Housebound (2014)

2.8
(6)

Housebound (2014)

Housebound
Original:Housebound
Ano:2014•País:Nova Zelândia
Direção:Gerard Johnstone
Roteiro:Gerard Johnstone
Produção:Luke Sharpe
Elenco:Morgana O'Reilly, Rima Te Wiata, Glen-Paul Waru, Ross Harper, Cameron Rhodes, Ryan Lampp, Mick Innes, Bruce Hopkins David Van Horn

Casas assombradas foram uma das primeiras fontes de medo do cinema de horror. Sempre há algo de assustador em um lugar amplo com cantos escuros quando você não sabe se alguém morreu por lá ou se não foi construída sobre um cemitério indígena. A fonte é ampla e já foi explorada inúmeras vezes com resultados variados, mas certamente nenhuma delas mostrou uma mistura tão estranha do que no recente neozelandês Housebond.

Obra de estreia do diretor e roteirista Gerard Johnstone, o filme aposta no balanço entre uma história convencional de horror (a manjada casa assombrada com um passado sombrio), repleto de tensão, com um humor exagerado e pastelão, fazendo o espectador esperar ansioso pela próxima reviravolta absurda ou pelo próximo susto em iguais doses de importância.

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Nossa heroína acima de qualquer suspeita é Kylie (Morgana O’Reilly), uma rebelde sem causa. Já na abertura do filme ela usa uma gigante marreta e uma banana de dinamite para abrir um caixa eletrônico. A polícia aparece repentinamente e ela até que tenta fugir, mas fica presa em uma lombada, sendo capturada mais uma vez. Depois de entrar e sair de clínicas de reabilitação múltiplas vezes, a justiça resolveu dar um basta e ela terá de cumprir prisão domiciliar (com direito a tornozeleira) por intermináveis oito meses.

Voltar a morar com sua mãe Miriam (Glen-Paul Waru) e seu padrasto Graeme (Ross Harper), na casa de onde fugiu muitos anos antes, mostra-se uma penúria: ela falastrona e totalmente frívola, ressentida, rabugenta, mas que tenta olhar sempre pelo lado bom das coisas; ele, não abre a boca para nada e prefere se manter alheio. Kylie só quer que o tempo passe rápido, evitando os dois, assistindo televisão e comendo toda a comida da casa, sem levantar uma palha para ajudar na limpeza.

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Miriam acredita que existe um fantasma na velha casa no bosque mal cuidado e isolado da cidade. Ela chega a ligar para um programa de rádio sobre paranormalidade para falar sobre isto, e apesar de Kylie a principio apenas desdenhar, logo ficará convencida que há algo muito errado naquela que foi a residência de sua infância. Ela encontra um aliado em Amos (Glen-Paul Waru), o oficial de segurança encarregado pelo monitoramento da tornozeleira que calha de ser um caçador de fantasmas nas horas vagas (uma versão amadora de Specs e Tucker do filme Sobrenatural).

Entre uma péssima sessão de terapia e outra com o condescendente e infantilizado conselheiro Dennis (Cameron Rhodes), Amos e Kylie começam uma investigação, primeiro dentro da própria casa, depois no bizarro vizinho hábitos reclusos (Mick Innes). Movidos pelas aparências, cada nova descoberta transforma completamente a anterior, colocando luz nos sombrios fatos históricos da residência e no perigo real que a família toda está correndo.

O roteiro é intrincado, só que as contas não fecham no final, com muitas pontas soltas e alguns monólogos explicativos desnecessários que deixam a produção menos dinâmica, agravada pelo fato de que Housebond dura mais do que deveria. Só que a quantidade de cenas hilariantes e tiradas inteligentes (sempre calçado na trama principal) deixa este detalhe passar quase despercebido. Não posso escrever muito sobre o risco de prejudicar o leitor interessado com spoilers, mas tente imaginar cenários onde dentaduras podem resolver crimes, um xilofone usado como arma de defesa e como o diretor oscila entre diversos subgêneros do horror – fantasmas, slashers, psycho killers – para contar sua história da forma mais esquisita possível. E, acredite, funciona!

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Todos os personagens tem divertidos e oportunos desvios de caráter, com Morgana O’Reilly formando uma protagonista excelente, que precisa lidar com um grande conflito interno (ela jamais gostaria de ficar na casa, só que ela também não vai sair até resolver o mistério). Contudo quem brilha é Rima Te Wiata, como a mãe antissocial e falastrona da anti-heroína, roubando a cena em todas suas aparições. Uma pena que os demais personagens secundários apareçam tão pouco ou não tenham a mesma importância na trama que os demais.

Com uma atmosfera perfeitamente construída por Gerard Johnstone em meio ao caos e excelentes valores de produção e fotografia, Housebond se mostra uma grata surpresa, um filme cheio de reviravoltas, diversão e comédia despudorada de um jeito bem britânico e sangrento. Edgar Wright ficaria orgulhoso.

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Média da classificação 2.8 / 5. Número de votos: 6

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Gabriel Paixão

Colaborador e fã de bagaceiras de gosto duvidoso. Um Floydiano de carteirinha que tem em casa estantes repletas de vinis riscados e VHS's embolorados. Co-autor do livro Medo de Palhaço, produz as Horreviews e Fevericídios no Canal do Inferno!

5 thoughts on “Housebound (2014)

  • 18/03/2024 em 21:11
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    A protagonista é bonita e enfezadinha. O filme entrega o que promete

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  • 11/08/2015 em 01:26
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    Eu A-M-E-I esse filme! Que surpresa qdo o selecionei ao acaso no netflix americano. Super diferente de tudo que já vi. Recomendo.

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  • 05/06/2015 em 02:31
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    Só tenho de agradecer ao Boca por me apresentar esse filmaço recomendo a todos.

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  • 05/02/2015 em 01:16
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    Achei bem legal, no começo eu não dava nada por ele, mas depois me surpreendeu!

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  • 16/12/2014 em 19:14
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    Comecei a assistir sem muita expectativa, mas o enredo me prendeu e acabei assistindo tudo. Não é um filme aterrorizante, é mais um suspense com pitadas de humor e umas reviravoltas interessantes, vale a pena assistir.

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