Rejeitados Pelo Diabo (2005)

3.3
(7)

Rejeitados pelo Diabo (2005) (7)

Rejeitados pelo Diabo
Original:The Devil's Rejects
Ano:2005•País:EUA, Alemanha
Direção:Rob Zombie
Roteiro:Rob Zombie
Produção:Mike Elliott, Andy Gould, Marco Mehlitz, Michael Ohoven Rob Zombie
Elenco:Sid Haig, Sheri Moon Zombie, Bill Moseley, William Forsythe, Ken Foree, Matthew McGrory, Leslie Easterbrook, Geoffrey Lewis, Priscilla Barnes, Dave Sheridan, Kate Norby, Lew Temple, Danny Trejo, Dallas Page, Brian Posehn, Michael Berryman, P.J. Soles, Ginger Lynn, Jossara Jinaro

Não adianta, ou você ama ou odeia o trabalho de Rob Zombie. Nem estou falando de sua carreira de músico (que particularmente admiro bastante) e sim das suas aventuras no mundo do Cinema. Zombie coleciona com a mesma intensidade admiradores e detratores e seu Casa dos 1000 Corpos é um dos maiores exemplos de ame/odeie da sétima arte. Após o calvário que foi a produção e lançamento de Casa e depois de diversos cortes, roteiro re-escrito, montadores demitidos e o escambau, o filme finalmente estreou nos EUA. E como disse virou mais um daqueles casos de ame/odeie que rendem bate-bocas violentíssimos pelos fóruns da vida. Eu quando o vi achei um porcaria sem tamanho! Confuso, chato e nem cumpria a promessa do diretor e de tantos sites de que seria um dos filmes mais sádicos e violentos dos últimos tempos. Ah, tá…

O grande problema mesmo é que a tal versão que foi para os cinemas norte-americanos e para nossas locadoras foi a versão cortada em mais de 20 minutos (!!!) da versão original, ou seja quem sabe vai que a director´s cut de Zombie faça com que o filme seja menos pior. Por isso eu decidi deixar de acompanhar a saga de Rob Zombie no mundo do Cinema e por isso nem dei bolas para a continuação Devil´s Rejects (aqui batizada de Rejeitados pelo Diabo) e nem me preocupei em ler nada sobre a produção. Quando tive a coragem de alugar o filme pensando que seria uma bomba, até que me surpreendi! Não sei o que Rob Zombie tomou ao cometer o péssimo A Casa dos 1000 Corpos mas ainda bem que ele parou. Isso porque esta sequência é um filmão! É um dos mais violentos, sádicos, dementes e tensos dos últimos anos e sinceramente nem sei como conseguiu ser produzido tendo em vista a falta de coragem que assola o cinema norte-americano dos últimos tempos.

O filme como todos sabem é a sequência de A Casa dos 1000 Corpos mas pode ser normalmente visto como um filme independente já que a espinha dorsal do roteiro é totalmente diferente do primeiro filme, uma mistura (indigesta, diga-se de passagem) de Massacre da Serra-Elétrica com Aniversário Macabro e outras pérolas. Já este segundo tem todo um jeitão de faroeste e road movie com um toque de Assassinos por Natureza.

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O filme começa com uma operação de busca e destruição à casa dos Firefly, palco das atrocidades do original. Enquanto a família psicopata está dormindo tranquilamente, o xerife Wydell (o ótimo William Forsythe) dá voz de prisão e um tiroteio acontece na casa. Mas dois dos loucos, o sádico Otis (Bill Moseley, o Chop Top de Massacre da Serra-Elétrica 2) e Baby (Sheri Moon, esposa de Rob, que reprisa seu papel) conseguem escapar ao passo que a matriarca da família é presa pelas autoridades. A Mãe Firefly é interpretada por Leslie Easterbrook, que os fãs de comédia dos anos 80 devem reconhecer como a Tenente Callahan, a policial peituda da série Loucademia de Polícia (e confesso a musa de minha infância), aqui substituindo Karen Black.

