A Morte do Demônio (1982)

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A Morte do Demônio (1982)
A Experiência Definitiva em Horror Repulsivo!
A Morte do Demônio
Original:The Evil Dead
Ano:1982•País:EUA
Direção:Sam Raimi
Roteiro:Sam Raimi
Produção:Irvin Shapiro, Robert G. Tapert
Elenco:Barbara Carey, Betsy Baker, Bruce Campbell, Cheryl Guttridge, David Horton, Don Long, Dorothy Tapert, Ellen Sandweiss, Ivan Raimi, Kurt Rauf, Philip A. Gillis, Richard DeManincor, Scott Spiegel, Stu Smith, Ted Raimi, Theresa Tilly, Wendall Thomas

No cinema de horror, é interessante salientar a existência e fazer uma análise de dois sub-gêneros principais com características e estilos distintos, que foram criados de forma natural ao longo de mais de um século de cinema. Um deles é mais antigo, numa época onde os filmes se preocupavam em enriquecer os roteiros e transmitir ao público uma sensação de medo e pavor, através principalmente de situações sugeridas que causavam desconforto. As histórias exploravam temas sobrenaturais como mansões assombradas, maldições, cientistas loucos, fantasmas, ou mesmo os grandes monstros consagrados do cinema como o vampiro Drácula (tendo o filme homônimo de 1931 com Bela Lugosi como um de seus expoentes máximos); a Criatura de Frankenstein (retratada no clássico de 1931 pelo magnífico ator Boris Karloff); o Lobisomem (1941, com Lon Chaney Jr.); a Múmia (1932, com Boris Karloff), o Monstro da Lagoa Negra (1954, uma criatura mutante, misto de homem e anfíbio); o Fantasma da Ópera (1926, com Lon Chaney como um psicopata desfigurado); e outras dezenas de produções de baixo orçamento, porém de alto entretenimento.

O outro sub-gênero veio somente mais tarde sendo representado pelos filmes de violência explícita, ou aqueles cujos roteiros procuram mostrar o horror de forma mais crua e direta em vez de apenas a sugestão. O objetivo não é somente assustar como também enojar o público. As histórias em sua maioria são clichês desgastados prevalecendo muitas vezes os impressionantes efeitos especiais. As características principais desses filmes são a presença de muito sangue, tripas, vômitos, mutilações, massacres, demônios, psicopatas, monstros asquerosos, etc. Pertencentes a esse contexto, citamos apenas alguns entre muitos outros, como o clássico em preto e branco A Noite dos Mortos Vivos (dirigido pelo mestre George Romero em 1968, com sua legião de zumbis comedores de carne humana); a enorme franquia Sexta-Feira 13 (saga que iniciou em 1980 com o imortal psicopata Jason Voorhees batendo o recorde de assassinatos de adolescentes, e de sequências também); o clássico O Massacre da Serra Elétrica (1974, introduzindo o maníaco da motosserra Leatherface); Hellraiser (1987, inspirado em obra do escritor Clive Barker, com suas criaturas do inferno lideradas por Pinhead); e sem dúvida nenhuma, um dos maiores e mais definitivos representantes do estilo, The Evil Dead.

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Infelizmente para nós brasileiros, foi feita uma verdadeira bagunça com os títulos dos dois primeiros filmes da franquia. The Evil Dead (1982) foi lançado em vídeo VHS pela Look com o nome de A Morte do Demônio. Esse mesmo filme foi exibido nos cinemas como Uma Noite Alucinante – Parte 1 – Onde Tudo Começou. Já Evil Dead II (1987) foi lançado em vídeo VHS pela Tec Home com o nome de Uma Noite Alucinante e foi exibido nos cinemas em 1988 com esse mesmo nome, seguido do subtítulo Mortos ao Amanhecer. Toda essa confusão aconteceu porque o segundo filme estreou por aqui antes do original. E para complicar mais ainda, vale registrar um protesto quanto ao péssimo título nacional escolhido para The Evil Dead. O filme recebeu o nome equivocado de A Morte do Demônio quando o ideal seria manter o título original. Porém, se ainda assim os responsáveis pela distribuição da fita no país preferissem optar por um nome nacional, o mais correto seria algo como Os Mortos Malignos, uma tradução literal e mais coerente com a obra.

