Lenda Urbana
Original:Urban Legend
Ano:1998•País:EUA, França Direção:Jamie Blanks Roteiro:Silvio Horta Produção:Gina Matthews, Michael McDonnell, Neal H. Moritz Elenco:Jared Leto, Alicia Witt, Rebecca Gayheart, Michael Rosenbaum, Loretta Devine, Joshua Jackson, Tara Reid, John Neville, Julian Richings, Robert Englund, Danielle Harris, Natasha Gregson Wagner, Gord Martineau, Kay Hawtrey, Brad Dourif |
Aconteceu com alguém que conhece alguém que você conhece. Essa é a base das chamadas Lendas Urbanas, mitos populares contemporâneos que se espalham pela sociedade, sem comprovação real dos acontecimentos. É diferenciado do folclore clássico e das lendas antigas com o acréscimo do termo “urbana“, embora nem sempre aconteça na cidade, mesmo com suas mais conhecidas histórias se passarem em áreas urbanas. Apesar dos brasileiros estarem acostumados com essa denominação, ela é usada pelos americanos desde 1968, tornando-se popular com uma série de livros do inglês Jan Harold Brunvand, publicados a partir de 1981. No entanto, foi em 1998, no fervor da era do horror teen e sua explosão com Pânico, de Wes Craven, que chegou aos cinemas – no Brasil, em 27 de novembro – o slasher Lenda Urbana, dirigido por Jamie Blanks (que depois faria O Dia do Terror, de 2001), com roteiro de Silvio Horta e produção de Gina Matthews, Michael McDonnell e Neal H. Moritz.
Com um orçamento estimado em U$14 milhões, o filme atingiu a marca de U$38 nos EUA e U$72 pelo mundo, o que impulsionaria a realização de uma segunda parte em 2000, nos mesmos moldes. Mesmo com os lucros da produção, o longa foi acertadamente massacrado pela crítica, tendo como base o site Rotten Tomatoes, que apontou o consenso: “Elementos de Pânico reaparecem num veículo vastamente inferior.” O elenco de jovens rostos conhecidos das séries e filmes não foi suficiente para disfarçar um roteiro absurdo e extremamente óbvio, seguindo a fórmula do estilo ad litteram. Há, é claro, algumas doses de entretenimento, relacionadas aos inúmeros sustos apelativos e a tentativa de descobrir a identidade do assassino, mas não evitam uma avaliação negativa graças a um roteiro exageradamente infantil.
Na cena inicial – a tradicional primeira e mais elaborada morte -, a jovem Michelle Mancini (Natasha Gregson Wagner) dirige seu carro numa noite de tempestade ouvindo na rádio a clássica música romântica Total Eclipse of the Heart, de Bonnie Tyler. Quando nota que a gasolina está acabando, ela pára num posto para abastecer, sendo atendida pelo assustador gago Michael McDonnell (Brad Dourif). Depois de chamá-la para verificar um problema com o cartão de crédito, Michelle o segue até o caixa do posto, onde percebe que o atendente trancou a porta. Acreditando se tratar de um louco, a garota o acerta com spray de pimenta, quebra a janela e foge com seu carro, sem ouvi-lo gritar que alguém se esconde no banco traseiro. Surge uma figura encapuzada armada com um machado e difere um único e fatal golpe, decapitando violentamente Michelle. Embora a sequência seja divertida, não consegue esconder suas inúmeras falhas e coincidências que facilitam o desenvolvimento do roteiro. É óbvio que o assassino contou com a sorte:
– Michelle não tê-lo visto no banco traseiro, desde o momento em que entrou no carro.
– O veículo estar sem gasolina próximo a um posto.
– O atendente ter uma aparência assustadora e ter preferido levá-la para dentro do posto ao invés de simplesmente alertá-la no próprio carro. Devido a dificuldade na fala, ele podia ter escrito um bilhete e entregue para a moça, junto com o cartão.
