Dançando com o Mal
Original:Witchcraft V: Dance with the Devil
Ano:1993•País:EUA Direção:Talun Hsu Roteiro:James Merendino, Steve Tymon Produção:Michael Feifer, Drew Peloso Elenco:Marklen Kennedy, Carolyn Taye-Loren, Nicole Sassaman, David Huffman, Lenny Rose, Freddy Andreiuci, Kimberly Bolin, Ralph Sturges, Richard Skillman, Greg Grunberg |
Desta vez o demônio quer mais do que simplesmente a sua alma
Após assistir uma hora e meia do filme Dançando Com o Mal (Witchcraft V: Dance With the Devil, 1993) e ler a tagline promocional reproduzida acima, numa notória falta de originalidade, podemos realmente dizer e concordar que o demônio quer mais do que a nossa alma. Ele principalmente quer a nossa paciência para conseguir assistir um filme tão ruim e descartável como esse, que curiosamente faz parte de uma série totalmente desconhecida com o manjado nome de Witchcraft, e que por incrível que possa parecer tem treze filmes já produzidos.
A história é tão ridícula que não vale a pena registar mais do que algumas linhas com a sinopse. Um discípulo satânico chamado Cain (David Huffman, em seu único filme na vida) está na Terra com o objetivo de coletar almas para o inferno em quantidade suficiente para trazer seu mestre Satã entre os homens através de um ritual de magia negra. Para isso, ele conta com a ajuda de uma loira gostosa, Marta (Nicole Sassaman), que antes de se juntar aos seguidores do demônio costumava seduzir clientes levando-os a um motel para roubá-los. Além da moça, que continua usando sua beleza para seduzir as vítimas, Cain é auxiliado por um jovem advogado, William (Marklen Kennedy), que uma vez hipnotizado num show de magia num clube noturno, passa a ser um forçado mensageiro do diabo, matando e capturando almas para Cain realizar o ritual satânico. Enquanto pessoas são assassinadas, a namorada de William, Keli (Carolyn Taye-Loren, que conseguiu a proeza de fazer uma pequena ponta em Scanner Cop, 94) e o Reverendo Meredith (Lenny Rose), que foi possuído por um antigo espírito conhecido por Softra, rival de Cain, tentam ajudar William a se libertar do mal e combater o objetivo de invocar Satã na Terra.
O filme é ruim demais, os atores são inexpressivos e amadores, a produção é paupérrima, o roteiro é horrível de tão sem graça, com uma infinidade de furos e clichês que não funcionam em nenhum momento. A trilha sonora é de filme pornô, onde inclusive os realizadores procuram se apoiar, apelando para a exibição de cenas de sexo e mulheres peladas peitudas. Aliás, a única coisa que se salva são as atrizes gostosas (mas péssimas em interpretação), com seus seios fartos à mostra como é o caso de Marta, Keli, e da secretária do Rev. Meredith (cujo personagem nem tem nome e o papel é feito por Kimberly Bolin). Na verdade, tem mais um pequeno ponto positivo, que é a frase dita por Cain ao tentar convencer William em se tornar um discípulo de Satã: É o ódio que move o mundo. Ódio e medo. Independente de qual foi a idéia dos roteiristas com a citação dessa frase, seu conteúdo tem uma certa similaridade com a realidade de nosso mundo, principalmente quando vem à mente a violência das guerras irracionais travadas ao redor do planeta.
Porém, isso não é o suficiente para deixarmos de classificar Dançando Com o Mal (que nome óbvio e sem criatividade…) como um péssimo exemplo de cinema de horror. Não tem uma história no mínimo decente. Não tem ação nem mortes convincentes, nem suspense, nem clima de horror, nem porra nenhuma. Tem pouco sangue e violência, muito tédio e cenas mal filmadas como por exemplo uma sequência de exorcismo, quando uma praticamente de feitiçaria, Anastasia (Aysha Hauer), tenta livrar William da hipnose que o faz agir em nome do mal. A cena é tão ridícula e mal feita que acredito que qualquer grupo de amigos com uma câmera na mão é capaz de fazer melhor num vídeo independente. Sem contar o desfecho, com uma luta de espadas entre Cain e William, super previsível e tão patética que é difícil acreditar no que estamos vendo. O filme pode ser considerado um exemplar genuíno de cinema trash, ou seja, ruim sem ser proposital, pois os produtores estavam tentando fazer o melhor possível, mas por causa de pura incompetência o resultado final ficou um lixo. Mas, ao contrário de muitos outros filmes trash, esse dificilmente conseguirá garantir algum entretenimento para o espectador, com exceção da farta exibição dos peitos das mulheres peladas.
Dançando Com o Mal foi lançado em DVD no Brasil com distribuição nas bancas, num mesmo disco com o filme A Lenda da Múmia (The Legend of the Mummy, 1997), de Jeffrey Obrow e com Louis Gossett Jr., baseado em livro de Bram Stoker, e encartado na revista DVD World Special número 24 Ano II, da Editora D+T. O lançamento foi no final de outubro de 2004, para aproveitar comercialmente a famosa comemoração do Dia das Bruxas (Halloween) em 31/10, festa popular nos Estados Unidos e que agora também veio para o Brasil, comprovando nossa incrível e lamentável submissão cultural em relação aos americanos. O DVD traz como material extra apenas uma biografia curta do ator Marklen Kennedy, que é tão desconhecido que não faz a menor diferença.
Witchcraft é mais uma daquelas séries de horror completamente obscuras e desconhecidas, sendo difícil de acreditar que se constitui numa franquia com tantos filmes produzidos. São no total treze, todos com subtítulos apelativos e óbvios demais, e dirigidos por gente que nunca ouvimos falar antes e provavelmente jamais iremos voltar a ouvir seus nomes: Witchcraft (1988), de Rob Spera, Witchcraft II: The Temptress (92), de Mark Woods, Witchcraft III: The Kiss of Death (91), de Rachel Feldman, Witchcraft IV: The Virgin Heart (92), de James Merendino, Dançando Com o Mal (Witchcraft V: Dance With the Devil, 93), de Talun Hsu, Witchcraft VI: The Devil´s Mistress (94), de Julie Davis, A Hora do Terror (Witchcraft VII: Judgment Hour, 95), de Michael Paul Girard, Witchcraft VIII: Salem´s Ghost (96), de Joseph John Barmettler, Witchcraft IX: Bitter Flesh (97), de Michael Paul Girard, Witchcraft X: Mistress of the Craft (98), de Elisar Cabrera, Witchcraft XI: Sisters in Blood (2000), de Ron Ford, Witchcraft XII: Lair of the Serpent (2002), de Brad Sykes, e, finalmente, Witchcraft 13: Blood of the Chosen (2008), de Mel House.
Para finalizar, fica um pequeno protesto: enquanto bombas como esse Dançando Com o Mal são lançadas em formato digital no Brasil, uma imensidão de filmes infinitamente superiores, de todas as épocas e sub-gêneros, estão ainda inéditos por aqui…
o Filme é tão ruim que gerou várias continuação, impressionante ! imagine se fosse bom..
se não tem porra nenhuma que preste então é melhor deixar pra lá,valeu por avisar.