Toda essa longa introdução teve por objetivo situar o leitor e fã para uma interpretação de dois tipos básicos do cinema de horror: o sugerido e o explícito. Nessa última categoria os últimos anos foram invadidos por uma avalanche de produções com verdadeiros banhos de sangue em suas histórias. Filmes como Fome Animal (1990, de Peter Jackson, que mais tarde dirigiria a trilogia O Senhor dos Anéis), mostram um excesso tão grande de tripas e corpos decepados que parece que recebemos uma chuva de sangue ao ver o filme. Só que no caso específico desse filme, a história tem muitos elementos de humor negro inseridos em sua trama, a qual tem o objetivo de enojar o público em meio a momentos de risos. Comparando com The Evil Dead, este último tem menos sangue, mas não há humor negro. Se o espectador rir de alguma coisa que está vendo na tela, não é porque é engraçado, e sim porque está transtornado pelas cenas grotescas apresentadas a sua frente.

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Nesse aspecto, a essência de The Evil Dead é infinitamente superior a qualquer outro filme já realizado, mesmo que tenha muito mais violência e sangue. Já o segundo filme da série, Evil Dead II, é na verdade uma refilmagem da mesma história do original, só que inserindo elementos de humor negro que inevitavelmente diminuíram sua carga de agressividade brutal. Porém, ainda assim é um bom filme de horror, amparado por um orçamento bem maior e efeitos especiais mais sofisticados.

Ambos os filmes foram escritos e dirigidos pelo jovem e competente cineasta Sam Raimi (que faria mais tarde a mega-produção Homem-Aranha e suas sequências), e estrelados pelo hábil Bruce Campbell, que também foi produtor. Como já mencionado, há diferenças entre as duas produções mesmo porque não há uma sequência exata entre elas. O segundo filme é apenas uma variação da história do primeiro e está mais voltado para o humor negro. Já o primeiro filme é bem mais violento, repleto de cenas repugnantes e assustadoras, tanto é que foi proibida sua exibição na Inglaterra por dois anos, e mesmo assim ganhou vários prêmios em festivais sendo até hoje aclamado pelos fãs como um dos principais filmes de horror já realizados.

Desde 1978, o jovem Sam Raimi com a ajuda do produtor Robert G. Tapert e do ator Bruce Campbell, estavam planejando realizar um filme diferente e de impacto.

Então um ano depois eles lançaram o violento e raro Within the Woods, cuja história acabou dando origem em 1982 ao brutal The Evil Dead. Nada melhor que o escritor Stephen King para comentar esse projeto: Eu gosto desse filme, é diferente dos outros. O apoio de King foi fundamental para o sucesso da produção. A história é simples e sem novidades, girando em torno da descoberta de um livro antigo amaldiçoado chamado de O Livro dos Mortos. Esse artefato, confeccionado e escrito há mais de três mil anos, com pele e sangue humanos, era composto de frases e passagens cabalísticas de rituais de sepultamento e feitiços funerários, que uma vez recitadas tinham o poder de ressuscitar demônios até então adormecidos, e forças malignas que vagam pelas florestas e pela escuridão da civilização, as quais uma vez despertadas, podiam se apossar dos vivos. O Livro dos Mortos nada mais é do que uma versão do famoso e obscuro Necronomicon, mito largamente explorado na literatura macabra do escritor Howard Phillips Lovecraft.

Um grupo formado por cinco jovens estão em passeio nas montanhas do Tenessee e se hospedam numa velha cabana abandonada. Ashley (Bruce Campbell), sua namorada Linda (Betsy Baker) e sua irmã Cheryl (Ellen Sandweiss), além do casal de amigos Scott (Hal Delrich) e Shelly (Sarah York), procuram apenas bons momentos de diversão e descanso, não imaginando o inferno que os aguardava. Eles encontram no porão um estranho livro acompanhado de um gravador com uma fita, material pertencente a um arqueólogo que trabalhava em misteriosas escavações nas Ruínas de Kandar. Os jovens resolvem ouvir a fita, que reproduz a narração do arqueólogo falando de suas descobertas e explicando que involuntariamente invocou entidades demoníacas que tinham o poder de se apossar dos vivos. A única forma de livrar o corpo do espírito maligno era através do esquartejamento. E acidentalmente a fita recita um encantamento diabólico:

Tatra amistrobin azarta, tatis manor manziz hounaz, ansobar saman darobza dahir saika danz deroza, kandar, kandar, kandar.