– Ela conseguir fugir do local, sem ouvir qualquer sinal de alerta.
– A morte de Michelle não ter ocasionado um acidente trágico com o veículo.
É esse início exagerado que irá ditar o ritmo de Lenda Urbana. O público é então apresentado aos demais jovens e possíveis assassinos: Parker Riley (Michael Rosenbaum), o rapaz que contará aos demais a lenda urbana envolvendo a faculdade: Stanley Hall Massacre, onde um professor enlouquecido teria matado vários estudantes há 25 anos; ele namora com a radialista Sasha Thomas (Tara Reid), locutora de um programa bastante ousado, envolvendo dúvidas sobre sexo; a boazinha Natalie Simon (Alicia Witt), melhor amiga de Brenda (Rebecca Gayheart); o engraçadinho Damon Brooks (Joshua Jackson) e o repórter do jornal local Paul Gardener (Jared Leto), interesse amoroso de Brenda. Também desfilam entre os jovens, a gótica e colega de quarto de Natalie, Tosh Guaneri (Danielle Harris); o Professor William Wexler (Robert Englund), que convenientemente está discutindo sobre lendas urbanas em suas aulas; um estranho faxineiro (Julian Richings); o reitor Dean Adams (John Neville); além da policial do campus, fã de Pam Grier, Reese Wilson (Loretta Devine).
Depois de uma brincadeira na aula, numa simulação de sua morte, Damon consegue convidar Natalie para um passeio noturno. Ele leva alguns foras e decide se afastar para urinar, quando é capturado pelo assassino para gerar a segunda lenda, a do rapaz enforcado no teto do carro. Novas coincidências – parar nas proximidades de uma árvore; o assassino estar por perto e conseguir enfrentar o rapaz – fazem com que Natalie se afaste do local e ocasione a morte de Damon. Ao chamar a polícia, não há mais nenhum vestígio do crime, dependendo ainda da sorte do jovem ter alertado os amigos sobre uma viagem que faria. Convencida de que alguém no campus está matando seguindo as lendas urbanas, Natalie inicia uma investigação com o apoio do jornalista Paul, relacionando os assassinatos a um acontecimento do passado, seja o massacre na faculdade ou uma outra lenda que teria ocasionado a morte de um jovem.
A gótica Tosh é a próxima vítima. Viciada em Lítio, ela costuma marcar encontros sexuais no apartamento com estranhos. Ela é morta, coincidentemente quando Natalie entra no apartamento e resolve não acender a luz, realizando a lenda “Não está feliz por não ter acendido a luz?“. As coincidências continuarão servindo o roteiro para gerar outras vítimas: cão no microondas; alerta de faróis apagados; envenenamento com uma mistura tóxica e da radialista, morta durante a transmissão ao vivo de seu programa. Há outras lendas mencionadas na produção, como Bloody Mary; a música Love Rollercoaster, de The Ohio Players, que teria um grito de um assassinato real; a da babá que recebe um telefonema de dentro do quarto das crianças; e até de ovos de aranha como parte da receita secreta de Bubble Yum.
Fazer uso das lendas urbanas para um documentário ou até mesmo uma sátira ao gênero, até daria certo. Jamais um slasher sério, em que um assassino precisaria depender de várias coincidências para eliminar suas vítimas. Pior ainda é saber que grandes rostos do gênero seriam disperdiçados nessa produção ruim: Brad Dourif, responsável pela criação da voz do boneco Chucky (este nem quis os créditos); Robert Englund, o eterno serial killer dos sonhos, Freddy Krueger; a jovem scream queen Danielle Harris de Halloween 4, Halloween 5, Halloween: O Início, Halloween 2, Terror no Pântano 2, ChromeSkull: Laid to Rest 2, entre outros; Julian Richings, de Cubo, Pânico na Floresta, das séries Sobrenatural e Hemlock Grove.
