A Morte pede Carona 2
Original:The Hitcher II: I've Been Waiting
Ano:2003•País:EUA Direção:Louis Morneau Roteiro:Molly Meeker Produção:Alfred Haber, Oliver G. Hess, Kevin M. Kallberg, Charles R. Meeker Elenco:Jake Busey, Kari Wuhrer, C. Thomas Howell, Shaun Johnston, Marty Antonini, Darcy Dunlop, Duncan Fraser, Mackenzie Gray, Stephen Hair |
Quando o filme A Morte Pede Carona (The Hitcher) foi lançado em 1986, tanto a crítica, quanto o público em geral, rapidamente classificaram a obra como um dos melhores trabalhos sobre o tema: não dar carona para um estranho durante uma viagem, pois este pode ser um psicopata e fazer do seu passeio um inferno. Apoiado em um roteiro eficaz, bom elenco, direção segura e ótimas sequências, o filme serviu como referência para as produções futuras e visto hoje continua por prender a atenção. No entanto, 15 anos depois, foi encontrado um aspecto realmente negativo nesta obra da década de 80, que foi o de gerar uma continuação medíocre que não teve nenhuma das boas características do original.
No primeiro filme acompanhamos o jovem Jim Halsey (C. Thomas Howell, de ET, 1982) em uma viagem pelo interior do Texas, cujo objetivo é levar um carro até a Califórnia. No caminho, ele acaba dando carona a um homem desconhecido chamado John Ryder (Rutger Hauer, de Blade Runner, 1982), que durante o percurso vai se mostrar como um cruel assassino psicopata, disposto a perseguir o pobre Jim de maneira implacável, eliminando sem piedade quem cruzar pelo seu caminho. Para piorar a situação, a polícia fica na procura do jovem rapaz achando que ele é o autor dos crimes cometidos por John.
O principal fator que fez de A Morte Pede Carona um sucesso foi o seu roteiro bem estruturado, escrito por Eric Red (Sangue Ruim, 1988), fazendo com que a trama avance de maneira a deixar o espectador tenso com os caminhos que a história vai tomando. A direção segura ficou a cargo de Robert Harmon (Habitantes da Escuridão, 2000), que soube conduzir de forma sufocante o bom material que tinha em mãos. Um outro aspecto positivo do primeiro filme foi a marcante interpretação de Hauer, que teve no papel do psicopata John um dos pontos altos de sua carreira. Sem máscara ou olhar demente, o assassino feito por ele era sério, como um aposentado mal humorado na fila do banco e por isso mesmo foi visto como um bom personagem. O filme foi lançado, fez sucesso, reprisado várias vezes na televisão e todos pareciam felizes.
Até que, em meados de 2002, surgiram alguns rumores sobre uma sequência, que segundo a mídia de divulgação, seria um filme tão bom quanto o primeiro. Lançado diretamente em vídeo, A Morte Pede Carona 2 (The Hitcher II: I’ve Been Waiting, 2003) acompanha, 15 anos depois, o mesmo Jim , agora um ex-policial, atormentado pelos eventos do passado. Com o objetivo de confrontar seus medos, parte então, ao lado da namorada Maggie (Kari Wuhrer, de Hellraiser: O Retorno dos Mortos, 2005), para uma viagem de carro pelas mesmas estradas desoladas do Texas que ele conheceu tão bem. Tudo vai bem até que o casal se depara com um estranho pedindo carona chamado Jack (Jake Busey, de Twister, 1996). Contra a vontade de Jim e graças à insistência de Maggie para não deixar um desconhecido no meio da estrada pedindo por ajuda, param para o mesmo.
O argumento para esta seqüência é até interessante ao mostrar o sobrevivente do primeiro filme e como os acontecimentos do passado (obviamente) geraram um trauma tão forte que o acompanha desde então, influenciando inclusive o seu comportamento no trabalho e com sua namorada. Geralmente este tipo de enredo, que utiliza o trauma profundo deixado em personagens, rende boas produções. Tal ideia sempre funciona como sugestão de roteiro e parece agradar ao público por mostrar justamente um lado mais humano dos personagens que tanto sofreram e parecem terem encontrado, no ato de encarar o passado de frente, uma possibilidade de finalmente terem paz interior.
A Morte Pede Carona 2 tinha esse caminho pré-estabelecido para percorrer, no entanto, entre uma sugestão de roteiro e a transformação deste projeto para película, existe um longo percurso onde boas ideias muitas vezes se perdem, gerando resultados fracos ou forçados e foi justamente isso que aconteceu com este segundo capítulo. A roteirista Molly Meeker, que tem apenas este trabalho no seu currículo, resolveu aproveitar o personagem sobrevivente do original, o que foi um ponto positivo, mas também decidiu mudar, de forma brusca, os rumos da história, levando a trama a se perder em uma produção previsível, sem maiores atrativos além de mostrar o sobrevivente da vez correndo para lá e para cá. A direção de Louis Morneau (Morcegos, 1999) também não ofereceu nada de muito consistente para o filme, que acaba se arrastando em determinado ponto até o final, já previsível.