(Nota do Autor 1: Não me responsabilizo pela citação dessas palavras e a possibilidade hostil de suas consequências…). Dessa forma, os jovens inadvertidamente permitiram ressuscitar ferozes demônios kandarianos que estavam inativos. Os espíritos malignos estavam apenas aguardando a oportunidade de se manifestarem e se apossar dos humanos um a um, sobrando apenas o herói Ashley para combatê-los e lutar bravamente por sua vida.

São várias as sequências de destaque como a cena perturbadora em que Cheryl sai à noite sozinha pelo bosque e é estuprada violentamente por árvores vivas, possuídas por demônios. Ou ainda quando a mesma garota torna-se a primeira vítima de possessão, gritando com uma voz gutural aos seus amigos: Por que vocês perturbaram nosso sono? Acordando-nos de nossa duradoura inatividade? Vocês morrerão! Como os outros antes de vocês! Um por um, nós vamos tomá-los!. Essa sequência já é clássica e define apenas o início da carnificina sangrenta que estava por vir.

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O desfile de atrocidades continua quando Shelly é a próxima possuída e num momento de insanidade total, ela arranca a própria mão direita vagarosamente com os dentes numa cena grotesca. Após muito sangue, gosmas coaguladas, vísceras expostas, líquidos putrefatos, carne destroçada, ossos partidos, desmembramentos e cabeças decepadas, a noite infernal termina e o início da manhã reservaria um desfecho digno para o herói Ashley, permitindo várias interpretações e certamente fugindo do convencional clichê de final feliz. Sem dúvida nenhuma, uma obra prima do horror com algumas das cenas mais repugnantes e violentas já filmadas, tudo de forma avassaladora.

Tanto Sam Raimi como Bruce Campbell nasceram na mesma pequena cidade de Royal Oak (Michigan, EUA). Campbell veio ao mundo em 22/06/1958, seguido de perto por Raimi (23/10/1959). Uma vez jovens com afinidades em comum, como a preferência pelo cinema fantástico, eles se conheceram na adolescência e decidiram formar uma parceria que resultaria em verdadeiras preciosidades do gênero.

Sam Raimi é um profissional multifuncional, trabalhando como diretor, roteirista, produtor e até ator. Conhecido por seu talento ao manipular uma câmera com rápidos movimentos acrobáticos e cortes bruscos, seu primeiro filme de reconhecimento foi The Evil Dead em 1982 (ele tinha apenas 22 anos de idade), que formou depois uma trilogia com mais dois filmes produzidos em 1987 e 93 (Nota do Autor 2: Em 1993 foi lançado Evil Dead III: Army of Darkness ou Exército da Escuridão, completando a trilogia, contando as aventuras de Ashley na época medieval, mantendo a linha humorística do segundo filme e trazendo alguns bons efeitos especiais).

Ainda no gênero horror, Raimi dirigiu Darkman – Vingança Sem Rosto em 1990 e O Dom da Premonição (2001). Também experimentou outras temáticas com a comédia policial Dois Heróis Bem Trapalhões (1985), o western Rápida e Mortal (95, com Sharon Stone), o suspense Um Plano Simples (98, um fenomenal thriller abordando a cobiça humana), o drama romântico Por Amor (99), até culminar no mega sucesso Homem-Aranha (2002), filme do famoso personagem de quadrinhos que transformou-se numa das maiores bilheterias da história. (N.A. 3: Em 2009 ele dirigiu o divertido Arraste-me Para o Inferno e para 2013 foi anunciada uma refilmagem de “The Evil Dead”).

O ator Bruce Campbell foi o astro principal da trilogia Evil Dead e demonstrou muita habilidade no papel de herói combatente de demônios ferozes. Sua amizade com Raimi proporcionou algumas participações especiais em pontas rápidas em filmes como Darkman e Homem-Aranha. Ele também experimentou a direção, sendo responsável por alguns episódios na televisão da série de fantasia Hércules, produzida pelo amigo Robert G. Tapert. Sua filmografia inclui ainda atuações na série de TV Arquivo X e no filme Cine Majestic (2001), dirigido por Frank Darabont.

