi-exploitations e a arte da caixa que contém uma mulher seminua em tratamento. Assim a permanência da produção na lista foi por pouco tempo e em 1994 já pode ser disponibilizada com 28 segundos de cortes.

I MISS YOU HUGS AND KISSES (Canada, 1978) Dirigido por Murray Markowitz
Tedioso thriller com uma estrutura excessivamente complicada e poucas cenas de violência, também deve ter sido mais um caso de erro da DPP. A versão da Intercity Video (que lançou o muito mais ofensivo Pleasure Shop on 7th Avenue, 1977, de Joe D’Amato, e nunca figurou na lista) foi banida e foi re-lançado pouco tempo depois com cerca de 1 minuto e meio a menos em 1987.

I SPIT ON YOUR GRAVE (EUA, 1978) Dirigido por Meir Zarchi
Problemático em diversas partes do globo, no Reino Unido não poderia ser diferente. A distribuidora Astra home video colocou na caixa do VHS a certificação ‘R’ utilizada nos Estados Unidos. Porém esta classificação deveria ser aplicada para a edição mutilada em 17 minutos, contudo o VHS britânico era, de fato, sem cortes. Por mais de 15 anos no rol da DPP até novembro de 2001 quando pôde sair com pouco mais de 7 minutos a menos.

INFERNO (Itália/EUA, 1980) Dirigido por Dario Argento
Nem Argento conseguiu evitar problemas na Inglaterra. A segunda parte da trilogia das mães conseguiu passar nos cinemas com cortes mínimos. Sem muito grafismo ou conceitos polêmicos, é de se surpreender que o mesmo material em VHS pela CBS/Fox video tenha sido banido. Em seguida passaram uma versão com 28 segundos a menos e finalmente outra com 20 segundos, que está relacionado a uma sequência onde um gato come um rato.

ISLAND OF DEATH (Grécia, 1977) Dirigido por Nico Mastorakis
Sujo, violento, perverso, barato… A polêmica obra de sexploitation caiu em cheio na lista da DPP depois que a AVI video re-colocou todos os cortes do lançamento em cinema de 1981. Depois uma tentativa de re-lançamento – sob o título nonsense de Psychic Killer 2 – com pré-cortes de 13 minutos também foi recusada. A VIPCO em 2002 conseguiu garantir a certificação após abrir mão de 4 minutos e 9 segundos para a BBFC.

KILLER NUN (Itália, 1978) Dirigido por Giulio Berruti
Nun-sploitation moderado na violência deve ter sido erradicado mais pelo conceito de mal gosto que pelo conteúdo. A versão sem cortes foi banida na época, mas em 2006 conseguiu ver a luz do dia da maneira que foi idealizado.

 

THE LAST HOUSE ON THE LEFT (EUA, 1972) Dirigido por Wes Craven
Claro que com um rol tão grande de filmes ofensivos, o desconfortável debut de Wes Craven não poderia ficar de fora. Só que com este aqui a coisa foi mais além, teve lançamento nos cinemas recusados em 1974 e novamente em 2000. Em vídeo a distribuidora Replay video havia feito pré-cortes nas cenas mais extremas, contudo não teve desculpa. Em julho de 2002, com 31 segundos a menos pode ser lançado em DVD pela Blue Underground.

LATE NIGHT TRAINS (Itália, 1978) Dirigido por Aldo Lado
Outro Aniversário Macabro italiano, bem feito, mas muito menos visceral que a obra de Craven. Como possuía pouco gore, o banimento deve-se as cenas de violência sexual, ainda que a distribuidora VWI tenha feito pré-cortes. Continua sem certificação e banido até os dias de hoje.

THE LIVING DEAD AT MANCHESTER MORGUE/LET SLEEPING CORPSES LIE (Espanha/Itália, 1974) Dirigido por Jorge Grau
A variação de A Noite dos Mortos-Vivos, de George Romero, produzida com um esmero excelente e uma fotografia primorosa foi terrivelmente mutilada quando foi para a tela grande e os cortes foram re-colocados pela distribuidora VIP. O resultado? Banimento. Conseguiu ser aprovado com 2 minutos a menos e em maio de 2002 foi aprovado sem cortes pela Anchor Bay.

LOVE CAMP 7 (EUA, 1967) Dirigido por Robert L Frost
Love Camp 7 é mais um pornô softcore disfarçado de nazi exploitation, pois bebe muito mais das fontes dos filmes W.I.P. do que do sub-gênero em questão. Houve uma tentativa de certificação em 2002 pela Salvation Films, mas ela foi recusada e o filme permanece banido.

