Veneno: Anjo de Bremen (2022)

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Veneno: Anjo de Bremen
Original:Gift
Ano:2022•País:Alemanha
Páginas:Autor:Peer Meter, Barbara Yelin•Editora: Darkside Books

Entre os anos de 1813 e 1828 mortes estranhas aconteciam na cidade de Bremen, na Alemanha. Muitos não deram atenção, ou até mesmo desconfiavam do que poderia estar acontecendo, mas preferiram ficar em silêncio. Com frequência, pessoas ficavam doentes, com dores paralisantes e, antes do derradeiro fim, uma boa alma se oferecia para cuidar e oferecer conforto aos enfermos. Ganhando o apelido de Anjo de Bremen, Gesche Gottfried foi culpada por envenenar de forma letal aproximadamente 15 pessoas durante esse período, além de diversas outras que acabaram por se recuperar.

A graphic novel Veneno conta a história da serial killer alemã sob a perspectiva de uma jovem jornalista que visitava Bremen. A moça foi contratada para escrever sobre a cidade e seus pontos turísticos, porém, deparou-se com algo macabro acontecendo durante sua estadia: uma execução pública aconteceria dali a poucos dia de uma mulher culpada por envenenar diversas pessoas sem piedade.

Escandalizada pelo fato de ainda existir algo tão grotesco quanto uma execução pública em pleno século XIX, acaba indo atrás dos motivos por trás de tais crimes e descobre que a culpada, Gesche Gottfried, utilizava uma mistura chamada manteiga de camundongo, que consistia em um pouco de arsênico com banha, muito usada para matar ratos e vendida normalmente nas ruas. Gesche passava um pouco dessa manteiga em bolos, torradas ou mesmo colocava em sopas e dava para as pessoas, inclusive seus próprios familiares. A alemã matou três maridos e suas duas filhas, além do pai e do irmão.

A jovem jornalista se envolve cada vez mais no caso, chegando a ter acesso ao diário da assassina, onde ela não apenas descreveu seus crimes, como também afirma que é uma vontade incontrolável dentro de si, um pensamento que toma forma e só se esvai quando o ato é concluído. Mesmo com toda a suspeita, ninguém se envolveu ou denunciou durante anos.

Seguindo a mesma linha de Green River Killer e Ed Gein, essa publicação de Lady Killers vem no formato graphic novel, com ilustrações em preto e branco. As artes são bem competentes e conseguem passar bem o clima tenso e de frenesi no qual a cidade se encontrava antes da execução, utilizando muito a técnica do sombreamento e traços marcantes para dar ainda mais ênfase ao momento.

Foi uma escolha acertada contar a história de Gesche Gottfried em quadrinhos ao invés de um livro convencional, visto que muitos detalhes sobre o caso são nebulosos e foram perdidos ao longo dos anos, virando um episódio que Bremen prefere esquecer. Desse modo, a narrativa consegue prender a atenção e mostrar de forma eficaz o que se sabe sobre a assassina que cuidava de suas vítimas antes de morrerem envenenadas e como a população encarou tal episódio.

Em suas anotações, Gesche deixa claro que tem algum tipo de distúrbio, e não que mata por simples prazer ou ódio, como é o caso da maioria dos psicopatas. Alguns afirmam que ela cometeu os crimes por dinheiro e ganância assim como Belle Gunness, outros afirmam que foi simples ódio, entretanto, seus relatos mostram alguém profundamente perturbada que não conseguia conter seus impulsos, por mais que tentasse, inclusive mostrando sinais de arrependimento e sem intenção de negar ou resistir à pena de morte.

Assassina cruel e sem pudores ou alguém com sérios distúrbios psiquiátricos?  O silêncio dos vizinhos e da burguesia acerca do caso, visto que havia inúmeras evidências que algo estranho acontecia em sua residência, seria uma negligência de toda a sociedade? Executar alguém em público, mesmo com todo o progresso da época, não é tão frio, doentio e horrendo quanto os atos cometidos por essa mulher? Fica a cargo do leitor levantar essas e outras questões juntamente com a jornalista em Veneno: Anjo de Bremen, e tirar suas próprias conclusões.

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Louise Minski

Um experimento de Schrödinger entediado.

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