The Reef: Stalked (2022)

3.8
(5)

The Reef: Stalked
Original:The Reef: Stalked
Ano:2022•País:Austrália, EUA
Direção:Andrew Traucki
Roteiro:Andrew Traucki
Produção:Jack Christian, Neal Kingston, Michael Robertson, Andrew Traucki
Elenco:Teressa Liane, Ann Truong, Saskia Archer, Kate Lister, Bridget Burt, Tim Ross, Wendy P. Mocke, Eva Mocke-Kanaki, Sophie Naime, Barney Ling, Stephen Daddow

Andrew Traucki parecia uma boa promessa quando comandou Medo Profundo (Black Water, 2007) e Perigo em Alto Mar (The Reef, 2010), aparentando ter competência para comandar a batalha “homem vs natureza“, sejam crocodilos ou tubarões. Contudo, seus trabalhos seguintes envolveram um segmento inferior da antologia O ABC da Morte (2012) e o péssimo The Jungle (2013). Após uma longa pausa, reflexiva sobre a carreira promissora, o diretor achou que poderia continuar seus sucessos, retornando aos animais aquáticos, com Crocodilos, – A Morte te Espera (Black Water: Abyss, 2020), e tubarões em The Reef: Stalked (2022). Ambos se mostraram aquém dos primeiros, evidenciando que os longas originais foram resultados de sorte e não exatamente de talento.

E ele até que tem boas ideias. The Reef: Stalked estabelece um interessante diálogo com relacionamentos abusivos ao mostrar em seu prólogo a jovem Cathy (Bridget Burt) sendo afogada em uma banheira pelo marido, tendo o corpo descoberto por sua irmã Nic (Teressa Liane). Nove meses depois, afastada de qualquer lembrança da perda, Nic retorna ao encontro das amigas Jodie (Ann Truong) e Lisa (Kate Lister) para voltar à rotina de mergulhos e curtição em alto mar como faziam em suas férias. Depois que Cathy é homenageada pelo grupo, as três partem em caiaques tendo a companhia da irmã mais nova de Nic, Annie (Saskia Archer), uma responsabilidade a mais para alguém que ainda sofre com pesadelos em que se vê sendo afogada na mesma banheira.

Após o mergulho e aparente tranquilidade, logo as garotas percebem que estão sendo seguidas por um tubarão, como aconteceu com o grupo do primeiro filme. Elas veem o momento em que duas crianças em uma ilha são atacadas e chegam ao local, conscientes de que precisarão retornar para buscar ajuda. Como se imagina, o animal também irá acompanhá-las em breves ataques propondo um sofrimento a conta-gotas até o momento de saciar sua fome. Nota-se que Traucki elaborou uma alegoria sobre relacionamentos envoltos em agressividade em que a pessoa dominante age como um tubarão, perseguindo sua presa, sufocando-a até a conclusão geralmente em tragédia.

Se o argumento é sólido, o mesmo não se pode dizer em relação aos aspectos técnicos. Perigo em Alto Mar teve um trabalho interessante de edição ao utilizar cenas com tubarões reais, como se os personagens estivessem realmente interagindo com a criatura, assim como foi feito em Medo Profundo, com um crocodilo tímido, mas verdadeiro. The Reef: Stalked, por outro lado, faz uso de efeitos digitais em abundância até mesmo na barbatana e nos movimentos e ataques, com resultado próximo de outras bagaceiras trashes com o rei dos mares.

Parece que o diretor não entendeu o que fez de bom em Black Water e The Reef, inspirados em Mar Aberto. Em 2007, ele foi bem nas sequências de trovoadas e sons de mastigadas, enquanto no filme de 2010, ele escondeu o tubarão por cinquenta minutos, com aparições ocasionais como eram comuns em filmes de monstro da década de 80. Os efeitos risíveis e o final pouco surpreendente – além de exagerado -, fizeram de The Reef 2 um respingo de seus melhores trabalhos. Houve uma melhora significativa na direção e edição de seus filmes, mas nada que o torne indispensável dentro de seu subgênero.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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