Se já não bastassem os absurdos e coincidências do enredo, o ápice do nonsense ocorre na sequência final quando o(a) tal assassino(a) resolve prender a mocinha para contar seus planos malignos numa típica cena daquelas produções baseadas em quadrinhos. Por mais ridículo que possa parecer, ele/ela decide apresentar o motivo de seus atos com slides e fotos dos envolvidos, fazendo o público rir de tamanha idiotice. E ainda resiste a balas de revólver, queda de uma janela, vidro dianteiro do carro e até uma ponte para permitir uma cena final e a possibilidade de uma continuação.
Mesmo tendo feito parte da era de ouro do horror teen, Lenda Urbana só possui méritos pelo entretenimento proporcionado discretamente e nada mais. Uma avaliação mais aprofundada não consegue deixar de lado suas inúmeras falhas e coincidências do roteiro, deixando-o cada vez mais distante de sua inspiração original, o famigerado Pânico, de Wes Craven. Deveria funcionar como a base de sua trama, tendo o boca-a-boca servindo para evitar que a produção alçasse voos tão altos como uma lenda urbana: alguém que conhece alguém que disse saber de uma pessoa que assistiu e não gostou.
Curiosidades
– Gerou duas continuações: Lenda Urbana 2 (2000) e uma pavorosa versão sobrenatural intitulada Lenda Urbana 3: Blood Mary (2005), dirigida por Mary Lambert, da adaptação Cemitério Maldito (1989).
– O roteirista Silvio Horta faz uma ponta na cena do auditório.
– Quando Paul e Natalie invadem o escritório do professor Wexler, um boneco do Freddy Krueger pode ser visto antes de aparecer o machado. Como sabem, Robert Englund fez o clássico vilão dos sonhos na franquia original de A Hora do Pesadelo.
– Quando o personagem de Joshua Jackson pára o carro para xavecar Natalie, pouco antes de sua morte, na rádio pode-se ouvir a canção “I Don’t Want to Wait“, de Paula Cole, tema do seriado Dawson´s Creek, que Joshua participava.
– No fim do filme, um grupo de estudantes está discutindo a série de assassinatos ocorridos no filme como se fosse uma lenda urbana. Uma delas diz que conheceu Brenda dos comerciais Noxzema. Realmente, a atriz Rebecca Gayheart, que interpreta Brenda, fez os tais comerciais na época. O sobrenome da personagem é Bates, o mesmo do assassino do clássico “Psicose“.
– A dificuldade na fala de Brad Dourif no começo do filme é algo que o ator já havia feito em Um Estranho no Ninho. Curiosamente, seu nome não aparece entre os créditos de Lenda Urbana. Seu personagem, Michael McDonnell, é o mesmo nome de um dos produtores do filme.
– O autor do livro “The Encyclopedia of Urban Legends“, consultado por Natalie, é Charles Breen, que também é o nome que aparece do médico na garrafa de Lítio. Charles William Breen é o desenhista de produção do filme.
– O assistente de direção de arte, John MacNeil, também foi homenageado nas páginas do jornal que contava a tragédia do passado, com esse nome como autoria de um dos textos. O mesmo aconteceu com o primeiro assistente de direção, David McAree, que é nome do repórter que contou sobre a morte da estudante Michelle na TV. Já o responsável pela Arte de Produção, Benno Tutter, teve seu nome no jornal que foi mostrado no slide na cena final.
– O carro do assassinato de Michelle no começo era para ser um Land Rover, mas acabou sendo alterado para um Ford Expedition quando descobriram que no original não daria para erguer um machado no banco traseiro.
– Sarah Michelle Gellar aceitou fazer o papel de Sasha, mas houve conflitos na agenda com as filmagens de Buffy, A Caça-Vampiros. Depois o papel foi oferecido para Jodi Lyn O’Keefe, que teve que desistir porque já estava escalada para Halloween H20.
