DC Dark #01 (2012)

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DC Dark #01
Original:DC Dark #01
Ano:2012•País:EUA
Páginas:144• Autor:Peter Milligan•Editora: Panini Comics

Na onda da grande reformulação que a editora DC Comics sofreu no final de 2011, alguns dos títulos mais elogiados são aqueles que de alguma forma bebem nas águas turvas do selo Vertigo da editora. O selo da DC que em meados dos anos 90 foi responsável pela “invasão britânica” dos quadrinhos americanos, trazendo materiais de primeira como SandmanHellblazer, entre outros, com títulos voltados a um público adulto que buscava algo mais.

A referência fica mais clara ainda quando folheamos as páginas de Dark e nos deparamos com o Monstro do Pântano, que nos anos 80, quando era escrito por Alan Moore (Watchmen, V de Vingança), foi responsável por “plantar a semente” (trocadilho intencional aqui) do que viria ser a Vertigo na década seguinte. John Constantine, surgido nas páginas do Monstro durante esta mesma fase também dá as caras na revista como membro da Liga da Justiça Sombria.

Outro personagem importante no início da Vertigo que está presente no mix de Dark é o Homem-Animal. O personagem recebeu o selo para leitores adultos da editora quando foi resgatado do limbo por Grant Morrison (Os Novos X-Men, All-Star Superman), um dos padrinhos dessa reformulação editorial da DC, e alçado a astro numa das coisas mais brilhantes já produzidas na nona arte.

As referências são boas não é, nobre infernauta?

E de fato o mix é bem interessante. A revista trás alguns dos títulos mais elogiados pela mídia especializada logo que a reformulação começou a dar as caras nos EUA: Homem-Animal, Monstro do Pântano e Liga da Justiça Sombria.

A Liga da Justiça Sombria começa muito bem e como uma boa história da Liga: apresentando os personagens que devem se unir para enfrentar uma terrível ameaça. O veterano Peter Milligan, que já escreveu Homem-AnimalShade: O Homem Mutável, que fará parte do grupo, segue com um texto contido, sem suas pirações habituais, o que pode deixar alguns fãs decepcionados. Mas o ponto alto de Liga da Justiça Sombria é mesmo a arte. Mikel Janin e Ulises Arreola formam uma ótima dupla com desenhos limpos e soltos muito diferentes da maioria pós-reboot onde as hachuras e erros de anatomia ditam a moda.

Homem-Animal é sem dúvidas o meu favorito dentre os novos 52. Sempre fui fã do personagem e esta nova versão aparentemente não descarta o que já foi feito com ele no passado, agradando os fãs de longa data e impressionando os novos leitores com uma história de terror gráfico excelente, graças à união do texto de Jeff Lemire e a arte nada convencional de Yanick Paquette.

Já o Monstro do Pântano me deixa com sentimentos conflitantes. Por um lado é sempre bom rever um velho conhecido. As histórias do personagem na sua fase Moore estão entre as minhas favoritas de todos os tempos e, talvez por isso, o texto de Scott Snyder (Vampiro Americano), mesmo mantendo um bom ritmo, criando a base do que pode vir a ser uma excelente história de horror com pitadas super-heroicas, não pareça bom o suficiente. Além disso, a DC parece não ter tido coragem de descartar tudo o que Moore fez com o personagem que, mesmo tendo enfrentado o Superman pré-reboot, contracena com o novo como velhos conhecidos, gerando uma certa confusão.

Dentro dos seis títulos presentes na revista, os únicos dos quais não sabia o que esperar, eram apenas Eu, Vampiro, uma nova roupagem para um personagem obscuro criado por J. M. DeMatteis (Blood,Moonshadow) nas páginas da Casa dos Mistérios em 1981, e Ressurreição, um herói que tem o poder de morrer e ressuscitar sempre com um poder diferente.

A agradável surpresa fica por conta de Eu, Vampiro. O texto de Joshua Hale Fialkov não deixa claro a que veio, mas possui um clima meio 30 Dias de Noite e me deixou curioso pra saber mais sobre Andrew Bennett e a Rainha de Sangue. A arte de Andrea Sorrentino lembra muito os traços de Jae Lee, de A Torre Negra e Inumanos.

Ressurreição, em minha opinião, “já nasce morta” (ok, este foi ruim) com um clima de seriado barato, daqueles que é cancelado após a primeira temporada. A revista trás clichês ruins do gênero, muito em voga na era Image dos quadrinhos e que a DC aparentemente insiste em trazer de volta. Alguém mais aí já se cansou de anjas/demônias gostosonas com roupas ridículas?

Se a ideia da DC era reformular seus títulos para angariar novos leitores, os materiais presentes nesta revista podem soar um pouco fora de sintonia com a ideia original. Para aquele leitor com anos de quadrinhos a leitura pode ser mais proveitosa, principalmente por relembrar uma época da qual sou muito fã, quando a Vertigo estava começando com títulos ótimos saindo um atrás do outro. Para aquele menos acostumado, algumas coisas podem parecer confusas (como o Monstro do Pântano faz referências ao Dia Mais Claro se isso tudo ficou pra trás após reboot?), mas as coisas estão só começando e as promessas são boas.

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Rodrigo Ramos

Designer por formação e apaixonado por HQs e Cinema de Horror desde pequeno. Ao contrário do que parece ele é um sujeito normal... a não ser quando é Lua Cheia. Contato: rodrigoramos@bocadoinferno.com.br

One thought on “DC Dark #01 (2012)

  • 28/12/2015 em 08:59
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    Site fodástico!!!!Continue assim pq já virei fã!

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