2.4
(7)

A Colheita (2004) (2)

A Colheita
Original:Dark Harvest
Ano:2004•País:EUA
Direção:Paul Moore
Roteiro:Paul Moore
Produção:Heather Tanner, Scot Tanner
Elenco:Don Digiulio, Jeanie Cheek, Jennifer Leigh, B.W. York, Jessica Dunphy, Paul Bugelski, Paul Moore

Eu acredito que você que esteja lendo esta análise, assim como cada pessoa que gosta de variar e pegar filmes desconhecidos de vez em quando, tem uma espécie de medida pessoal para quantificar o quão ruim um filme pode ser. Alguns olham o timer do DVD para saber quanto falta, outros apertam o “fast forward” ou simplesmente adormecem e por aí vai. Eu particularmente meço o quanto um filme é ruim pelo número de vezes que eu paro a projeção e vou ao banheiro, para a cozinha ou para qualquer lugar apenas para recompor as ideias antes de retornar para a tortura.

Eu comecei dizendo isto porque bati o meu recorde enquanto assistia A Colheita! Foram tantas vezes que perdi a conta e para ser sincero receava que tivesse ficado mais burro depois que o filme terminou, tal a porcaria que é apresentada nesta produção fuleira de 2004, dirigido e roteirizado pelo mais novo nome na minha lista negra, Paul Moore.

A Colheita (2004) (1)

Você pode ser enganado pela capa que traz um espantalho sinistro que promete ser uma versão de Olhos Famintos, mas depois que você começa a ver o desfile de clichês com um monte de pessoas sem talento em um filme de arrepiar os cabelos de tão ruim, você percebe que não há limites para a picaretagem e a falta de vergonha na cara. Então, sem mais delongas, vamos ao roteiro.

No começo dos anos 30, a seca desolava os Estados Unidos deixando seus fazendeiros desamparados, entretanto o velho fazendeiro com cara de mau, Elijah Baker (Paul Bugelski), é o único que possui uma grande e vistosa plantação de milho.

A Colheita (2004) (3)

Se você está pensando que tem algo sombrio com a plantação está absolutamente certo, porque uma tarde o xerife aparece para questionar Elijah sobre o paradeiro de sua esposa grávida Karen, que desapareceu na noite anterior.

O xerife dá uma olhada no local e descobre que Karen foi morta e colocada no lugar do espantalho e, com isto, ele morre baleado por Elijah, que também morre depois de levar vários tiros do policial auxiliar do xerife. São medíocres seis minutos, mas são os melhores do filme.

Agora estamos nos dias de hoje e Sean (Don Digiulio) está conversando com um advogado que o informa que seu pai biológico morreu e deixou para ele uma fazenda bem bonita no meio do nada (alguém aí disse A Casa do Espanto?). Sean a princípio não liga muito para sua nova propriedade, até porque aquelas terras não têm muito valor, entretanto resolve ir ao local para ver de perto a casa e depois decidir o que vai fazer com ela.

Só pra vocês começarem a ter uma ideia do que estou dizendo sobre o baixo nível, depois desta conversa com o advogado em uma sala com gritantes defeitos de iluminação, Sean sai do escritório e conversa um monte de coisas fúteis com sua namorada Jessica (Amiee Cox) em uma tomada externa – que mais parece com um estúdio ou um palco de teatro – por intermináveis quatro minutos. Ah, tenha dó, a vila do Chaves convence mais do que isto aqui…

Então eis que Sean, Jessica e dois casais vão passar uma noite na fazenda do velho Elijah, mas antes dão uma paradinha na manjada “loja de beira de estrada do velho louco” para fazer umas comprinhas e, obviamente, serem advertidos que aquele lugar é amaldiçoado. “Não vão para lá” e esse tipo de coisa (alguém aí disse Sexta-Feira 13?). Ignorando o precioso aviso, a trupe se encaminha para o lugar.

Mais um monte de diálogos idiotas depois (alguns inclusive machistas e preconceituosos), anoitece, e os amigos se reúnem na sala e dão um tapa no “cachimbinho do capeta“, mas Sean precisa voltar para a loja do velho louco comprar gelo, pois na fazenda não tem geladeira para a cerveja e é claro que no meio da noite a loja estará fechada. Enquanto está de saída dá de cara com uma velha chamada Maggie (Booty Chewning, usando uma maquiagem tão mal feita, que é de morrer de rir), que conta toda a história do bisavô de Sean, Elijah.

Maggie conta que depois de ser demitido de uma fábrica, Elijah resolveu ser agricultor, mas como sua plantação de milho não estava vingando, o homem fez um pacto com o “coisa-ruim” e passou a irrigar suas terras com sangue e todos os anos a safra era cada vez maior (alguém aí disse Colheita Maldita?). Sean custa a acreditar, mas Maggie continua dizendo que na próxima noite será a tal noite da colheita onde os espíritos maus se vingarão pelos crimes de Elijah e blá, blá, blá…

Sean fica assustado e vai embora, porém, quando vai se despedir de Maggie, percebe que não há ninguém lá; os amigos de Sean acham que tudo o que aconteceu é obra da cabeça aditivada do rapaz e vão dormir.