O filme então se concentra na escapada de Otis, Baby e ainda de Capitão Spaulding (Sid Haig de Kill Bill 2), o palhaço do primeiro filme. E pode esperar pelas situações mais sádicas e revoltantes! Pra se ter uma ideia enquanto esperam Capitão Spaulding para fugirem juntos, os maníacos se escondem em um motel de beira de estrada e infernizam a vida de um quarteto musical, o Banjo e Sullivan, composto por Roy (Geofrey Lewis do western Sela de Prata de Lucio Fulci), Gloria (Priscila Barnes, de 007 Permissão Para Matar), Adam (Lew Temple, xerife na prequel de Massacre da Serra-Elétrica) e Wendy (Kate Norby)

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Essa é a parte mais cruel e revoltante do longa, onde Otis e Baby brincam das formas mais sádicas com a pobre banda. Pra se ter uma ideia já começam despachando o roadie deles com um tiro no olho à queima-roupa. Não quero entregar muito, mas vou dizer que um deles leva uma facada no peito e outro tem a pele do rosto arrancada e usada como máscara por Otis, assim como o Leatherface dos velhos tempos. Sem contar o chocante atropelamento de um deles por um caminhão! Como já disse não quero contar muito pra não estragar o prazer e quem sabe aliviar a tensão que você terá ao assistir ao filme, o que posso adiantar é que essa sequência é uma das mais revoltantes e chocantes e que chegou a me dar a vontade de pular dentro da TV e esganar os psicopatas!

Após a chegada do Capitão Spaulding, eles decidem se esconder no prostíbulo de Charlie (Ken Foree, do clássico Despertar dos Mortos de George Romero) que tem como assistente Clevon (ninguém menos que o feioso gente fina Michael Berryman, o eterno Pluto de Quadrilha dos Sádicos). Na ala das prostitutas, destaque para uma cantora desconhecida dos anos 80, EG Daily, que compôs músicas divertidas como Mind Over Matter, que tocou no clássico da Sessão da Tarde Curso de Verão.

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Só que paralelamente a isso o incansável xerife Wydell tenta a todo custo pegar os fugitivos. Isso porque quer vingar a morte do irmão George (Tom Towles, o Cooper da refilmagem de A Noite dos Mortos-Vivos), aquele que tomou um tiro na cabeça da Mãe Firefly no primeiro filme, se lembram? Aliás, numa cena bem sacada o xerife conversa com o espírito do seu irmão falecido que clama por vingança e pede que o irmão mate todos eles. Sempre recitando passagens bíblicas e chegando a ser tão ou mais sádico que os psicopatas, William Forsythe rouba a cena sempre que aparece e é impossível não torcer para o xerife mesmo que ele se torne tão cruel a ponto de se igualar ou ultrapassar os psicopatas no quesito sadismo. Só que os assassinos fizeram tanta lambança que é impossível ter pena deles.

Pois o xerife quer matá-los fora dos olhares da polícia e por isso contrata dois mercenários Rodo (Danny Trejo, que apareceu em Um Drink No Inferno e um monte de filmes onde precisam de um mexicano mal encarado) e Billy (o lutador Diamond Dallas Page). Com os tais mercenários. pretende sequestrar os psicopatas e administrar uma pequena sessão de tortura antes de matá-los.

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O roteiro, também escrito por Zombie, tem bons momentos e ainda insere ótimas piadas que não estragam o filme e servem como válvula de escape para toda a tensão e sadismo que permeiam o longa. As melhores envolvem o núcleo do prostíbulo, onde em uma cena até Star Wars é citado e o personagem de Michael Berryman tenta explicar para Foree a diferença entre robôs e droids! Sem contar outro momento em que um vendedor de frangos explica aos personagens de Foree e Berryman como comer um frango no mau sentido. O núcleo da polícia não deixa por menos e há uma cena engraçadíssima onde até Elvis Presley é citado por um hilário e revoltado crítico de cinema que culpa o Rei por ter morrido três dias antes de Groucho Marx e com isso ter roubado todas as manchetes dos jornais!

E além do filme ser ótimo, as participações especiais de atores consagrados do gênero fazem descer uma lágrima de todo fã de horror que se preza só por ter a chance de vê-los de volta à ativa. Eu mesmo como não quis ler nenhuma notícia ou algo relacionado ao filme me surpreendi ao ver tantas participações especiais! Onde mais poderíamos ver no mesmo filme Michael Berryman, Ken Foree, P.J. Soles (de Halloween e Carrie fazendo ponta como uma mãe que tem o carro roubado), sem contar atores legais e injustiçados como William Forsythe, que apareceu em dezenas de filmes como coadjuvante e até apanhou do Steven Seagal, coitado! Tem ainda Danny Trejo, Leslie Esterbrook (que dá um show como a matriarca ensandecida) e Michael McGrory (de Peixe-Grande), que reprisa o papel do gigante Tiny, e que infelizmente morreu no fim das filmagens. Inclusive o filme é dedicado à sua memória. Ainda tem Steve Railsback, que encarnou Ed Gein no filme homônimo sobre a vida do psicopata, e até Ginger Lynn, a famosa atriz pornô dos anos 80 que aqui faz a mulher dos sonhos de Capitão Spaulding. De todo o elenco, Ken Foree especialmente está hilário como o cafetão Charlie sempre verborrágico e com um jeito de falar bem típico dos negros norte-americanos.

