O Mistério de Block Island (2020)

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The Block Island Sound Original:The Block Island Sound Ano:2020•País:EUA Direção:Kevin McManus, Matthew McManus Roteiro:Kevin McManus, Matthew McManus Produção:Andrew van den Houten, Kevin McManus, Matthew McManus, Ashleigh Snead Elenco:Chris Sheffield, Michaela McManus, Neville Archambault, Ryan O'Flanagan, Matilda Lawler, Jim Cummings, Jeremy Holm, Heidi Niedermeyer, Willie C. Carpenter, Matthew Lawler, PJ McCabe, Robyn Payne

Muitas vezes, ao analisar o roteiro de uma produção por completo, nota-se que se trata de uma trama boba, um enredo bastante frágil. Contudo, ele ainda consegue manter o infernauta preso ao assento, curioso para entender todo o seu desenrolar e ávido para descobrir o que está acontecendo. É a magia de um argumento bem desenvolvido, que dificilmente permitirá a desistência do público, mesmo tendo consciência que não irá entregar nada do que se espera. É o caso de The Block Island Sound, longa co-dirigido e roteirizado por Kevin McManus e Matthew McManus, e que chegou há algumas semanas na Netflix, sem muita empolgação ou críticas positivas.

Trata-se de um thriller de mistério, com elementos de ficção científica e horror, muito bem conduzido e com um elenco bastante esforçado. Em Block Island – que também serviu de ambiente para um filme de terror homônimo -, o sem-futuro Harry (Chris Sheffield, Maze Runner: Correr ou Morrer, 2014) anda preocupado com o comportamento de seu pai, o pescador Tom (Neville Archambault), devido a alguns apagões, momentos em que ele aparenta estar desligado do mundo, com o olhar perdido e estático, além de simplesmente desaparecer, sem recordação do que fez. Depois que recebe a visita da irmã Audry (Michaela McManus, de Dentro do Labirinto Cinzento, 2015) e da sobrinha Emily (Matilda Lawler), que se afastaram da ilha pelo comportamento casmurro de Harry, a situação fica ainda pior.

Tom desaparece, deixando apenas o barco solitário no mar. A polícia acredita que, pelas constantes bebedeiras, ele possa ter caído na água e se afogado, mas Harry supõe que ele fora vítima de assassinato. Ao perceber que no local onde a embarcação estava o rádio comunicador aparentou sinais de ruído branco, Harry resolve mergulhar ali apenas para também sofrer de uma perda temporária dos sentidos e da memória. Mesmo com o corpo de Tom encontrado na praia, o que poderia ser a solução para o mistério, Harry passa a sofrer dos mesmos sintomas do pai, com breves apagões e momentos em que o vê como uma figura espectral, clamando por pequenos sacrifícios.

Enquanto o rapaz tenta descobrir meios de lidar com sua condição, ignorando o fato dos peixes e pássaros estarem aparecendo mortos na praia, dois personagens despontam para elevar os elementos instigantes. O primeiro é o amigo de Harry, Dale (Jim Cummings, de O Lobo de Snow Hollow, 2020), que está sempre com inúmeras teorias conspiratórias envolvendo os mistérios da ilha e que também outras como a que atrai presas aos seus algozes, simplesmente para enlouquecer ainda mais o protagonista. E o outro é Kurt (Jeremy Holm), que parece ter sofrido dos mesmos sintomas que anda acometendo Harry e que descobrira um meio de evitar que a ameaça volte a alcançá-lo.

Há uma crítica discreta ao uso das tecnologias, e que estão diretamente relacionadas ao modo como as pessoas são afetadas, além da necessidade do isolamento – principalmente nos dias atuais -, e uma leve insinuação à pedofilia, quando tanto Tom quanto Harry ficam observando a pequena Emily durante a madrugada. No entanto, a força da narrativa está no desenrolar de seu mistério e não no desfecho. Enquanto você estiver preso à poltrona começando a entender o que está acontecendo, o filme irá terminar, restando apenas teorias e suposições. Talvez por instigar a imaginação mais do que entregar todo o conteúdo, The Block Island Sound poderá soar como uma produção facilmente esquecível e sem profundidade. Depende do seu gosto: vale a pena a jornada ou o destino para onde ela conduz?

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