Como curiosidades podemos notar no filme algumas possíveis falhas totalmente desprezíveis por se tratar de The Evil Dead, como principalmente o fato de Ash, ferido várias vezes, não ter sido possuído por um dos demônios kandarianos, enquanto todos os seus amigos eram brutalmente transformados em mortos malignos. A reposta é simples: alguém tinha que sobrar para combater os zumbis e lutar por sua vida, afinal essa é a premissa de todo o filme. Outro possível erro foi quando Ash toma literalmente um banho de sangue na explosão de um cano e no momento seguinte ele está limpo novamente. O mesmo aconteceu com sua namorada Linda, que ao ser possuída transformou-se numa criatura hedionda repleta de feridas sangrentas e quando Ash a amarrou numa mesa para esquartejá-la com uma moto-serra, ela estava totalmente com o rosto normal e limpo. Como os demônios estavam manipulando a mente de Ash, criando confusões entre ilusão e realidade, essas cenas podem não ter o menor efeito.

O filme foi lançado no Brasil também em DVD com distribuição em banca pela LW Editora e a seção de Extras traz uma coletânea de 20 minutos com filmagens de testes de cena, onde podemos ver o nome do filme como sendo Book of the Dead (Livro dos Mortos), provável título inicial que depois foi alterado para o conhecido The Evil Dead (aliás, bem melhor e menos convencional). Outra coisa interessante notada no final dos créditos do disco é uma frase com a seguinte tradução aproximada: The Evil Dead, a experiência definitiva em horror repulsivo. (aliás, também concordo).

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Para concluir: apesar de The Evil Dead ter sido conduzido por um diretor e atores ainda estudantes muito jovens e em início de carreira; ter um roteiro clichê com uma história simples e óbvia (porém elementos como cabanas abandonadas em florestas fantasmagóricas e povoadas por demônios são sempre alguns dos melhores ingredientes para um filme assustador); e ter efeitos especiais toscos (fato perfeitamente compreensível pelo baixíssimo orçamento da produção), o filme é um dos mais cultuados na história do cinema de horror e faz parte de qualquer lista dos mais preferidos de qualquer fã do gênero, geralmente liderando o topo das preferências, provando que mesmo com pouco dinheiro, mas com muito talento, pode-se fazer uma obra-prima de valor inestimável.

(N.A. 4: Uma pequena base desse texto foi escrito originalmente em 1989 e publicado no fanzine “Megalon”, abordando os primeiros dois filmes da trilogia. Foi atualizado em outubro de 2002 (quando o filme completou 20 anos), acrescentando mais informações e novas impressões pessoais sobre a obra, e novamente atualizado em 06/01/10.)

Conheça os personagens e seus atores

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Ash (Bruce Campbell)

Ashley ‘Ash’ J. Williams é um sujeito simples, bom caráter, sorridente e matador de demônios. Ele entrou na trilogia como um rapaz covarde e saiu como um herói, o único capaz de matar demônios em qualquer época. Foi forçado a enfrentar os seus amigos possuídos, inclusive a namorada, quando eles foram possuídos pelos demônios kandarianos. Teve a coragem de cortar a própria mão que já não mais obedecia a seus comandos e de transformá-la numa motosserra. Enfrentou um exército de mortos vivos, liderados por uma versão demoníaca dele próprio. Tudo isso sem deixar de lado o bom humor, típico dos heróis das histórias em quadrinhos. E agora vaga numa realidade alternativa, podendo estar num futuro distante ou num supermercado enfrentando o Mal e os clientes ruins.

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Campbell não necessita de apresentações. É um ator de filmes B consagrado em atuações como no papel que fez de Elvis em Bubba Ho-Tep. Também esteve em outros filmes curiosos como My Name is Bruce e Man With the Screaming Brain.

Cheryl (Ellen Sandweiss)

Cheryl é irmã de Ash. Ela é a primeira a notar a presença de forças maléficas nos bosques. Quando foge para lá, ela é estuprada de forma violenta pelas árvores, o que altera o humor de qualquer um. Com isso, fica louca e acaba sendo facilmente possuída pelo demônio. Ash e seus amigos a prendem no porão da casa. Quase no final do filme, ela escapa de sua prisão e quase mata o próprio irmão, distraído.

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Ellen Sandweiss esteve em Within the Woods, filme de 1978 que deu origem ao clássico The Evil Dead e também atuou no curta Shemp Eats the Moon ao lado de Bruce Campbell e Sam Raimi, seus colegas de faculdade. Após atuar como Cheryl, a atriz desapareceu das telas, só retornando em 2005 com Satan’s Playground, de Dante Tomaselli. A partir daí, fez também o terror The Dread, as comédias de humor negro, My Name is Bruce (com Bruce Campbell), e Brutal Massacre: A Comedy (com Betsy Baker) e, por fim, o terror The Rain. A atriz também gravou episódios da série Dangerous Women (com Betsy e Theresa Tilly/Sarah York), atuando como Cheryl.