MADHOUSE (EUA/Italia, 1981) Dirigido por Ovidio Assonitis
Este slasher violento de dupla nacionalidade pintou nas prateleiras pela Medusa vídeo em duas versões, uma integral e outra com um pequeno corte em uma cena. Sem conseguir a certificação, a DPP não fez diferença entre as edições e baniu as duas. Sem haver muito o que incomodasse o novo regime da BBFC, foi certificado sem cortes em 2004.

MARDI GRAS MASSACRE (EUA, 1982) Dirigido por Jack Weis
Esta picaretagem sobre os filmes de H. G. Lewis consegue tornar os já semi-amadores filmes do diretor obras primas do cinema contemporâneo. A inépcia dos envolvidos e os erros anatômicos (especialmente relacionado a uma cena em que um coração é removido) não conseguem despertar interesse. A DPP baniu a versão sem cortes da distribuidora Goldstar e assim está até hoje. Amém.

NIGHT OF THE BLOODY APES (Mexico, 1969) Dirigido por Rene Cardona
México no fim dos anos 60 significa produções com qualidade questionável e este aqui é um mezzo lucha-libre, mezzo monstro, mezzo thriller e ainda enxertado com cenas reais de operações. Inesquecível! Com um minuto de cortes para lançamento nos cinemas em 1974, a Iver Film Services pôs os cortes no lugar e ganhou o banimento. A versão de cinema foi liberada em 1999 e depois re-certificada em 2002.

NIGHT OF THE DEMON (EUA, 1980) Dirigido por James Wasson
Certamente o filme mais sangrento baseado no Pé Grande. Possui atuações péssimas e gore de açougue, contudo possui o climax mais tosco e engraçado da lista inteira. A Iver Film Services lançou a produção com “a coisa” toda: a castração de um motociclista, o desmembramento de um pescador e o clímax, que resultaram em um encontro com a DPP. Saiu da lista depois que uma edição com cortes de 1 minuto e 41 segundos foi lançada em janeiro de 1994 pela VIPCO.

NIGHTMARE MAKER (EUA, 1981) Dirigido por William Asher
Estranho drama psicótico com algumas mortes com facas e uma excelente cena de batida de carros. Um dos interessantes filmes da lista, mas que não tem nada que pudesse justificar o banimento. Tentou ser re-submetido em 1987 sob o título Evil Protégé, contudo foi rejeitado e ainda permanece no limbo.

NIGHTMARE/NIGHTMARES IN A DAMAGED BRAIN (EUA, 1982) Dirigido por Romano Scavolini
Contendo alguns impressionantes efeitos especiais, este slasher profissional de ritmo lento conseguiu sair na tela grande com 1 minuto de cortes. Re-aplicado pela ‘World of Video 2000‘ foi perseguido e erradicado. Em 2002 a versão sem cortes ganhou as ruas pela Screen Entertainment.

POSSESSION (França/Alemanha, 1981) Dirigido por Andrzej Zulawski
Este é um filme que precisa ser visto para acreditar: espiões, alienação, monstros com tentáculos, assassinatos, Terceira Guerra Mundial, tudo com efeitos de Carlo Rambaldi… Apesar de ter sido lançado sem cortes para o cinema em 1981, foi banido pela DPP. Até 1999 quando conseguiu o almejado certificado.

PRANKS/THE DORM THAT DRIPPED BLOOD (USA, 1983) Dirigido por Jeffrey Obrow e Steven Carpenter
Um quase slasher que lembra mais a extensão de um projeto de faculdade, embora contenha algumas boas cenas, nunca foi lançado nos cinemas e saiu direto pela Canon video sem cortes. Banido, conseguiu a certificação no começo dos anos 90 e em uma reapresentação para DVD pela VIPCO acabou perdendo mais um segundo.

THE MONTAIN OF THE CANNIBAL GOD/PRISONER OF THE CANNIBAL GOD (Itália, 1978) Dirigido por Sergio Martino
Sergio Martino entrou na festa canibal um pouco tarde, quando ela já estava acabando, contudo realizou um filme bacana com alguma violência animal e a nudez gratuita de Ursula Andress. Cortado para os cinemas em 1978, a Hokushin video lançou o VHS sem cortes e acabou banido. Como a maioria dos filmes da lista, quando o filme não conseguiu ter o seu processo favorável a DPP saiu da lista, mas a empresa de distribuição já havia falido. Re-certificado com cortes (2 minutos e 6 segundos) em 2002.

