Mindhunter: O Primeiro Caçador de Serial Killers Americano (2017)

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Mindhunter: O Primeiro Caçador de Serial Killers Americano
Original:Minhunter: Inside the FBI’s Elite Serial Crime Unit
Ano:2017•País:EUA
Autor:John Douglas, Mark Olshaker•Editora: Intrínseca

Quando o icônico O Silêncio dos Inocentes estreou pela primeira vez, fascinou os espectadores com Clarice Starling e Jack Crawford tentando entender a mente doentia de um assassino para, assim, coletar informações e montar um perfil. Até hoje, o filme é aclamado pelo brilhantismo das atuações e enredo. Uma curiosidade é que Thomas Harris, autor do livro O Silêncio dos Inocentes, se baseou nos estudos de John Douglas e Robert Ressler para criar tais personagens. Como se não bastasse isso, o próprio Scott Glen – que dá vida a Jack Crawford – se encontrou com Douglas e fez um tour pela Unidade de Ciência Comportamental do FBI em Quantico. Glen ficou tão chocado ao ouvir uma das entrevistas feitas com um serial killer real que chegou até mesmo a mudar sua opinião sobre a pena de morte.

Em uma época em que assassinos em série não eram denominados assim, e a construção de perfis comportamentais era visto como chacota dentro do FBI, John Douglas foi, de certo modo, um revolucionário. Ele e seu parceiro, Robert Ressler, não foram os pioneiros no estudo, e sim aperfeiçoaram as técnicas dos agentes Howard Teten e Pat Mullany, porém, a dedicação de Douglas fez com que a análise de perfis criminais se tornasse algo indispensável dentro de uma investigação.

Em Mindhunter, John conta sobre seus primeiros anos no FBI, como sempre foi um dos melhores da turma na Academia e como desenvolveu seu interesse por psicologia comportamental. Sua habilidade de reviver cenas de crimes e de se colocar no lugar tanto da vítima quanto do assassino foi indispensável para seu futuro sucesso. Desde cedo, gostava de inventar e imaginar histórias, com tantos detalhes que pareciam até mesmo reais. Com o tempo, aprendeu a desenvolver ao mesmo tempo uma empatia e uma frieza para lidar com acontecimentos externos.

Seu jeito de conduzir entrevistas e até mesmo se conectar com assassinos é absurdo e impressionante. Alguns, como Ed Kemper, foram notoriamente colaborativos e simpáticos durante suas entrevistas, enquanto outros – Charles Manson e O Filho de Sam, por exemplo – foram manipuladores deliberados, insistindo que eram inocentes. Até que Douglas, com toda sua desenvoltura, conseguia atingi-los no ponto certo, tirando deles o necessário para começar a montar um perfil satisfatório.

Apesar de interessante para os entusiastas de True Crime, Mindhunter acaba pecando um pouco no quesito “prender o leitor”.  Boa parte do livro é sobre a vida pessoal do agente, sua infância, seus pais e casamento, o que acaba deixando a leitura um tanto cansativa e com cara de diário. Isso não seria um problema, afinal é uma biografia, se as entrevistas com os serial killers de fato fossem mais aprofundadas. Muitas são citadas apenas superficialmente, outras só falam de suas vítimas. Faltou um certo envolvimento, apesar de Mark Olshaker tentar deixar a narrativa de John mais interessante.

Muitas vezes o foco acaba sendo, além da vida pessoal do próprio Douglas, algum caso que os agentes ajudaram a prender o culpado com base em suas análises, o que não deixa de ser interessante. Na segunda metade, temos uma leitura enfim mais voltada para os crimes e análise de perfis. O caso do assassino de Atlanta, por exemplo, é contado em detalhes.

No final das contas, Mindhunter é um bom livro para introduzir no mundo do True Crime os iniciantes interessados pelo assunto.

É inegável a contribuição de John Douglas, Robert Ressler e todos os agentes da Unidade de Ciência Comportamental que trabalharam arduamente para que a área fosse reconhecida e indispensável atualmente. Seus estudos são utilizados até hoje, e serviram de inspiração para séries como Criminal Minds, cujo foco é justamente essa análise de perfis criminais.

Após 25 anos de serviço, John Douglas se aposentou do FBI com honras em 1996, e hoje escreve livros sobre psicologia criminal.

Em 2017, Mindhunter foi adaptado pela Netflix, contando com duas excelentes – e até mesmo mais detalhadas – temporadas.

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Louise Minski

Um experimento de Schrödinger entediado.

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