Linda (Betsy Baker)

Linda é a namorada de Ash. Do grupo, ela é a mais sensata, segura e madura. Cheryl a apunhala no tornozelo com um lápis No 2. Ela é possuída pelo demônio, mas de forma inofensiva. Passa a maior parte do tempo cantando “We’re gonna get you, we’re gonna get you. Not another peep, time to go to sleep” (Nós vamos pegar você; nós vamos pegar você, sem mais um olhar, hora de dormir). Ash tenta enterrá-la, mas ela o ataca, forçando-o a decapitá-la.

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Antes de atuar em The Evil Dead, Betsy Baker esteve numa produção para a TV, Word of Honor, em 1981. Depois de interpretar Linda, a atriz sumiu dos estúdios de gravação até 1990, quando fez o drama Appearances. Dezesseis anos se passaram até a Betsy resolver fazer o curta The Cat’s Meow em 2006. Daí por diante não parou mais de trabalhar, fazendo aparições em séries de TV como Dangerous Women (com Ellen e Sarah York/Theresa Tilly) e ER e outros curtas. Em 2007, a atriz voltou a encontrar a companheira Ellen Sandweiss e outros astros do gênero no terror-humor Brutal Massacre: A Comedy, de Stevan Mena. Betsy também produziu o curta Life After Dead: The Ladies of the Evil Dead, documentário de Gary Hertz.

Scotty (Hal Delrich)

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Scotty é o mais bem-humorado do grupo. Na primeira metade do filme, ele aparenta ser o o herói, enfrentando os demônios com ousadia e competência. É dele que surge o erro mais tosco do filme, quando o personagem simplesmente aparece com um novo penteado e roupa na mesma cena. Aos 43 minutos, decide procurar sua namorada (Shelly) pela casa e olha em todos os cômodos. Na cena em que ele olha para dentro de uma banheira, vocês podem reparar claramente que o visual do ator (cabelo seco e depois lambido e roupas) que abre as cortinas não é o mesmo do que vira o rosto depois. È a típica cena filmada dias depois e que o figurinista come bola.

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Dez minutos depois o ator novamente refez algumas cenas e seu visual diferente pode ser claramente notado. Detalhe: é uma cena seguida da outras, mas ninguém percebeu até hoje…O demônio está segurando seu pescoço, mas como ele conseguiu mudar o cabelo e as roupas tão rapidamente?

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Depois de The Evil Dead, Hal Delrich mudou de nome para Richard DeManincor e só apareceu no filme Crimewave, de 85, dirigido também por Sam Raimi, com Bruce Campbell no elenco.

Shelly (Sarah York)

Shelly, figura materna do grupo, é a namorada de Scotty. Shelly é possuída pelo demônio, quando está trocando de roupa no quarto. Ela ataca Scotty no banheiro, quando ele a procura (cena citada acima). Shelly-demônio é atirada na lareira, mas Scotty a tira de lá. Ela o ataca e ele é obrigado a desmembrá-la com um machado.

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Sarah York fez o curta Torro. Torro. Torro!, de Scott Spiegel, antes de atuar em The Evil Dead. Depois mudou o nome para Theresa Tilly e apareceu num episódio da série Designing Women, de 87. e no filme para a TV, Appearances, de 1990, ao lado de Betsy Baker. Fez Debutante, de 98, e episódios das séries Ryan Caulfield: Year One e Family Law, em 99, e Six Feet Under, em 2001. Cinco anos depois, estaria no curta Projectorhead e, no ano seguinte, em Brutal Massacre: A Comedy (com Ellen e Betsy). Recentemente, entrou para o elenco da série Dangerous Women, com suas colegas de The Evil Dead. Também produziu o curta Life After Dead: The Ladies of the Evil Dead e também The Ladies of the Evil Dead Meet Bruce Campbell , ambos de 2007.

Curiosidades

– O filme foi rodado com o título Book of the Dead, escolhido por Sam Raimi. Na hora do lançamento, entretanto, o produtor Irvin Shapiro exigiu a mudança para The Evil Dead temendo que as pessoas fossem ver o filme achando que continha citações literárias, sendo que o tal “Livro dos Mortos” aparece muito pouco na trama.