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Como eu disse, é estranho como um filme como Rejeitados tenha conseguido ver a luz do dia, isso porque é muito sádico, cruel, tenso e, desculpem a palavra, filho da puta (no bom sentido claro). A ambientação anos 70 (o filme se passa em 78) ainda faz parecer que é um filme da época por todo o sadismo e sensação de no future da década. Se não fosse a câmera inquieta (que confesso algumas vezes incomoda, como em algumas cenas que não necessitam do recurso) e a montagem videoclipe, passaria normalmente como um filme dos anos 70. Zombie também evoluiu muito na direção e cria várias tomadas lindas como a casa dos Firefly em chamas ou as tomadas aéreas de auto-estradas que de tão bonitas serviram de plano de fundo para os créditos finais. Zombie ainda cria duas sequências embaladas somente por canções sendo a melhor delas exatamente a final onde mostra o derradeiro destino dos vilões/protagonistas embalada por uma canção do grupo Lynyrd Skynyrd, que em certos momentos pontua a ação.

Efeitos digitais são pouquíssimos, a maioria para exaltar um tiro ou ferimento e sempre são necessárias ao longa, nada gratuito. Na verdade o diretor queria usar na maquiagem recursos que existiam somente nos anos 70, mas a necessidade de cumprir o calendário de filmagem o fez optar por efeitos digitais.

Mas Rejeitados tem seus erros. Zombie ainda insiste na mania de balançar a câmera a todo momento, até nas cenas que não necessitam do recurso (as de diálogos por exemplo), sem contar que há um sem número de takes de closes, planos fechados e supercloses que são usados à exaustão. Quando Rob perder esses seus vícios da época de videoclipeiro seus filmes ficarão cada vez melhores. E o que dizer da cratera no roteiro que Zombie deixa passar! Ou será que ninguém naquele motel ou no posto de gasolina vizinho sequer ouviu os tiros ou gritos de socorro das pobres vítimas do Banjo e Sullivan? E Zombie ainda se esquece do personagem do vovô interpretado pelo falecido Dennis Fimple no primeiro filme. Mesmo que o ator tenha falecido, não custava nada fazer no mínimo uma citação para saber o paradeiro do personagem. Bem, agora pretendo contar segredos da trama, então se você ainda não viu o filme pule o parágrafo abaixo pois ele conta detalhes importantes.

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Lá pro clímax do filme, o xerife Wydell consegue agarrar os assassinos e os leva para a casa deles e administra uma básica sessão de tortura. Vou contra a maré das críticas feitas ao filme nas quais todos rasgam seda para Bill Moseley e seu personagem Otis. Quem rouba a cena do filme mesmo é o xerife Wydell e no último ato não poderia ser diferente! Wydell é a voz do povo no filme, faz tudo o que gostaríamos de fazer com os bandidos! Primeiro ele grampeia fotos das vítimas no corpo dos três, além de dar choque e porrada em todos! Ele até prega as mãos de Otis numa cadeira! O filme desanda mesmo quando Zombie decide matar o xerife Wydell permitindo que a família Firefly escape. Eu mesmo cheguei a pensar que o diretor iria poupá-los para uma terceira parte e já estava me preparando para brincar de frisbee com o DVD quando finalmente Zombie decide dar cabo dos seus heróis em uma cena bem realizada (a tal embalada pela canção do Lynyrd Skynyrd). Ainda bem, né?

Aproveito também para puxar a orelha das distribuidoras que não tiveram a ideia de lançar o filme em nossos cinemas! Mesmo sendo uma sequência, o filme pode ser encarado facilmente como algo independente e o entendimento dos fatos até que não necessita obrigatoriamente de se ter assistido ao primeiro filme. Continua sendo lamentável que filmes ótimos como este não dêem as caras na tela grande enquanto tralhas malditas como Amaldiçoados gastam película a rodo em nosso país.