Comparando as duas histórias, é impressionante como o primeiro filme se sobressai perante esta sequência. E não apenas no aspecto do roteiro e, sim, como de todo o restante, com destaque para a construção do assassino psicopata de cada produção, que em um filme como este, representa 50% da empatia do público. Se o criminoso feito por Hauer na fita de 86 realmente causava incômodo pela sua forma fria de agir, o assassino desta sequência consegue ser tudo que se possa chamar de caricatural, com frases de efeito, tiradas cômicas e um insistente olhar doentio mal feito.
Aliás, o elenco também é algo bastante divergente com relação à qualidade entre estes dois filmes. Além da diferença entre os assassinos, aqui também se percebe uma falta de maiores habilidades, além de gritar, da mocinha da trama. Se no primeiro filme tínhamos Jennifer Jason Leigh (Mulher Solteira Procura, 1992), que soube dar um pouco de importância para o papel, tanto que o seu desfecho é uma das cenas mais lembradas da produção, temos no segundo uma Kari Wuhrer exagerada e, por consequência, que não convence ninguém. De semelhante entre os dois filmes temos o ator C. Thomas Howell, mas, que neste segundo episódio, tem seu personagem extremamente mal aproveitado.
Resumindo, talvez o melhor conselho para quem termine de assistir este filme seja o de rever o original. Afinal, mesmo sendo um filme antigo, ele continua forte e capaz de prender a atenção, diferente desta sequência.
Segunda Chance:
Se um personagem consegue sobreviver em um filme de suspense, terror ou ficção, é quase certo que ele vai ficar com traumas profundos por anos ou até mesmo décadas e nada melhor para vencer esses medos internos do que tentar enfrentá-los de frente. A Morte Pede Carona 2 aproveita este enredo para criar sua história, assim como outras produções que já utilizaram esse argumento, algumas conseguindo ser bem sucedidas, outras nem tanto.
Halloween H-20: 20 Anos Depois (Halloween H20: 20 Years Later, 1998). Direção: Steve Miner. Elenco: Jamie Lee Curtis, Josh Hartnett e Michelle Williams. Neste sétimo filme da série iniciada em 1978, reencontramos a personagem de Jamie Lee Curtis 20 anos depois dos eventos mostrados no primeiro filme. Alcoólatra e traumatizada com tudo que passou nas mãos do assassino Michael Myers, ela vive com medo da própria sombra, mas ao perceber que o maníaco voltou, se arma com um machado e parte para a vingança por ter perdido 20 anos vivendo apavorada desde que o encontrou. Ela ainda teve uma pequena participação no capítulo seguinte, Halloween: Ressurreição, de 2002.
Pânico 4 (Scream 4, 2011). Direção: Wes Craven. Elenco: Neve Campbell, Courteney Cox e David Arquette. Após sobreviver a três filmes, e consequentemente a três séries de assassinatos, a mocinha Sidney (Campbell) resolve escrever um livro sobre seu passado e acaba se envolvendo em mais uma perseguição do Ghostface.
A Maldição de Carrie (The Rage: Carrie 2, 1999). Direção: Katt Shea. Elenco: Emily Bergl, Jason London e Amy Irving. A então jovem Sue (Irving) testemunhou a fúria de Carrie, uma sensitiva mal tratada por todos, inclusive por ela, que culminou em um massacre ocorrido em pleno baile de formatura do colégio onde estudavam. Passados 20 anos, Sue se tornou conselheira estudantil da mesma escola e ao perceber uma aluna portadora de poderes sensitivos, decide ajudá-la, pois de certa forma, se culpa por ter sido uma das que humilhava Carrie.
Psicose 2 (Psycho 2, 1983). Direção: Richard Franklin. Elenco: Anthony Perkins, Vera Miles e Meg Tilly. Sequência do clássico de Alfred Hitchcock, onde o assassino Norman Bates é considerado apto para deixar o sanatório onde fora confinado 22 anos após os eventos do filme original. Mesmo não sendo, por motivos óbvios, tão bom quanto a obra de Hitchcock, este filme merece ser conferido por mostrar de forma interessante as dificuldades e o drama que o personagem Norman passa ao tentar retornar a ter uma vida normal.
Sexta-feira 13, parte 6 – Jason Vive (Friday the 13th Part VI: Jason Lives, 1986). Direção: Tom McLoughlin. Elenco: Thom Mathews, Jennifer Cooke e David Kagen. Quando criança, o jovem Tommy Jarvis (Mathews) quase foi vítima do assassino Jason. O episódio fez com que o garoto crescesse perturbado com a lembrança daquela noite, até que, já adulto, resolve voltar para Crystal Lake para destruir o cadáver de Jason, que obviamente, ressuscita para perseguir o pobre Tommy, que vai enfrentar novamente o vilão para mandá-lo de vez para o inferno.
Filme pééééééssimo!