– A cabana abandonada onde o filme foi rodado era, realmente, uma cabana abandonada! E que pegou fogo, misteriosamente, alguns anos após as filmagens!

– No porão da cabana, é possível ver um pôster do filme Quadrilha de Sádicos, de Wes Craven.

– A voz do professor na gravação encontrada pelos jovens é do ator Bob Dorian, que não foi creditado.

– O líquido branco que os humanos possuídos por demônios cuspiam era leite. Raimi usou isso não só para mostrar que o “sangue” dos demônios era diferente, mas também conseguir uma classificação mais branda da censura, do que se usasse um sangue parecido com o real.

– A cena do sangue escorrendo sobre um projetor de cinema é uma homenagem de Sam Raimi a um amigo de escola, Andy Grainger. Quando Raimi e Bruce Campbell contaram a Grainger sobre a ideia para um filme, este respondeu: “Façam o que fizerem, deixem o sangue escorrendo na tela o tempo todo“. E assim foi feita uma homenagem literal.

– A cabana usada para as filmagens não tinha porão. Assim, os produtores fizeram um buraco no piso, cavaram um pouco e colocaram um pedaço de escada, para as cenas onde alguém aparecendo entrando no porão. Sempre que os personagens estão caminhando no cenário do porão, as filmagens foram realizadas na garagem da casa de Sam Raimi.

– Supostamente, o personagem de Bruce Campbell se chama Ashley “Ash” J. Williams, mas nem em The Evil Dead, nem em qualquer outro dos filmes da série, o nome de batismo do personagem é citado. Neste primeiro filme ele é chamado duas vezes de Ashley, e o restante do tempo de “Ash“. Mesmo assim, o nome completo pegou e todo fã da série o conhece.

– As misteriosas palavras ditas pelo professor na gravação, e que tem o poder de despertar os demônios, são fragmentos da frase “Rob Tapert e Sam Raimi are the men on the side of the road” (Fulano e Beltrano são os homens do lado da estrada), entregando a participação especial do diretor e do produtor Tapert no início do filme, logo depois do carro onde estão os cinco amigos quase bater num caminhão.

– Um dos macabros desenhos no interior do Livro dos Mortos é uma reprodução da pintura “The Great Red Dragon and the Woman Clothed With the Sun“, de William Blake. Este desenho tornou-se famoso como elemento principal do livro Dragão Vermelho, de Thomas Harris, onde o serial killer é “possuído” pelo dragão do desenho. O detalhe também é mostrado no remake Dragão Vermelho.

Evil Dead foi um dos primeiros filmes a ser proibido na Inglaterra devido ao excesso de sangue e violência.

– Os atores possuídos por demônios normalmente eram substituídos por dublês com maquiagem carregada, que representavam os demônios. Os irmãos de Sam, Ted e Ivan Raimi, e o amigo Scott Spiegel (diretor de Um Drink no Inferno 2), foram dois destes dublês.

Sam Raimi fez a voz da força demoníaca que grita “Join us! Join us!” aos personagens.

– A atriz Betsy Baker faz uma cena em que tenta apunhalar Ash, cambaleando pela sala como se fosse cega. Bem, a atriz realmente não estava enxergando nada, graças às lentes de contato brancas, e realmente não fazia noção de onde Bruce Campbell estava!

– Há uma cena cortada, mostrada no DVD lançado em banca no Brasil, que acontece logo depois que todos os amigos de Ash são transformados em demônios. Ele sai da cabana e começa a gritar desesperado, antes de destruir o vidro de uma das janelas da cabana com um chute.

– O filme foi lançado nos EUA em uma versão especial para colecionador, em um estojo de plástico que imitava a capa do Livro dos Mortos mostrado na história.

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Juvenatrix

Uma criatura da noite tão antiga quanto seu próprio poder sombrio. As palavras são suas servas e sua paixão pelo Horror é a sua motivação nesse Inferno Digital.

19 thoughts on “A Morte do Demônio (1982)

  • 15/09/2020 em 23:15
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    Revendo agora 2020 continuo achando muito bom pois marcou minha infância, era um dos filmes q me assustava, porém devo admitir que o filme envelheceu bem pelos efeitos e discordo que nao há humor negro pois mesmo qnd era criança já achava meio engraçado a parte do demônio rindo com a voz irritante… E por incrível que pareça eu continuo preferindo o segundo filme, acho as atuações melhores, inclusive a do Bruce, além de achar foda a cena do demônio cantando mockinbird no porão ?

