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O Sono da Morte
Original:Before I Wake
Ano:2016•País:EUA
Direção:Mike Flanagan
Roteiro:Mike Flanagan, Jeff Howard
Produção:Sam Englebardt, William D. Johnson, Trevor Macy
Elenco:Jacob Trembley, Kate Bosworth, Thomas Jane, Annabeth Gish, Dash Mihok, Scottie Thompson

por Marcos Brolia

Mike Flanagan é um dos novos diretores do gênero que vem rapidamente galgando seu espaço dentro do cinema de horror. Recentemente ele emplacou Absentia, O Espelho, Hush: A Morte Ouve, lançado diretamente na Netflix e O Sono da Morte, que estreia com um baita atraso nos cinemas brasileiros esta quinta. Além de estar na cara do gol para o lançamento de Ouija: Origem do Mal, continuação do filme de 2014 da Blumhouse Pictures e escalado como diretor da adaptação para as telas de Jogo Perigoso, de Stephen King.

Dentre seus filmes anteriores, O Sono da Morte é o que mais o aproxima de uma “grande” produção, com orçamento inflado, nomes conhecidos do grande público no elenco, como o casal de protagonistas Kate e Thomas Jane e a sensação mirim Jacob Trembley, do aclamado O Quarto de Jack, que roubou a cena do filme e da última cerimônia de entrega do Oscar®, e consequentemente, uma obra mais mainstream e com dedos de produtores, principalmente em seu final.

Fato é que O Sono da Morte é mais um drama familiar de horror sobrenatural, com toques de fábula infantil, que qualquer outra coisa, que bebe claramente da fonte do J-Horror – que sempre soube como lidar muito bem com essa temática – e recheado de metáforas sobre perda, algo já utilizado pelo diretor anteriormente em Absentia e O Espelho.

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Na trama, Jessie (Bosworth) e Mark (Jane) perdem o filho, que morre afogado na banheira, e resolvem adotar Cody (Tremblay), um garoto afável, introvertido, apaixonado por borboletas, com problemas de sono, que desde a morte de sua mãe, quando bem novo, vem passando por diversos lares adotivos, misteriosamente marcado por sumiços e súbito abandono ou devolução da criança.

Jessie e Mark vão descobrir posteriormente que Cody tem uma espécie de poder paranormal, onde consegue materializar seus sonhos enquanto dorme. Começa com manifestações de borboletas psíquicas aparecendo na casa, até o menino descobrir o que acontecera com Sean (Antonio Romero), o filho do casal, e projetá-lo para seus pais enquanto dorme. Isso faz com que Jessie comece a usar o garoto como uma espécie de projetor, em uma relação um tanto quanto abusiva, para que a imagem espectral do primogênito falecido os visite todas as noites.

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O problema é que o mesmo acontece com seus pesadelos, uma vez que ele é atormentado por uma sinistra criatura denominada por ele como “Homem Cancro”, uma figura disforme e esquelética, projeção de seu subconsciente, que fora responsável pela morte de sua mãe.

O Sono da Morte usa de recursos bastante conhecidos (e batidos) do gênero, como uma criatura feita em CGI, ambientes oníricos, sustos fáceis e a investigação da protagonista sobre o passado do garoto, para que assim ela consiga desvendar o mistério sobre seus sonhos, sua mãe e o tal “Homem Cancro”.

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Mas ao mesmo tempo, seu ritmo mais arrastado, mesmo que climático em alguns momentos, misturado com muito dramalhão, afastará uma boa parcela do público que torcerá o nariz, mas que imputa uma aura mais humana ao longa, tratando da delicada questão da perda vista sob o prisma de uma criança tão jovem que não consegue entender direito ainda aquela situação e suportar tamanho fardo, inclinando para o terror psicológico no sentido bíblico da palavra, emulando um contos de fadas às avessas ao adentrar nos cantos assustadores da psique infantil.

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Mas não escapa de buracos no roteiro e soluções prosaicas, e de um final melodramático até demais, onde pelo menos uns cinco minutos de sua conclusão, extremamente didática e desnecessária devida sua obviedade, poderiam ter sido jogados na lata do lixo da sala de edição. Mas vamos pensar que é um tipo de horror “familiar” – se é que isso existe – que precisa trabalhar em cima de uma mínima estrutura formulaica para fazer sucesso com seu público alvo.

Trembley mostra porque ele é o ator infante queridinho de Hollywood nesse momento, com todo seu carisma – a vontade é de também levá-lo para casa e adotá-lo, até para mim que não tem nenhum traquejo com crianças e não quer ter filhos –, superando toda a atuação no automático do resto do elenco, e Flanagan, mostra que é bom nesse treco de dirigir filmes de terror, sabendo dosar muito bem os enquadramentos, as cenas de suspense, os ataques da criatura e situações de pesadelo, usando o recurso do jumpscare, mesmo que manjado, com parcimônia, manejando a construção de atmosfera e imprimindo uma alta carga dramática, trabalhando a empatia com os personagens, aproximando-os do público, principalmente para quem já sofreu algum tipo de perda na família.

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O Sono da Morte não chega a causar sono, mas está longe de ser um grande filme. Tem suas falhas e clichês, principalmente em seu final, mas funciona ao que se propõe como essa amálgama de terror, drama e fantástico.

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3 Comentários

  1. Meia boca… Não surpreende, mas, também não é uma merda! Vale conferir se houver curiosidade.

  2. Filmeco nada original. Recomendável para casaizinhos “cabeças”, ou para quem não tem absolutamente nada melhor para fazer. Uma caveira.

  3. Filme chato, chatíssimo.
    Mike Flanagan fazendo feio.

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