Locke & Key - 2ª Temporada
Original:Locke & Key - Season Two
Ano:2021•País:EUA, Canadá Direção:Marisol Adler, Guy Ferland, Edward Ornelas, Jeremy Webb Roteiro:Joe Hill, Meredith Averill, Carlton Cuse, Liz Phang, Mackenzie Dohr, Michael D. Fuller, Vanessa Rojas, Jordan C. Riggs Produção:Kevin Lafferty, Meredith Averill, Carlton Cuse, Nicole Lane, Ra'uf Glasgow, Mackenzie Dohr Elenco:Darby Stanchfield, Connor Jessup, Emilia Jones, Jackson Robert Scott, Petrice Jones, Hallea Jones, Aaron Ashmore, Griffin Gluck, Sherri Saum, Brendan Hines, Coby Bird, Jesse Camacho, Genevieve Kang |
O retorno a Keyhouse e às suas chaves imaginativas não foi como se esperava. O universo de possibilidades, desenvolvido em graphic novel por Joe Hill, tinha maneiras mais interessantes para abordar os conflitos entre os guardadores das chaves e a entidade que tem interesse nelas, mas optaram pela fantasia convencional, abrigada em embates adolescentes. Poucas surpresas foram reservadas aos que embarcarem na proposta dessa temporada de transição, que parece ter apenas pavimentado o terreno para o último ano da série. E que se espera que traga mais elementos criativos do que simplesmente apostar em relacionamentos e traições, metaforizados nessa luta cansativa entre o bem e o mal.
No final da temporada anterior, a vilã Dodge (Laysla De Oliveira) usou a Chave da Identidade para deixar Ellie com sua aparência, enganando Tyler (Connor Jessup), Kinsey (Emilia Jones) e Bode (Jackson Robert Scott), crentes que atiraram a poderosa inimiga pela dimensional Porta Negra. Assim, Dodge pode voltar a atuar como Gabe (Griffin Gluck), o namorado de Kinsey – com a fala de Dodge sobre não poder assumir o rosto de pessoas que existem, corrigiram uma falha que apontei em minha crítica da primeira temporada, apesar que ainda permite alguns estranhamentos na atitude do rapaz. Agora, com sua índole apresentada, ele se une a Eden (a limitada Hallea Jones) para buscar dois objetivos: ter acesso a Omega Key e construir uma chave que possa transformar as pessoas em demônios (para conquistar o mundo, talvez?).
A grande novidade do ano 2 é exatamente essa possibilidade de confeccionar uma nova chave poderosa. Com o tio Duncan (Aaron Ashmore) andando de um lado para outro na residência, enquanto sofre com visões e é atormentado por lembranças, ele passa a ser a peça fundamental nesse processo. Novas chaves são sussurradas como a que libera uma corrente capaz de prender seu oponente, a que permite explorar uma maquete da casa – com uma cena do ataque de uma aranha gigante remetendo ao episódio da segunda temporada de Além da Imaginação, Small Town – , e a que traz força descomunal chamada Hercules, reservando uma outra para o episódio final. Assim como também são introduzidos personagens como o professor Josh Bennett (Brendan Hines), pai de Jamie (Liyou Abere), que tem interesse por objetos arqueológicos e, claro, pela Keyhouse e pela anfitriã Nina (Darby Stanchfield).
Já outros continuam por lá como o jovem cineasta Scot (Petrice Jones), ainda interessado em Kinsey, e seu grupo de amigos da companhia Savini. Logo no episódio inicial acontece a première do filme The Splattering, que estavam filmando na primeira temporada, no cinema local, com Eden matando o vendedor de pipocas para obrigar uma ação de Gabe para esconder o corpo. Alguns dos conflitos propostos mostram a possibilidade de partida de Scot para estudar cinema, e a namorada de Tyler, Jackie (Genevieve Kang), demonstrando confusões pela proximidade de seus dezoito anos. A metáfora sobre perder a capacidade imaginativa ao atingir a maturidade é evidente, e contornada por uma chave que permite que a memória seja mantida.
Ainda envolvendo memórias perdidas, Tyler e Kinsey visitam a amiga do pai, Erin (Joy Tanner), e conseguem tirá-la de seu estado de catatonia. Embora venha com um discurso sobre as chaves serem uma ameaça, é ela que as utiliza como fim de combate a Dodge em um labirinto, resultando em um confronto mortal. E como elemento de horror há a sequência em que os irmãos entram na mente de Eden e são perseguidos por manequins, assombrados por sua consciência demoníaca. Kinsey recupera seus temores, permitindo que possa mostrar seu talento como atriz, diferenciando uma pessoa fria e corajosa para sua personalidade comum, temerosa.
A segunda temporada também aproveitou para explorar chaves já vistas na primeira como a Music Box Key, a Matchstick Key, a Anywhere Key, e, principalmente, a Ghost Key. É através dela que Gabe tentará descobrir com os antepassados meios de confeccionar uma nova chave, mas falhará pela lealdade dos fantasmas aos herdeiros – estranhamente, ele será visto como um fantasma-Gabe e não pela sua essência, deixando apenas um vestígio em suas costas.
Locke & Key perdeu muito da sua força narrativa nessa segunda temporada. Até mesmo o uso do conceito “invasores de corpos” não é bem explorado, resultando em sequências em que a tensão é praticamente nula entre os personagens. Você não sente um medo real das ameaças, mesmo com a perda de alguém importante para alguém, como se os roteiristas – Meredith Averill, Carlton Cuse, Liz Phang, Mackenzie Dohr, Michael D. Fuller, Vanessa Rojas e Jordan C. Riggs – tivessem invadido a memória do espectador para extrair as emoções que tornam uma temporada muito mais empolgante.