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  • 25/02/2020 em 16:03
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    revendo em pleno 2020 me traz grandes recordações e posso falar que este é o masterpiece do cinema de horror mundial. dei uma olhada em criticas em sites e se ve uma geração que cultua filmes de super herois e cheios de efeitos especiais e não tem o feeling para desfrutar de uma obra tão visceral que foi criada com baixissimo orçamento e na raça então não se deve levar os defeitos tecnicos em consideração. assisti no cinema em 1987 e revi inumeras vezes em vhs e dvd. muitos vejo que fazem confusão com o prequel evil dead 2 falando de terrir e grande diversão na comedia. não consigo ver esta comedia toda no primeiro filme, se tem toques de humor negro mais não alivia em nada a atmosfera sombria e macabra. claro que para mulecada de hj não vai divertir pois estão acostumados a uma outra jornada cinematografica.

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  • 27/05/2016 em 22:38
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    Não vejo aterrorizante na aquele dia que não existe nada bom na tv, esse filme é passa tempo,eu gosto.

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  • 05/12/2015 em 15:23
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    O autor da crítica perde totalmente a credibilidade ao afirmar que não há humor negro nesse filme. As cenas com a Linda possuída comprovam que ele está redondamente enganado. Há uma cena em particular que sempre me faz dar gargalhadas: aquela em que o Ash dá várias pauladas na namorada e a desgraçada não pára de rir. Aliás, o Juvenatrix fala de Evil Dead como se ele fosse um puta filme sério e “pesado” como O Exorcista, mas quem já viu esse filme sabe que ele não é bem assim, muito pelo contrário… mas nem por isso deixa de ser um bom filme.

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  • 02/10/2014 em 17:35
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    Um dos clássicos absolutos do gênero. 1 trilhão de vezes superior ao medíocre remake que fizeram.

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  • 09/04/2014 em 14:43
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    Realmente, um verdadeiro clássico do Terror!
    A primeira vez que vi esse filme, morri de medo, porque era um VHS com a imagem escura, então, não pude ver muita coisa; mas os sons da cena da mão me assustaram tanto que devolvi a fita à locadora no dia seguinte.
    O engraçado é que algum tempo depois, comprei o segundo em VHS, mas não sabia que essa obra vinha junto. Claro, que fiquei com medo, porque o filme me assustou pra caramba. E mesmo assistindo o DVD, com a imagem clara e nítida, a cena da mão me assustava muito, tanto que nem queria ver… Mas hoje, posso assistir o filme todo sem problema nenhum.
    Qualquer um que não visto essa obra, deveria vê-la, antes de assistir ao fraco remake, por favor.
    Altamente recomendado para aqueles que gostam de sangue, violência, tripas expostas e sustos verdadeiros.

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  • 28/02/2014 em 04:29
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    Clássico, clássico, clássico…

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  • 25/11/2013 em 19:21
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    Esse é um filme de terror que realmente cumpre com louvor seu papel de mexer com os nervos da audiência. É terror em toda a acepção da palavra.

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  • 18/04/2013 em 00:20
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    Alguns amigos meus conversavam outro dia sobre como o terror japonês de 90, muito especialmente o Ringu, representou uma reforma importantíssima no que diz respeito a isso que o Juvenatrix define como o primeiro subgênero. Não me lembro de ter visto em filmes anteriores (e é claro adoraria um feedback) uma representação de um espírito que fosse material,mas ao mesmo tempo tão gélida, coagulada, necróptica e sutil como a Sadako nessa sequência japonesa em que o sangue é perfeitamente um elemento de perturbação coadjuvante. Mas pouca gente se lembra de uma primeira revolução que o o cinema Japonês realizou 38 anos antes: acho muito válido observar que um dos passos mais decisivos na formação desse segundo sub-gênero trata-se de um filme japonês de 1960 chamado Jigoku, que muitos acusam como um dos primeiros trabalhos a explorarem o “gore” como elemento motivacional do horror e não de forma contingente como muito provavelmente “O cão andaluz” do Dali o fez primeiro. Ele é de fato uma obra fantástica e seria muito legal rolasse um artigo dele por aqui! Esse será um ano muito especial para o Gore!!