E confesso que seria um prazer imenso ver a reação desses adolescentes bobocas ao verem um filme tão violento como Rejeitados, ou iriam calar a boca e guardar os celulares luminosos ou quem sabe mijar nas calças e ir correndo pro colo da mamãe!

Mas o que se esperar de um país onde atrasam em um ano o lançamento da refilmagem de Massacre da Serra-Elétrica por talvez ser muito chocante? Só a título de comparação se o remake de Massacre é uma viagem ao inferno (como eu já vi escreverem), Rejeitados é uma excursão sem intervalos a todos os círculos infernais com direito a uma visitinha ao demônio Malebólgia no fim da viagem!! É um filme cruel, triste, sangrento, sádico, revoltante, tenso e ótimo! Não foram poucas as vezes que me levantei de onde estava sentado de tão nervoso que estava! Rejeitados tem todo o clima e tensão de filmes dos anos 70 como Quadrilha de Sádicos e O Massacre da Serra-Elétrica só pra citar os mais famosos.

Sinceramente, acho que existem dois Rob Zombie. O que cometeu A Casa dos 1000 Corpos e o que deu vida a este Rejeitados pelo Diabo. Ao primeiro desejo que nunca volte, ao segundo dou boas vindas e espero que faça o favor de nunca sumir.

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Bruno C. Martino

É escritor e ator. E tem uma predileção por filmes de vampiros saltitantes chineses.

13 thoughts on “Rejeitados Pelo Diabo (2005)

  • 12/10/2021 em 14:02
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    uma porcaria de filme, perdi meu tempo, e isso nem é terror

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  • 13/06/2018 em 17:55
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    Eu realmente não gostei de A casa dos 1000 corpos, mais pelo final “sobrenatural”, quanto a Rejeitados pelo Diabo , assisti como se fosse um outro filme sobre a família, gostei bastante, achei violento e bem insano . O final pra mim foi fodástico ao som de Freebird, só eu que torci por eles no final? rsrss

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  • 18/02/2018 em 22:56
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    Cara. Serio? Esse filme não é bom. A casa dos mil corpos eu vi sem pretensões e esperando algum filme trash. E foi menos pior que esse. Confesso que mesmo o primeiro filme sendo uma merda, ele conseguiu me prender com os personagens. Esse filme realmente pode ser assistido sem a necessidade do primeiro porque os personagens não tem a mesma personalidade do primeiro.

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  • 12/07/2016 em 04:26
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    obra prima do terror! parece cliche mas so quem REALMENTE aprecia o genero de terror e ta cansado do lixo que os americanos normalmente nos enfiam goela a baixo nos cinemas vai gostar e apreciar esse filme! Rob Zombie pecou demais na casa dos 1000 corpos mas em RPD se consagrou total!!

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  • 30/11/2015 em 16:10
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    Esse filme lembra ao contrário a seqüência de The Texas Chain Saw Massacre.
    O primeiro The Texas Chain Saw Massacre foi excelente, porém teve aquela continuação bizarra sem pé nem cabeça.
    Já The Devil’s Rejects, foi excelente enquanto o House of 1000 Corpses foi tenebroso.
    Ou seja, tudo é relativo nesse universo paralelo.

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  • 22/10/2015 em 02:25
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    Sabia que Rejeitados foi considerado um dos 10 melhores filmes de 2005 por Stephen King?

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    • 15/11/2018 em 21:30
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      Quem eh Stephen King na fila do pao? Esse velho só escrever história lixo e se acha a autoridade no gênero suspense e terror. …O iluminado mesmo só se tornou ou lenda por causa do Kubrick.

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      • 23/03/2023 em 23:32
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        Concordo plenamente se não fosse o Stanley o kubrik tava na merda e igual ao Paulo Coelho que se deu bem as custa do Raul Seixas que era o genio

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  • 17/07/2015 em 11:30
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    Concordo com você! O filme é muito bom, marcou minha infância!

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  • 24/05/2015 em 04:29
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    Adorei esse filme, com certeza é um dos meus favoritos(Não do Rob é claro, já que só gostei desse).

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  • 19/05/2015 em 14:18
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    Acho esse filme horrível em todos os sentidos! Rob Zombie é um ótimo músico quando se trata de direção de filmes! rejeitados pelo diabo só não consegue ser pior que a casa dos 1000 corpos, que era uma bagunça mais que intragável.

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  • 18/05/2015 em 22:16
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    Rob Zombie = Cocô. Todos os filmes dele são horríveis e esse não foge à regra.

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