Fantasmas de Sodoma
Original:Il fantasma di Sodoma
Ano:1988•País:Itália Direção:Lucio Fulci Roteiro:Lucio Fulci, Carlo Alberto Alfieri Produção:Antonio Lucidi, Luigi Nannerini Elenco:Claudio Aliotti, Maria Concetta Salieri, Robert Egon, Jessica Moore, Teresa Razzaudi, Sebastian Harrison, Joseph Alan Johnson, Domiziano Arcangeli |
Numa época em que o cinema fantástico italiano andava mal das pernas, Lucio Fulci foi responsável por uma penca de filmes esquisitos que não combinavam com o seu potencial. Uma dessas produções foi The Ghosts of Sodom, um estranho filme de horror/nazi-exploitation que combina elementos de A Catedral, Garotas da SS, Terror nas Trevas e, pasme, até de O Anjo Exterminador, de Buñuel.
A mistura é indigesta, e o resultado é tosco e indigno do mestre Fulci. Ele já estava numa decadência tremenda, longe da época em que fazia filmaços como La Pretora e A Casa do Cemitério, e este terrorzinho barato mal serve para tampar o buraco do dente. Convencional, estúpido e pouco sangrento, ele acaba servindo mesmo só pela curiosidade de ter cenas inseridas em A Cat in the Brain (1990), onde o diretor decidiu reutilizar filmagens de muitos dos filmes menores que fez no fim dos anos 80/começo dos anos 90, numa estratégia que lembra muito Delírios de um Anormal (1978) de José Mojica Marins.
A história de um grupo de amigos que ficam presos num casarão assombrado por fantasmas nazistas é relativamente original, e poderia render algo muito melhor se o maestro Fulci se dedicasse a explorar a personalidade das suas vítimas e sua relação com os fantasmas. Também é bastante interessante o fato de o filme começar numa espécie de found footage, com os nazis filmando suas orgias enquanto a guerra acontece do lado de fora do casarão. Há também uma subversão na caracterização dos fantasmas, que preferem seduzir as suas vítimas a matá-las. Mas todos esses elementos imaginativos são desperdiçados sem dó nem piedade pelo fraco roteiro de Fulci em parceria com Carlo Alberto Alfieri.
Já a cena final poderia ser muito decepcionante, se houvesse ainda alguma expectativa por parte do espectador. Só que até aí, já estamos cansados e frustrados, e mesmo o final feliz forçado é recebido com alívio. A única coisa que realmente deixa alguma impressão é aquela cena inicial, feita numa época em que o found footage ainda estava longe de se estabelecer. Parece que o próprio Fulci sabia disso, já que decidiu reutilizá-la depois. Fica a dica: fique com A Cat in the Brain. Não só você vê um filmaço, como tem acesso às únicas cenas boas desta obra menor de um dos maiores diretores de gênero da Itália.
Mais uma bosta defecada do cerebro (leia-se anus) do demente e picareta fulci.