2.8
(20)

Sick
Original:Sick
Ano:2022•País:EUA
Direção:John Hyams
Roteiro:Kevin Williamson, Katelyn Crabb
Produção:Kevin Williamson, Bill Block e Bem Fast
Elenco:Gideon Adlon, Bethlehem Million, Dylan Sprayberry, Marc Menchaca, Jane Adams e Joel Courtney

Com toda a certeza o subgênero do terror que mais me chama a atenção é o slasher com seus assassinos mascarados correndo atrás de jovens geralmente não muito inteligentes, máscaras icônicas, identidades sendo reveladas nos últimos minutos de filme e sempre, sempre um cenário isolado onde não funciona sinal de celular e muito menos o bom senso das vítimas.

Por mais clichê que pareça, essa sucessão de acasos não muito inventivos e geralmente nem um pouco verossímeis me causa certo encanto, mas infelizmente posso dizer que, por mais simples que pareça ser essa fórmula, me sinto nos últimos anos órfão do gênero, com uma enxurrada de filmes que conseguem entregar menos que o mínimo de diversão. Tirando a exceção bem prazerosa do último filme da franquia Pânico, parecia que nada de novo e nem de velho surgia sobre o sol, mas eis que o ano de 2023 se inicia e com ele vem Sick, um terror com um psicopata mascarado, ambientado no meio da pandemia de Covid e roteirizado por ninguém mais, ninguém menos que Kevin Williamson, o mesmo roteirista do Pânico, Pânico 2 e Pânico 4 e Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado. Só para contextualizar os mais novos, o filme Pânico foi o responsável direto por reanimar o subgênero slasher, dando a esse nicho tão batido uma roupagem mais descolada e com um subtexto metalinguístico único, então se torna mais claro o motivo de minha animação.

A história aqui é simples: de início acompanhamos o ponto de partida clássico do gênero, que nos joga um figurante com poucas falas, apenas para morrer e nos mostrar do que é capaz o nosso assassino, e de imediato vemos que ele é tão real quanto o Ghostface, apanhando de sua vítima como qualquer ser humano, porém duas coisas chamam nossa atenção: a primeira é que tudo está se passando no ápice da pandemia, com a sensação de paranoia e desespero que tanto conhecemos sendo bem aproveitada, muito a desfavor de nossa vítima; segundo é a ausência da tão emblemática máscara no assassino. Aqui vemos apenas alguém com moletom de capuz e a máscara hospitalar que todos usamos nos últimos tempos.

Passamos então para a nossa história base, com as amigas Parker (Gideon Adlon) e Miri (Bethlehem Million) decidindo se colocar em quarentena numa cabana luxuosa e bem afastada dos pais da primeira moça. Logo, em diálogos bem rasos, entendemos que a amiga rica terminou um relacionamento estranho há pouco tempo com um rapaz chamado DJ Cole (Dylan Sprayberry) e que a outra moça é a mais cuidadosa com o contágio da doença por trabalhar na área da saúde, ou pelo menos por estudar na área. Também logo vemos que as meninas recebem uma mensagem no celular no mínimo incômoda de um desconhecido que sabe onde elas estão naquele exato momento, o que estranhamente não causa nenhum desconforto nas duas. Obviamente que, em um momento de descuido,  percebemos que o assassino mascarado entrou na casa gigantesca para começar a sua matança.

Citei muitas informações de modo bem vago para apresentar o problema inicial do filme, que é a dimensão única dessas personagens. Não sabemos quem elas são, como têm tanto dinheiro, quais são as suas motivações e não temos o mínimo de elemento emocional para nos importarmos com elas. É como se eu olhasse do sexto andar de um prédio e visse um casal andando e discutindo na calçada. Por mais distante que meus olhos consigam acompanhar os dois, nenhuma emoção ou laço vai ser criado por mim pelo simples fato deles terem apenas uma dimensão, que é a de completa estranheza, e aqui me ocorreu o mesmo. Por mais que eu tenha conseguido me animar com as personagens vigorosas, que realmente lutam com o assassino e correm por suas vidas, nem a amizade das duas foi bem construída. Elas são só estranhas correndo por uma hora e meia.

Aliada a essa temperatura gelada do roteiro, temos um assassino sem uma máscara própria. Em um filme slasher, a máscara é o elemento visual de identidade do algoz. Para me fazer claro, te trago um exemplo: se você passa pela sala e vê só uma cena isolada desse filme, onde o assassino corre atrás das moças, você pode imaginar um filme de ação com sequestro, um filme de suspense ou até mesmo uma aventura no estilo Esqueceram de Mim com adultos. Agora, se você ver qualquer cena de perseguição de Sexta Feira 13, de Terrifier ou até mesmo do próprio Pânico, o gênero será claro. O slasher se vende pela identidade visual do assassino e pela direção experiente – isso deveria ser mais óbvio.

No final vemos um pouquinho do texto mais ácido de Kevin Williamson ao entregar alguns diálogos metalinguísticos, mas nada tão rebuscado e polido quanto os anteriores, apenas o esperado.

Outra observação que faço é para a identidade do assassino, que é para ser o momento alto de um slasher movie, chegando com um grande impacto, porém, para que isso aconteça, é preciso dois elementos base: nos importarmos com os personagens e nos surpreendermos com a identidade revelada. Aqui, infelizmente, para mim nenhum dos elementos estavam presentes.

Esse filme pode até divertir pela correria, mas depois, quando o sangue esfria, fica claro que tudo correu tão depressa que nem chegou a dar tempo de ter graça.

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Média da classificação 2.8 / 5. Número de votos: 20

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5 Comentários

  1. Discordo de apenas duas caveiras. O filme é legal, violento e envolve o telespectador.
    Vale a pena assistir.

  2. Melhor filme do ano. Ele foi tudo o que pânico 5 não conseguiu ser.

  3. 4 caveiras fácil. Soube usar da pandemia muito bem e tornou crível a motivação dos assassinos, além de ter utilizado a máscara comum nos slasher com uma dupla função. As protagonistas não são burras, escolhas acertadas durante o filme e a atmosfera de isolamento condiz com o que se espera de alguém que realmente entendeu a pandemia e não negou a ciência.

  4. Eu daria 4 caveiras FACIL para esse filme, foi uma surpresa muito boa. Dificilmente se vê personagens que realmente tomam decisões inteligentes nos filmes e para mim, em sick, eles mandam muito bem! Colocaria Sick e o Ultimo panico lançado lado a lado facil haha.

  5. Eraseu curti MUITO esse filme. Uma grata surpresa no gênero depois do beeem mediano morte, morte, morte.

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