REVENGE OF THE BOGEYMAN/BOOGEYMAN II (EUA, 1982) Dirigido por Ulli Lommel
Continuação de The Boogeyman, do próprio Lommel, contém virtualmente todos os elementos do filme anterior. Não é tão bom como o primeiro e foi direto para o VHS pela distribuidora VTC, sem cortes ou certificação foi banido. Em 2003 não apenas voltou intacto como ainda contendo mais material filmado.

SHOGUN ASSASSIN (Japão/EUA, 1980) Dirigido por Kenji Misumi/Robert Houston
Samurai e seu filho buscam vingança pela morte de sua esposa pelas mãos de um Shogun maluco enquanto ajudam os aldeões no caminho. Excelentemente filmado e editado, com boas atuações e uma dose cavalar de sangue. Saiu integralmente pela VIPCO sem cortes. A quantidade de sanguinolência e orgias baniram o filme. Duas apreciações foram feitas, uma passou com cortes de 27 segundos e a última, em 1999, foi aprovada sem cortes.

THE SLAYER (EUA, 1982) Dirigido por J S Cardone
Este slasher sobrenatural de baixo orçamento é bem filmado e conta a história dos pesadelos de infância de uma mulher em uma ilha na forma de um intruso horrivelmente mutilado que volta para pegá-la. A exceção de uma cena onde uma mulher é empalada nos peitos com um ancinho, não há nada muito chocante. Na metade dos anos 90 a VIPCO conseguiu removê-lo da lista após ceder 20 segundos de material e em 2001 saiu sem cortes pela Screen Entertainment.

SNUFF (EUA, 1971/76) Dirigido por Michael Findlay e Carter Stevens
O primeiro que deu origem a lenda urbana dos filmes “snuff” é uma visão amalucada dos assassinatos da família Manson e ficou engavetado por anos até que o produtor Allan Shackleton filmou um “assassinato” para o final. Ficou apenas um dia nas prateleiras do Reino Unido pela Astra Home Video antes de sumir de vez. Impressionantemente em maio de 2003 a Blue Underground conseguiu uma certificação sem corte algum.

SS EXPERIMENT CAMP (Italia, 1976) Dirigido por Sergio Garrone
Mais um pornô-softcore em campos de concentração maquiado de nazi-exploitation que contém diálogos inspirados e um título bacana a despeito do tédio que preenche a maior parte do tempo. Foi um dos primeiros filmes a ser perseguido no Reino Unido, muito mais pela sua reputação do que pelo conteúdo. Saiu sem cortes em 2005.

TENEBRAE (Italia, 1982) Dirigido por Dario Argento
Segundo filme de Argento na lista é um Giallo incrivelmente bem feito e um retorno do diretor em um lugar mais confortável depois das críticas sobre o filme Inferno. Para chegar aos cinemas precisou de 5 segundos de cortes, a mesma edição que foi banida pela DPP. Re-lançado em 1999 com 6 segundos a menos, em 2003 conseguiu passar pela BBFC sem cortes (pela Anchor Bay)

NIGHT SCHOOL/TERROR EYES (EUA, 1981) Dirigido por Kenneth Hughes
Slasher padrão da década de 80, causou mais rebuliço por causa da alteração do título original (Night School) e a arte da caixa. Conseguiu passar na tela grande após alguns cortes que foram re-inseridos pela Guild home video e foi banido, ainda que não haja praticamente gore espirrando. Em 1987 foi classificado para lançamento após 1 minuto e meio de cortes.

THE TOOLBOX MURDERS (EUA, 1978) Dirigido por Dennis Donnelly
Muito bem feito, uma performance bizarra de Cameron Mitchell e bastante nudez feminina abriu os olhos da DPP. Cortado em 3 minutos para o cinema, foi a mesma versão que saiu em vídeo e subseqüentemente banida. Saiu da lista quando a distribuidora Hokushin faliu e em fevereiro de 2000. A VIPCO obteve a certificação após cortes de 1 minuto e 46 segundos.

UNHINGED (EUA, 1982) Dirigido por Don Gronquist
Inspirado em Psicose, mas com muito, muito menos dinheiro, este filme tem uma atmosfera assustadora ainda que o elenco seja bastante amador. Chegou a ser exibido nos cinemas em 1983, com certos cortes, claro. Foi lançado, banido e pouco depois saiu da lista, pois a distribuidora Avatar fechou. Foi certificado intacto em 2004.