No dia seguinte, todos vão nadar pelados no lago sujo da propriedade enquanto Sean continua conferindo sua herança e talvez procurando saber mais sobre o passado da velha fazenda. A noite cai, a lua cheia aparece e os espantalhos assassinos (que são qualquer coisa, menos amedrontadores) vão começar seu trabalho sujo. As cenas que se sucedem são pessimamente mal-feitas e tão clichês que tem até um meloso “se você ver fulana, diga que a amo…“. Dá vontade de esganar o produtor que colocou a mão no bolso para essa tranqueira.

Depois de tudo isto existe somente uma coisa para se comentar sobre a direção: ela não existe. Sim, Paul Moore deve ter usado aquele cachimbo do Sean e deve ter escrito e dirigido todo essa tranqueira dopado; não há uma única cena em que não se encontre um defeito grave de direção. Em muitas passagens nada acontece, com o diretor privilegiando os diálogos em que as personagens só falam besteiras; até as cenas de nudez conseguem ser desinteressantes de tão sem sentido e, por favor, alguém ensine para o câmera que existe uma técnica básica em cinema que se chama enquadramento e que ela é muito útil para o espectador saber quem está FALANDO em cena…

Falando em técnica, não dá pra entender porque raios a imagem está tão granulada e porque algumas falas na versão original ficam com tanto eco e outras não. E o que dizer da maquiagem e da caracterização dos “espantalhos“? Já começa com aquela mulher com as bochechas fake como eu nunca havia visto antes, então os monstros aparecem e fica pior, porque além de eles não se parecem nem um pouco com o bichão da capa, usam fantasias tão convincentes quanto aquelas que podemos usar no Halloween – isso quando seus olhos não brilham usando um CG muito do sem vergonha. Se servir de consolo, pelo menos a maioria das mortes são off-screen o que nos poupa de ver mais algumas barbaridades, mas que podem ser conferidas no desenrolar dos créditos finais, assim como a estupidez de alguns dos envolvidos no projeto.

Sofrivel é uma palavra suave para classificar o quão péssimo é o elenco. Por exemplo, o tal “mocinho” da história simplesmente diz as suas falas como se fosse um orador (um péssimo orador, diga-se de passagem) e os demais são horríveis também não conseguindo soltar uma expressãozinha de medo sequer, devendo ter saído diretamente de uma risível escola de teatro. Portanto não se surpreenda se você simplesmente esquecer o nome das personagens ou não saber quem é quem.

A Colheita (2004) (5)

As locações é a única parte mais ou menos do filme. Também se você é um diretor e não consegue deixar uma plantação de milho à noite um pouquinho macabra tem mais é que arrumar outro emprego, não é verdade?

Enfim, não dá pra entender como a LionsGate nos Estados Unidos e a Paris Filmes no Brasil tiveram a pachorra de distribuir um filme tão amador, tão clichê e tão inútil como este, enquanto grandes clássicos e novidades independentes continuam esperando na fila. Para nós, espectadores, resta somente aguardar. E eu ainda não cheguei ao pior: a LionsGate está distribuindo duas continuações desta coisa horrenda, sem ligações práticas com o original. Dark Harvest 2: The Maize e Dark Harvest 3: Skarecrow. Vamos torcer para que essas coisas passem bem longe daqui.

Para finalizar gostaria de dizer que se o que a tagline que o cartaz apresenta (“Você colhe o que você planta“) é verdade, eu devo ter condenado a humanidade por merecer assistir um filme como este…

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5 Comentários

  1. Comprei essa tranqueira mais ou menos na época do lançamento (sinceramente não sei o que deu em mim!) e ficou marcado na memória como o pior filme que já tive o desprazer de assistir. Pelo menos eu lembro dele, diferente de outras trocentas porqueiras que já assisti. Então, tem esse mérito. Se é que dá chamar isso de mérito!

  2. Se não me engano, Paul Moore também dirigiu A Presa, em 2006. Aproveitou até Jennifer Leigh do elenco desse A Colheita, mas é outro filme ruim também. Seria um aspirante a Uwe Boll?

  3. Comprei esse filme numa locadora por um preço irrisório. Eu deveria acreditar mais em meus instintos que me diziam para não levar para casa essa bomba. O início até é razoável, mas depois… Tudo soa forçado. As “atuações”, as cenas assustadoras (na verdade não há nenhuma) e a pegação entre as meninas, sem contar nos diálogos risíveis e esdrúxulos que devem ter sido escritos por alguma criança recém alfabetizada. Uma pérola escatológica que faria Harold P Warren invejar. Enfim, uma bobagem descartável que para ser ruim tem que melhorar muito.

  4. Bah, eu vi essa desgraça com o fast forward à toda! Muito ruim! O casal de lésbicas só tá ali pra fazer uma ceninha mequetrefe das duas se pegando no lago… É uma bomba! Mas o meu lado sádico ficou feliz em saber que eu não fui o único a perder tempo vendo essa miséria 😛

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