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  • 17/04/2013 em 21:43
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    já que todo mundo aki ta puxando do saco dessa merda de filme eu venho fazer o oposto, esse filme é uma bosta e tenho certeza que o remake vai ser infinitas vezes melhor que o original, alias melhor não que o primeiro não vale nada então não vou comparar desse jeito

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    • 20/04/2013 em 23:52
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      Man, você realmente não assistiu o mesmo filme que eu. Falar que Evil Dead (Original) e uma bosta, você tá de brincadeira… Com o orçamento, atores e tecnologia da época, Evil Dead é um excelente filme. E na boa, não gostar desse filme e a mesma coisa que não gostar de filme de terror.

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    • 21/04/2013 em 08:44
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      ESSE FILME É MUITO BOM CARA,PRINCIPALMENTE PRA SUA ÉPOCA,CLÁSSICO ABSOLUTO DO TRASH,MAS SE VC NÃO GOSTOU VEJA O REMAKE ,QUE É ÓTIMO TBM E MAIS ATUAL

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  • 15/04/2013 em 21:22
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    Comprei meu DVD num abanca de revista…, e hoje em dia, adoro ver e rever o filme de vez em quando… FILMAÇO

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  • 14/04/2013 em 19:24
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    Filmaço , também tenho o dvd de banca , saiu em blu ray pela sony mas não em dvd que é uma pena por sinal o blu ray da sony está muito bom. resumindo é um filme clássico que não pode faltar para os fãns de terror..

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  • 14/04/2013 em 00:55
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    excelente²²²²² review.
    mto bom mesmo, não vi o original, apesar de não ser da “minha época” gosto muito dos clássicos (até me assustam mais do que as superproduções atuais)… como o exorcista orignal , por exemplo.
    Estou ansioso com o novo the evil dead, mas espero ver o clássico também em breve 😉

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  • 13/04/2013 em 23:23
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    Evil Dead é um marco na minha adolescência. Ah, a era do VHS! Lembro quando comprei o porco DVD nacional lançado na banca, que da metade do filme pra frente simplesmente ficava sem legenda alguma!

    Filme obrigatório para qualquer fã do terror artesanal caseiro e improvisado, na minha opinião, e por artesanal quero dizer que naquela época o baixo orçamento fazia com que fôssemos brindados com a máxima criatividade dos caras, que tinham que conceber as máscaras e feridas com “ingredientes” mesmo. Hoje em dia é tudo por computação, e por mais que o sangue atualmente pareça mais caprichado, ele sempre terá aquele tom artificial que não convence. Ou eu estou sendo muito conservador e nostálgico, heHe!

    Desde pequeno eu tenho assistido a muita coisa que tem o dedo de Sam Raimi, Rob Tapert, Ted Raimi e Bruce Campbell, como Hércules e Xena – a Princesa Guerreira, sendo Tapert o maridão de Lucy Lawless (a Xena); Ted Raimi, o Joxer, o bobalhão de Xena; e Bruce, o Autólicus – Rei dos Ladrões de Hércules e Xena.

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    • 14/04/2013 em 01:34
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      KKK tambem tenho esse dvd ate hoje!! lembro quando assisti pela primeira vez na band bem de madrugada… e sempre que repetia o filme eu nao perdia! ate conseguir gravar em vhs na epoca. E pronto assistia inumeras vzs! ate conseguir comprar um aparelho de dvd e comprar o dvd do filme na banca.Que lixo!! as legendas sumiam eu ficava puto!!kkkk… mais foi bons tempos aqueles. Tenho outro classico o Fome animal gravado daquela epoca.

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    • 15/04/2013 em 21:43
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      Interessante. Eu tenho esse DVD de banca – o primeiro que comprei na vida – e ele não tem esse problema com legenda, não… Mas eu tive o prazer, ainda, de ter visto esse clássico no cinema. Pura emoção.

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      • 17/11/2016 em 04:03
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        Eu também tenho esse dvd de banca e ele não tem esse problema não, mas pesquisei e por acaso vi que foi lançado duas versões diferentes no mesmo tempo, pois os primeiros dos um eu tenho de bjc como ele vem com a arte original de capa no disco, já a segunda versão vem com o disco todo preto e o nome do filme, e os boxe eram pretos o que é bem melhor do que o brancos, esse segunda versão veio alguns em boxe pretos e brancos, deve ser essa segunda versão que tem problema, pois os filmes qu eu tb comprei na banca veio todos direitinhos.

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