VISITING HOURS (Canadá, 1981) Dirigido por Jean Claude Lord
Rostos conhecidos estampam este slasher misoginistico (Michael Ironside e William Shatner) que precisou ser reduzido em 1 minuto para sair na tela grande em 1982. É a mesma versão erradicada pela DPP. A CBS/Fox levou novamente à apreciação em 1986 e a BBFC liberou a exibição. Curiosamente por um engano a edição integral passou na televisão ao invés da certificada, o que gerou para a emissora ITV uma advertência do governo.

WEREWOLF AND THE YETI (Espanha, 1975) Dirigido por Miguel Iglaisias Bonns
Paul Naschy estrela mais um filme de lobisomens bizarro, que é algo como o Lobisomem, da Universal, mas com mais gore. À parte de algumas chicotadas, nada na tela é tão abismal que banisse a produção. Contudo permanece banido até hoje.

THE WITCH WHO CAME FROM THE SEA (EUA, 1976) Dirigido por Matt Cimber
Nem tanto um filme de terror, está mais para um filme de arte com pornografia soft-core, tem uma narrativa difícil de acompanhar e uma série de personagens bobos. Saiu direto em VHS pela distribuidora VTC sem cortes, algumas tomadas de castração devem ter chamado a atenção da DPP. Saiu do limbo em 2006 numa versão sem cortes.

WOMEN BEHIND BARS (Espanha, 1977) Dirigido por Jesus Franco
Franco, assim como Fulci, são os diretores com maior número de obras na lista, três cada um. Como o título entrega, este é um W.I.P. repleto de nudez frontal feminina com o trabalho de câmera horrível e as chibatadas características do diretor. Sem cortes e direto em vídeo pela Go Video, os censores sempre tiveram olhares tortos quando o assunto é torturas femininas e com este não foi diferente. Permanece banido até hoje.

XTRO (Inglaterra, 1983) Dirigido por Harry Bromley Davenport
Bom filme de ficção científica com alguma coisa chocante e bons efeitos se levarmos em consideração o baixíssimo orçamento. Foi lançado nos cinemas sem cortes. Conclui-se que XTRO entrou na lista quase por engano, pois tão logo apareceu no rol da DPP, foi certificado e liberado plenamente.

HELL OF THE LIVING DEAD/ZOMBIE CREEPING FLESH (Italia, 1980) Dirigido por Bruno Mattei
Opa! Quem diria que o nome de Bruno Mattei estivesse na mesma relação que Lucio Fulci, Dario Argento, Mario Bava, Sam Raimi e Tobe Hooper? De uma produção de Mattei nós já sabemos o que esperar, então difícil pensar que alguém na DPP levou o filme a sério, especialmente quando a versão em VHS (pela Merlin Video) continha os mesmos cortes da edição de cinema de 1982. Foi re-certificado duas vezes: uma com mais cortes no início dos anos 90 e em janeiro de 2002 integralmente.

ZOMBI 2/ZOMBIE FLESH EATERS (Italy, 1979) Dirigido por Lucio Fulci
Para encerrar esta maratona, outro filme infame de Fulci, repleto de violência e, bem, mais violência. Após quase dois minutos de cortes para sair no cinema, a VIPCO lançou o VHS sem cortes apenas para ver depois que ambas as edições foram banidas. Passou várias vezes pela mesa da BBFC, até que em 2005 viu a luz do dia sem alterações.

Zombie (1979)

Fazendo uma síntese de tudo o que está escrito acima, das 74 produções, 33 saíram sem cortes, 27 tiveram reduções para lançamento, 13 continuam fora das prateleiras britânicas e 1 saiu com material adicional.

Durante o vigor da lista da DPP, ações independentes de alguns condados pelas polícias locais para confiscar filmes que eles acreditavam serem ofensivos também aconteceram, baseados no “Ato 1984“. Alguns deles possuíam suas próprias listas, outros pegavam primeiro e perguntavam depois. Abaixo está a lista dos filmes que foram apreendidos, mas que nunca estiveram na lista oficial da DPP. Não está completa, contudo serve para se ter uma dimensão do tamanho do caos que eram os critérios de apreensão de material durante estes tempos:

BASKET CASE (EUA, 1982) Dirigido por Frank Henenlotter
BLOOD FOR DRACULA (Itália, 1973) Dirigido por Paul Morrissey
BLUE EYES OF THE BROKEN DOLL (Espanha, 1972) Dirigido por Carlos Aured
JUNGLE HOLOCAUST/THE LAST CANNIBAL WORLD (Itália, 1976) Dirigido por Ruggero Deodato
CITY OF THE LIVING DEAD (Itália, 1980) Dirigido por Lucio Fulci
DAWN OF THE MUMMY (Egito/Itália 1981) Dirigido por Frank Agama
DEMENTED (EUA, 1980) Dirigido por Arthur Jeffreys
THE EXTERMINATOR (EUA, 1980) Dirigido por James Glickenhaus
FRIDAY THE 13TH (EUA, 1980) Dirigido por Sean Cunningham
FRIDAY THE 13TH PART 2 (EUA, 1982) Dirigido por Steve Miner
THE HILLS HAVE EYES (EUA, 1977) Dirigido por Wes Craven
I DRINK YOUR BLOOD (EUA, 1972) Dirigido por David Durstan
KILLER’S MOON (Inglaterra, 1978) Dirigido por Allan Burkinshaw
MACABRE (Itália, 1982) Dirigido por Lamberto Bava
MADMAN (EUA, 1982) Dirigido por Joe Giannone
MANIAC (EUA, 1980) Dirigido por William Lustig
MOTHER’S DAY (EUA, 1981) Dirigido por Charles Kaufman
NIGHT OF THE SEAGULLS (Espanha, 1975) Dirigido por Armand De Ossorio
THE PROWLER/ROSEMARY’S KILLER (EUA, 1981) Dirigido por Joe Zito
SUPERSTITION (EUA, 1981) Dirigido por James Roberson
TERROR EXPRESS (Itália, 1979) Dirigido por Ferdinando Baldi
THE THING (EUA, 1982) Dirigido por John Carpenter
VIDEODROME (Canadá, 1982) Dirigido por David Cronenberg
WEREWOLF WOMAN (Itália, 1976) Dirigido por Rino Di Silvestro
ZOMBIE HOLOCAUST (Itália, 1980) Dirigido por Marino Girolami

Quem Matou Rosemary? (1981)

Por engano, outras produções também foram caçadas, mas percebendo o erro foram devolvidas rapidamente. Os destaques ficam para Apocalypse Now, de 1979, (possivelmente confundido com Cannibal Apocalypse), as comédias A Melhor Casa Suspeita do Texas (The Best Little Whorehouse In Texas, 1982), Max Devlin e o Diabo (The Devil & Max Devlin, 1981) e o filme de guerra Agonia e Glória (The Big Red One, 1977) por causa da conotação sexual dos títulos. Milhares de outros títulos não foram certificados pela BBFC e foram banidos sem aparecer na lista – a parte de sucessos conhecidos como O Massacre da Serra Elétrica, Sob o Domínio do Medo e The Story of O, grande parte são obscuridades que talvez os jovens britânicos jamais tenham ouvido falar, muitas delas provavelmente pérolas. Então vem a real finalidade desta discussão: em um mundo em que milhões vivem longe do grande mundo do cinema sem restrições, podemos não reclamar por eles, mas não devemos esquecer daqueles que não são afortunados o suficiente para escolher o que querem assistir e ter um gostinho da liberdade ilimitada da sétima arte.

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Gabriel Paixão

Colaborador e fã de bagaceiras de gosto duvidoso. Um Floydiano de carteirinha que tem em casa estantes repletas de vinis riscados e VHS's embolorados. Co-autor do livro Medo de Palhaço, produz as Horreviews e Fevericídios no Canal do Inferno!

One thought on “BANIDO! – A História dos VIDEO NASTIES

  • 11/10/2021 em 16:52
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    Ótimo, principalmente por fazer uma lista mais detalhada e comentada dos filmes que foram “caçados”, muitos eu nunca nem tinha ouvido falar. Curioso que muitos deles, até onde eu sei, saíram aqui no Brasil em VHS sem grandes problemas: Terror nas Trevas, Bay Of Blood, Banquete de Sangue, Boogey Man, Chamas da Morte, Cannibal Ferox, Evil Dead, A Casa dos Mortos Vivos, A Vingança de Jennifer, A Freira Assasina, A Bruxa que Veio do Mar. Inclusive, as fitas que eram lançadas aqui eram bem apelativas. Aniversário Macabro tem uma arte de capa super sangrenta (até onde eu sei essa arte é exclusiva daqui do Brasil), ou Herança Maldita, em que foi adicionado sangue na arte da capa original, fora as sinopses exageradas.

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