Fantasma III: O Senhor da Morte (1994)

4.4
(8)

Fantasma III: O Senhor da Morte
Original:Phantasm III: Lord of the Dead
Ano:1994•País:EUA
Direção:Don Coscarelli
Roteiro:Don Coscarelli
Produção:Don Coscarelli
Elenco:Reggie Bannister, A. Michael Baldwin, Bill Thornbury, Gloria Lynne Henry, Kevin Connors, Cindy Ambuehl, John Davis Chandler, Brooks Gardner, Angus Scrimm, Irene Roseen, Sarah Scott Davis, Paula Irvine, Beau Lotterman

Reggie: Jody, o que diabos você está fazendo aqui? Você está morto.
Jody: Então, qual a novidade?

Seis anos após o segundo encontro com o Homem Alto (Angus Scrimm), a assombração retornaria para ampliar seus domínios. O modesto sucesso de Fantasma 2 não encorajou a Universal a uma aposta na franquia, tanto que, contrariando Don Coscarelli, o terceiro longa teve somente duas exibições nos cinemas em maio de 1994: em Baton Rouge e St. Louis, com boa bilheteria. Em outubro, já teria seu lançamento em vídeo, entrando para a lista das 100 produções mais alugadas e compradas, segundo o Los Angeles Times em 1996. Parece que realmente havia um público fiel e interessado no filme, mesmo que evidentemente ele seja bastante problemático.

A primeira boa nova para quem acompanhou os dois primeiros filmes estava no retorno de A. Michael Baldwin no papel de Mike. Ele não havia atuado no segundo devido a uma cláusula do contrato estabelecido com a Universal Pictures, que exigia um rosto mais conhecido no elenco. James Le Gros foi até que bem no papel, mas ele não tem muitas semelhanças físicas com Baldwin. A volta do “boooy” original trouxe uma nova motivação ao longa, um interesse que talvez tenha sido um atrativo aos fãs da série, apesar dele não ter uma importância muito grande no enredo – o ator não tinha muita experiência para assumir um protagonismo, com apenas um crédito entre o original (1979) e o terceiro (1994).

Com a volta do Mike original de maneira limitada, como o roteiro poderia se desenvolver a partir dos acontecimentos do segundo filme? Fantasma 3: O Senhor da Morte começa exatamente onde o anterior terminou: depois que Alchemy (Samantha Phillips) se revelou como uma morta-viva e Reggie (Reggie Bannister) aparentemente morreu, o Homem Alto novamente aparece para dizer que aquilo não era um sonho, enquanto mãos surgiam pela janela para puxar Mike e Liz (Paula Irvine) para fora do carro, repetindo a ideia final do primeiro filme.

Reggie está vivo – claro – e precisa combater alguns duendes que emergem de todos os lugares para enfrentá-lo. Com Liz morta e Mike seriamente ferido, Reggie ameaça explodir uma granada, afastando o Homem Alto temporariamente. Dois anos se passam, e Mike está em coma no hospital, tendo pesadelos onde vê o irmão Jody (Bill Thornbury retornando para a franquia) e o Homem Alto. Desperta no exato momento em que uma enfermeira tentava matá-lo, sendo ajudado por Reggie, que acabara de chegar para uma visita. Da cabeça da ameaça surge uma esfera metálica, dando indícios de que os asseclas do Homem Alto na verdade são reanimados pelo que antes era apenas considerado uma arma do vilão.

Pouco tempo depois, na casa de Reggie, o Homem Alto reaparece para capturar Mike e transformar Jody em uma esfera carbonizada, em um efeito “morph“, popularizado pelo clipe “Black or White“, de Michael Jackson. Reggie parte então em uma missão de resgate rumo à cidade de Holtsville, mencionada por Jody. Ao chegar ao local, devastado pela passagem do inimigo, ele é capturado por um trio de saqueadores, e trancado no porta-malas do veículo deles, curiosamente um rabecão rosa. Os ladrões chegam a uma casa, ignoram as cruzes no quintal, e tentam invadi-la, mas sofrem nas mãos do garoto Tim (Kevin Connors), que, numa versão assassina de Macaulay Culkin da série Esqueceram de Mim, mata os três com armadilhas e armas, em uma sequência divertida pelas referências – há um palhaço com lâminas e a própria máscara usada pelo garoto -, mas bastante fantasiosa.

Tim salva Reggie, e informa que sua família fora assassinada pelo Homem Alto. Apesar de tentar se livrar do garoto, Reggie aceita a companhia, assim como a de Rocky (Gloria Lynne Henry), que ele conhece em um mausoléu e tentará, de maneira frustrada, levá-la para a cama. Os três seguem os rastros da ameaça quando notam um comboio de carros fúnebres. Apesar da jornada, a busca por Mike se findará através de um sonho de Reggie com Jody, mas não evitará que novos confrontos aconteçam contra os lacaios do Homem Alto, como a versão zumbi dos saqueadores, e contra o próprio, agora apresentando um possível ponto fraco.

Fantasma 3: O Senhor da Morte é bem inferior aos dois primeiros filmes. Com os personagens já conhecidos do público, assim como o modus operandi do Homem Alto, nota-se o esforço de Don Coscarelli de tentar inovar a franquia, encher a tela de esferas metálicas, mais inimigos sobrenaturais, enquanto tenta explicar as motivações do vilão com Mike. Sem a influência da Universal Pictures, o cineasta se sentiu livre para voltar a utilizar episódios oníricos e passagens dimensionais, o que tirou os pés do chão da franquia e trouxe mais perguntas. Uma delas poderia ser: se Jody tinha a capacidade de trazer Mike de volta, por que não o fizera antes?

A ideia também de envolver uma criança no combate ao vilão é para tentar resgatar o espírito do primeiro, até na emulação de cenas como a conversa ao pé da lareira. Contudo, o acréscimo de Tim à trama não fez muita diferença, assim como o retorno de Jody como uma esfera carbonizada, aparecendo quando quer, não deixando exatamente claro sobre a sua existência ali que não seja justificada pelo interesse do ator em retornar à franquia.

Ainda assim, pode-se considerar o filme passível de ser visto pelos fãs dos dois primeiros, dentro de sua proposta. Envelheceu mal, ficando evidente que se trata se uma produção dos anos noventa, quando até mesmo Jason, Michael e Freddy Krueger já não conseguiam mais trazer novidades e precisavam se reinventar. Contudo, Don Coscarelli, sem ter ideias de como continuar, como o próprio disse em entrevista, resolveu fazer mais um filme com a assombração dos cemitérios. E aí, perdeu-se pelo caminho.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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