– Os trajes do assassino foi escolhido porque a produção imaginava que a história se passaria no inverno rigoroso, com inclusão de neve. Chegaram a usar neve falsa para criar o aspecto, mas não deu certo. Ainda assim mantiveram o agasalho.
– O tema em latim da universidade – e que aparece em várias cenas do filme – significa em inglês “The Best Friend Did It“, já dando uma pista sobre a identidade do assassino(a).
Foi com esse filme que aprendi a ter a mania se sempre olhar o banco de traz do carro!
Assisti hoje e digo que vale a pena. Apesar dos vários furos, é um típico slasher dos anos 90 e pra quem viveu a adolescência e ama a cultura dessa década, como eu, é um prato cheio. A identidade do assassino também me surpreendeu. Recomendo
concordo plenamente com vc! lembro que nunca conseguia pegar esse filme na locadora, ate que iria passar na Tela Quente, e eu estava a noite. Resultado: tive que sair mais cedo da aula heeheh
Eu também.
Kkkkk
A trilogia Pânico renovou o gênero nos anos 90, e Lenda Urbana e Eu sei o que vocês fizeram no verão passado são crias no mínimo interessantes, claro que o pânico é superior pois inaugurou esta retomada do slasher.
Ai eu digo, desde quando só pq um filme é veterano, os demais não podem ser tão bons quanto ou até mesmo melhor?!
amo essen filme.faz uma critica sobre o dia do terror por favor
Mesmo sendo um filme sem nexo, eu adoro! Primeiro, por ter no elenco os atores responsáveis por Chucky e o Freddy Krueger, que são os meus preferidos! Depois, pq as mortes são bem legais e a história prende bastante a atenção! Eu assisto direto na HBO!
Marcelo, eu amo Lenda Urbana. É como o pessoal comentou aí sobre nostalgia: esse filme tava na minha sacola de VHS pelo menos 2 de cada 5 vezes que eu saía da locadora. Adoro a falta de conexão dos acontecimentos, adoro cada personagem, por mais unilateral que sejam, adoro as correrias, as mortes, o “mistério” do assassino e a revelação do mesmo. É um daqueles “lixos” dos anos 90 que são memoráveis pra mim. Alicia, Jared, Tara, Joshua, Loretta, Rebecca, o futuro “Lex” de Smallville, o Englund… pra mim, isso era um baita elenco na minha adolescência!
Gosto muito de “Lenda Urbana”, nem ligo pros furos e me divirto. Absurdos à parte, consegue criar seus bons momentos, como a morte no carro no inicio, totalmente imprevisível, a perseguição da Tara Reid ótima também. E pra quem foi pré-adolescente no final dos anos 90, impossível não bater aquela nostalgia revendo. Assisti no cinema em dezembro de 1998.
man,eu amo esse filme e tanta coisa absurda,saudades desse tempos que nada tinha logica,esse ai tem tanta coisa sem,logica,infelizmente hoje em dia tudo tem que ser bem explicadinho
Maldito Chris Nolan
assistir esses dias nos canais hbo e um bom passatempo.
também achei o filme muito divertido , não dá pra levar tão a sério é só assistir e se divertir.
Divertido. O melhor de todos… pq o TERCEIRO… aff…
É bem divertido,mas ainda acho o 2º filme um pouco melhor.
eu gosto muito desse filme,pois não se leva a sério e mesmo assim consegue ser divertido,mas eu concordo com tudo que vc falou meu velho.
Acho que vi em 2007/2008 e com a pior das expectativas, pois muita gente falava mal. Mas eu gostei. É inferior ao “Pânico” e ao “Eu sei o que vocÊs fizeram no verão passado”, mas é legal. Agora, as continuações… São horríveis, principalmente o terceiro filme.
Assisti lenda urbana ja faz mais de dez anos, não lembro muita coisa do fime, mas lembro de ter gostado bastante se bem que era muito novo e me contentava com qualquer tranqueira. E também por sem um filme bem popular até, achava que se tratava de um bom slasher .