Ad Astra: Rumo às Estrelas
Original:Ad Astra
Ano:2019•País:EUA Direção:James Gray Roteiro:James Gray, Ethan Gross Produção:Dede Gardner, James Gray, Arnon Milchan, Yariv Milchan, Brad Pitt Elenco:Brad Pitt, Tommy Lee Jones, Ruth Negga, Donald Sutherland, Kimberly Elise, Loren Dean, Donnie Keshawarz, Sean Blakemore, LisaGay Hamilton, Bobby Nish, John Finn |
Na CCXP 2018, Rodrigo Teixeira, através de sua RT Features, comentou sobre um novo filme de ficção científica que traria um outro lado de Brad Pitt, numa atuação bastante diferente do que ele já fizera em sua carreira. O trabalho em questão, Ad Astra, de James Gray (de Era Uma Vez em Nova York, 2013), estrelado também por Tommy Lee Jones, chegou aos cinemas brasileiros em 26 de setembro e envolve um astronauta (Pitt) viajando para o espaço em busca do pai (Lee Jones), numa nave cuja missão é matá-lo. Argumentos bastante convidativos para uma sessão que promete drama, bons efeitos técnicos e ótimas atuações!
Ao conferi-lo nos cinemas, na semana passada, a trama principal foi confirmada, assim como a boa atuação de Brad Pitt, embora esteja distante de uma indicação ao Oscar (seria uma disputa injusta com o já provável ganhador, Joaquin Phoenix, por Coringa!). As expectativas também se confirmaram sobre as qualidades técnicas da produção, sem aquele exagero tedioso de Gravidade, incluindo o roteiro, co-escrito por Gray e Ethan Gross, apesar da mensagem simbólica ser bastante evidente. Só poderiam ter deixado de lado subplots desnecessários e cenas didaticamente arrastadas, que prejudicaram a força narrativa.
Num futuro próximo (espera-se desde 1968), as viagens espaciais se transformaram em rotina. A Lua já possui uma base de investigação e pesquisa, assim como planetas como Marte foram mapeados, enquanto ainda não existem evidências de vida extraterrestre. A Terra anda sofrendo pulsos elétricos, que ameaçam toda a vida no planeta, e parece que a fonte é proveniente das consequências de uma expedição, intitulada “Projeto Lima“, realizada em Netuno, mais de vinte anos atrás, sob o comando do experiente astronauta H. Clifford McBride (Lee Jones). Depois alguns anos sem comunicação com Clifford, muitos acreditam que ele possa ter morrido na expedição, conforme algumas possibilidades previstas com os últimos contatos.
É o que nunca quis acreditar seu filho, o major Roy McBride (Pitt). Após realizar algumas missões no espaço, e que o afastaram de sua paixão Eve (Liv Tyler), Roy é convocado por militares, sob a vigilância do Coronel Pruitt (Donald Sutherland, discreto), para tentar uma nova comunicação com o pai, uma vez que ele não apenas pode estar vivo como ser o responsável pelas ondas de choque que estão afetando a Terra. Para isso, ele precisaria viajar para a base da SpaceCom na Lua em missão secreta, tentando evitar contato com piratas (outras nações), que incomodam qualquer avanço científico – numa sequência que remete a um Mad Max lunar -, para depois alcançar Marte, onde há a única maneira de comunicação com Netuno.
Como Teixeira já havia antecipado, caso a comunicação não traga respostas (ou traga alguma que possa mostrar uma atitude hostil de Clifford), a tripulação da nave Cepheus terá como objetivo eliminar a ameaça, enquanto Roy deverá aproveitar a jornada para refletir sobre seu passado e encontrar meios de trazer seu pai vivo. Nessa missão dramática, além dos tais piratas, há um subplot envolvendo uma nave em busca de ajuda no espaço, apenas para trazer um pouco de tensão e despertar o público do sono.
A mensagem final é até interessante, apesar de ser muito clara, com uma viagem espacial servindo mais uma vez como metáfora das relações humanas como perda e consequências, já mostradas com mais apuro psicológico em filmes como Interestelar. Devido a essas mensagens reflexivas e a uma dupla possibilidade apresentada no último ato, Ad Astra adquire uma maior profundidade, desperdiçada apenas por longas sequências que mostram as ações dos personagens para fins de realismo e didatismo. E para conduzir a carga dramática entre viagens e desafios psicológicos está Pitt em uma ótima performance, sincera e confortável.
Pode ser que Ad Astra não consiga os holofotes esperados pela RT Features, mesmo com todas as suas qualidades visuais e elenco de peso. É uma longa viagem, quase sem turbulência, muitas conexões e com boas bagagens, mas nem todos irão se interessar em pagar pelo percurso.
O filme se resume a um excelente astronauta que joga tudo pro alto, viaja 1 bilhão de km pra ter uma DR com o pai dele. Fim.
Obs: Até ele chegar na lua o filme estava indo muito bem.