Objetos Cortantes (2018)

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Objetos Cortantes
Original:Sharp Objects
Ano:2018•País:EUA
Direção:Jean-Marc Vallée
Roteiro:Gillian Flynn, Marti Noxon
Produção:David Auge
Elenco:Amy Adams, Patricia Clarkson, Eliza Scanlen, Chris Messina, Henry Czerny, Matt Craven, Taylor John Smith, Madison Davenport, Miguel Sandoval, Sophia Lillis, Lulu Wilson, Elizabeth Perkins, David Sullivan

Eu nunca fui uma pessoa de séries porque a ideia de acompanhar uma história por anos e me frustrar no final é muito aterrorizante para mim. Por isso, as minisséries e adaptações de livros que tem o objetivo de apenas contar uma pequena história sempre me atraíram mais. Foi assim que Objetos Cortantes apareceu em minha vida.

A produção da HBO conta com oito episódios de aproximadamente uma hora cada, onde vemos adaptado o livro homônimo de Gillian Flynn (a mesma autora de Garota Exemplar, que ganhou um filme (2014) com Ben Affleck e Rosamund Pike). Não li nenhum livro da Flynn… até agora! Depois de Objetos Cortantes irei devorar suas quatro obras com toda a certeza.

Em Sharp Objects acompanhamos a jornalista Camille Preaker (Amy Adams), que trabalha para um pequeno jornal em St. Louis, no estado de Missouri. O editor propõe que Camille volte à sua cidade natal, a pequena e claustrofóbica Wind Gap, para escrever sobre o misterioso assassinato de duas adolescentes. O problema é que essa volta ao lar traz à tona vários traumas de infância da protagonista com a cidade e com sua mãe. Por falta de grana, Camille acaba se hospedando com sua família, que é constituída por: Adora (Patricia Clarkson), a mãe hipocondríaca e super protetora; o padrasto submisso que faz absolutamente tudo o que a esposa pede, Alan (Henry Czerny); e Amma (Eliza Scanlen) a meia-irmã mega mimada. Esta estadia acaba relevando alguns rastros de seu passado e levando ao limite a convivência familiar.

Nos quesitos técnicos, Objetos Cortantes é impecável. O diretor é o Jean-Marc Vallée, o mesmo que encabeçou a premiada minissérie Big Little Lies. As cores, trilha sonora e figurino mudam de acordo com os personagens e dão dicas sobre o que vai acontecer. Camille sempre usa roupas escuras, velhas e que escondem todo o seu corpo, mesmo no calor de Wind Gap. Ao olhar para ela temos a sensação de que a cidade não é tão quente, enquanto isso os outros personagens usam roupes leves com várias marcas de suor (as famosas “pizzas”). A impressão é de que Camille nunca está realmente naquele lugar, buscando refúgio na bebida e ouvindo muito Led Zeppelin para “sair” da realidade. Já sua mãe, Adora, está sempre impecável: só usa branco, roupas leves e “flutuantes”, o que a deixa com ar angelical. Esse contraste ultrapassa os limites da aparência, atingindo quesitos de personalidade e da relação entre mãe e filha.

As cores dos personagens se estendem às imagens da cidade e no clima que ela quer nos passar: tudo parece velho, de outra época. Wind Gap parou no tempo e a família de Adora é “dona” de tudo. Eles ditam as regras do lugar.

Além dos aspectos técnicos, os atores são outro ponto de destaque. O trio de mulheres que encabeçam a história está perfeito. Camille em suas duas idades, a adulta Amy Adams e a adolescente Sophia Lillis (a Beverly Marsh de It: A Coisa (2017)) têm um ar cansado e desesperado, que ditam o tom da personagem. Ela carrega a série com maestria. E Patricia Clarkson e Eliza Scanlen são um show de loucura à parte.

Mas, nem tudo são flores. É uma série de oito episódios, contudo, poderia ser tranquilamente um filme ou série ainda menor. Em certos episódios não acontece nada de muito relevante e acabam valendo a pena apenas pela fotografia. Deixam a desejar narrativamente.

E ao mesmo tempo que a série teve muitos episódios, algumas coisas ficam mal explicadas. Especialmente o que envolve um dos personagens que teve um breve envolvimento amoroso com Camille. Seu desfecho não aparece e nem exatamente o que ele sabia sobre os assassinatos.

Mesmo com pontos negativos, Objetos Cortantes é uma minissérie de respeito. Aborda o horror velado das famílias perfeitas e a responsabilidade que os pais têm sob os traumas dos filhos. Tudo regado a muito suspense, assassinatos e sensação de impotência. Não espere jump scares ou sangue em profusão. O terror aqui é outro e está dentro da nossa cabeça.

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Luana Caroline Damião

Graduada em museologia, fã de faroestes e Christopher Lee, deseja que o mundo acabe com um apocalipse zumbi, onde, certamente, será um dos mortos-vivos.

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