4.9
(15)

A Máscara do Horror
Original:Mr. Sardonicus
Ano:1961•País:EUA
Direção:William Castle
Roteiro:Ray Russell
Produção:William Castle
Elenco:Oskar Homolka, Ronald Lewis, Audrey Dalton, Guy Rolfe, Vladimir Sokoloff

Depois de quase 20 anos imerso no cinema western e policial de segunda categoria, em 1958, William Castle, seguindo a insatisfação com os estúdios e a inspiração no mestre Alfred Hitchcock, deu uma guinada para o terror em sua carreira, e, quem diria, nos apresentou uma produção que, a julgar por alguns títulos, inspirou as gerações posteriores que se dedicaram ao gênero e fez frente a alguns grandes nomes do período.

Mr. Sardonicus, ou a Máscara do Horror, filme de 1961, é um dos primeiros filmes do diretor nesse seu segundo momento, em que passou a trabalhar de forma independente o terror com um “espírito” bem diferente do que era produzido na época.

A trama se passa em 1880 e tem início quando o proeminente médico inglês Robert Cargrave (Ronald Lewis) é convocado pelo Barão Sardonicus (Guy Rolfe) para ajudá-lo com uma mazela que o acomete. Aparentemente, uma experiência sobrenatural do passado envolvendo a morte de seu pai desfigurou seu rosto, obrigando-o a utilizar uma sinistra máscara e manter-se afastado do convívio em sociedade. Como coincidência pouca é bobagem, Sardonicus desposou o antigo amor de Cargrave, Maude (Audrey Dalton), e a usa como moeda de troca para que o médico encontre uma solução para sua condição.

A história do barão Sardonicus foi lançada pela primeira vez na revista Playboy, sob autoria de Ray Russell. O escritor, por sua vez, se mostrou um ótimo roteirista ao adaptar sua história para o longa de William Castle, a pedido do próprio diretor. Aos poucos, vamos percebendo uma narrativa com muito mais camadas do que supomos num primeiro instante, e a história sobre vingança e corpos deformados vai dando lugar a um interessante thriller psicológico, com personagens interessantes e um soturno clima gótico que, cuidadosamente, envolve toda a trama.

Uma curiosidade que cabe salientar aqui é que a admiração de Castle por Hitchcock era visível não só na direção elaborada e na complexidade lógica das histórias, mas também no marketing que o próprio fazia de seus filmes – só que de uma forma um pouco diferente. Castle repetia Hitchcock ao aparecer nos trailers dos filmes que lançava, e inovou ao intensificar a experiência do espectador na sala de cinema. Entre alguns artifícios utilizados para aprofundar a imersão do público nos filmes, pode-se citar o uso de óculos 3D para ver os fantasmas de 13 Fantasmas, e o uso de esqueletos pendurados no teto nas salas de exibição de A Casa dos Maus Espíritos. Tudo muito excêntrico. E original.

Em Mr. Sardonicus (spoiler a seguir), Castle interrompe a projeção antes do ato final e convoca o público a julgar qual fim o suposto vilão da trama merece. É interessante e provocador esse artifício, o de incitar o julgamento moral por parte do público, logo sobre um personagem tão dúbio quanto barão Sardonicus, figura de alta complexidade moral e que não pode ser avaliado sob a ótica simplista do “bem” ou do “mal”.

O fato de não apelar muito para o sobrenatural e apostar mais no elemento psicológico e no mistério torna o cinema de Castle muito próximo do que Hitchcock vinha fazendo até então, mas com um apelo gótico. Mr. Sardonicus é um item menor da filmografia de terror de Castle – seu ápice chegaria em meados da década de 1960 – , mas ainda vale muito a pena, especialmente se você é um espectador ativo que gosta de ser provocado e curte um bom suspense.

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Média da classificação 4.9 / 5. Número de votos: 15

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4 Comentários

  1. Se eu tivesse aquela cara, colocaria uma de Brad Pitt .

  2. Eu assisti quando criança na extinta tv tupi, junto com meu falecido pai. Lembro até hoje e já cheguei a associar o personagem com o Coringa, de Batman,por sua aparência!!!

  3. Por favor, deixe a informação de onde encontrar e assistir esses filmes. Ajuda muito!

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