The Doll 2 (2017)

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The Doll 2
Original:The Doll 2
Ano:2017•País:Indonésia
Direção:Rocky Soraya
Roteiro:Rocky Soraya, Riheam Junianti
Produção:Rocky Soraya
Elenco:Herjunot Ali, Luna Maya, Sara Wijayanto, Rydhen Afexi, Maria Sabta, Ira Ilva Sari, Mega Carefansa, Shofia Shireen, Wati Sudiyono

No ano seguinte ao bom lançamento de The Doll na Indonésia, Rocky Soraya já apresentava a continuação filmada no mesmo período, com pensamentos mais distantes. Uma das críticas que seu primeiro filme de terror recebeu foi o de apresentar uma boneca simples, sem uma caracterização que pudesse ser a marca da franquia que pretendia desenvolver. Assim, o prólogo da sequência tratou logo de encerrar as ações malditas da Gwandai de uma maneira que você jamais veria acontecer com o casal Warren de Hollywood: a boneca amaldiçoada havia ficado no quarto de brinquedos de Anya (Shandy Aulia), embora a especialista Laras (Sara Wijayanto) tenha imaginado que o mal havia conseguido obter êxito após a morte de Daniel (Denny Sumargo). Contudo, assim que uma nova família chegou ao local, a filha mais nova foi possuída e, antes de seu último suspiro, contou à parapsicóloga algo como: “Você ajudou Daniel, que tirou minha família. Agora você vai sentir o que é perder alguém que gosta.“. Pressentindo uma influência negativa sobre a filha Shera (Princess Martinez), Laras corre para casa em companhia do irmão Bagas (Rydhen Afexi) somente para visualizar uma cena que remeteu ao corpo de Drew Barrymore em Pânico: a menina jazia enforcada a uma árvore ao lado da babá, com sinais de violência sobre o corpo. O brinquedo de Uci sofre uma combustão espontânea, com a indicação que a vingança finalmente se perpetuou.

Após esse começo ousado, dois anos depois, o enredo apresenta uma nova família, aparentemente feliz: Maira (Luna Maya) é casada com Aldo (Herjunot Ali), com quem teve a pequena Kayla (Shofia Shireen), que gosta de brincar de caça ao tesouro com a mãe e tem uma boneca de olhos grandes chamada Sabrina (teve seu filme próprio posteriormente). A sequência é apenas uma justificativa para a garotinha escrever bilhetes com pistas (devido ao jogo), apresentar alguma influência do brinquedo (à boneca) e mostrar sua predileção por filmagens (às gravações que ela faz com uma câmera). Durante um percurso de carro, numa dada noite de jantar, Aldo sente a ausência do freio no veículo, resultando num terrível duplo acidente e a morte da criança.

Nove meses se passam após a tragédia, e Maira ainda sofre com a perda, assistindo às filmagens da filha e se afastando cada vez mais do marido. Durante a comemoração indevida do aniversário da garota, numa proposta estranha de Aldo, ele pede antes de assoprar as velinhas que Kayla ajude a mãe a ser feliz de novo. Coisas estranhas começam a acontecer na casa, como um som de descarga e a TV que se liga sozinha no desenho animado, em ações que eram habituais da menina em vida. Ao conversar com Elsa (Maria Sabta), que lamenta não ter ido ao enterro mas trouxe presentes para a filha morta (!!!), surge a ideia insana de realizar um ritual de invocação com o auxílio de um item que ela gostava muito (a boneca, claro), velas, cantoria e o apoio de instrumento musical. Havia um alerta nas instruções virtuais de que antes de encerrar o ritual é pedido que sejam feitas orações para o espírito abandonar o artefato que possuiu. Nota-se claramente uma influência do longa Ouija, até mesmo no susto falso que encerra a cena.

Desse modo, a boneca e o fantasma da garotinha (em visual demoníaco, diga-se de passagem) passam a aterrorizar Maira, enquanto ela tenta convencer o marido das ocorrências sobrenaturais na casa. Sem acreditar na esposa, ele a leva a uma psiquiatra, Dra. Dini (Mega Carefansa), e a uma viagem para uma ilha paradisíaca, somente para a assombração segui-los até lá. Então, Elsa propõe o contato com a especialista Laras, desde que esta esteja disposta a fazer alguma coisa, uma vez que a tragédia a afastou de suas tarefas e ela não quer mais ver qualquer boneca que seja, até conseguir um contato com a filha morta. Talvez a ajuda possa vir de Bagas, e trará o envolvimento de mais uma personagem, discreta, na limpeza dos cômodos da moradia.

O que mais impressiona em The Doll 2 é a marca registrada do diretor em seus trabalhos insanos: a violência desmedida, ainda que os personagens se recusem a morrer facilmente. É como imaginar uma versão de Annabelle hardcore, com doses altíssimas de corpos atirados para todos os lados e mutilados, sangue em profusão, mordidas, facadas e tesouradas (sempre elas). Todos os personagens terminam o filme banhados em vermelho, com aparência de dor intensa, ainda que suas roupas dificilmente se rasguem mesmo com tantos furos. Novamente, Soraya utiliza a mesma caracterização dos possuídos, com olhos claros e a pele escura, embora ele tenha ampliado suas feições em Boneca Maldita.

O roteiro tem muitas falhas em sua estrutura, revelando diálogos que não convencem como o de Elsa, que demorou nove meses para visitar Maira, que havia perdido a filha tragicamente. Também erra ao esconder cenas importantes como a que poderia envolver o contato de Shera com Laras, ficando apenas no discurso indireto – e mesmo assim o filme tem quase duas horas! E ainda provoca risos em algumas situações: após a provável morte de determinada personagem, a especialista no sobrenatural é chamada. Ainda que tenham anunciado há algumas cenas que sua casa fica numa cidade distante (Jacarta aparenta ser longe de Bandung), mesmo assim, quando Laras chega ao local, coloca a mão no pescoço da vítima e diz que ela ainda está viva. Por que ninguém fez isso antes ou chamou ajuda médica? Em outro momento, chega a ser hilária a sequência que envolve quatro personagens (isso mesmo, quatro) em um sistema de tubulação de ar, brigando entre eles.

Embora tenha efeitos melhores na movimentação das câmeras pelos cômodos e uma boneca com uma expressão mais incômoda, The Doll 2 está no mesmo nível que o anterior. Todos os elementos do diretor estão ali, graças ao enredo novamente desenvolvido por Riheam Junianti, que, mais uma vez, torna o brinquedo apenas como um elemento de horror, sem muita importância. A longa duração talvez possa incomodar aqueles que curtem uma produção mais enxuta, com menos diálogos e mais dinamismo.

Depois deste e de brincar mais uma vez com a boneca Sabrina em mais uma sequência, Soraya também iniciaria no mesmo ano uma franquia inspirada em O Sexto Sentido e Ecos do Além – assunto para críticas vindouras no Boca do Inferno!

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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