Há Algo no Celeiro (2023)

5
(8)

Há Algo no Celeiro
Original:There's Something in the Barn
Ano:2023•País:Noruega, Finlândia
Direção:Magnus Martens
Roteiro:Aleksander Kirkwood Brown, Josh Epstein, Kyle Rideout
Produção:Kjetil Omberg, Jørgen Storm Rosenberg
Elenco:Martin Starr, Amrita Acharia, Kiran Shah, Townes Bunner, Zoe Winther-Hansen, Calle Hellevang Larsen, Henriette Steenstrup, Jeppe Beck Laursen, Paul Monaghan

Existe realmente alguma coisa boa no celeiro das comédias de horror norueguesas. Pelo menos, os filmes da franquia Dead Snow estão aí para mostrar como funciona o tom sarcástico dos roteiristas, com boas doses de sangue e algum contexto cultural. A conexão com os longas de Tommy Wirkola se estabelece pelo resgate da dupla Martin Starr e Amrita Acharia no elenco – ambos estiveram também em Zumbis na Neve 2 -, além do cenário envolto em neve, a sensação claustrofóbica proposta e, claro, o humor, alternando sequências físicas com piadas improváveis. Aqui a ameaça é igualmente fantasiosa, mas com referência a Gremlins, além do tom natalino otimista.

Após o prólogo, com um homem tentando incendiar um celeiro, culminando em seu próprio corpo em chamas, a narrativa, de Aleksander Kirkwood Brown e Josh Epstein, com consultoria de Kyle Rideout, mostra uma família americana partindo para o local visto no começo, em Gudbrandsdalen, na Noruega. Com a morte do proprietário, os Nordheim herdaram a casa rural e, consequentemente, tudo que está nela, como o celeiro e a criatura que ali habita. Bill (Starr) está empolgado com os novos ares, e não teve dificuldades para convencer a esposa “coachCarol (Acharia), madrasta de Lucas (Townes Bunner) e da adolescente Nora (Zoe Winther-Hansen), desanimada por se distanciar de seus amigos e da agitação da cidade grande.

Antes de chegar à morada, há uma sequência divertida em que a família tenta fazer uma foto diante de uma placa que anuncia a presença de alces na região, e são exatamente atacados pelo pai de um, sendo ajudados pela xerife que já deixa uma dica: “na Noruega, se você mexer com a natureza, ela te dá um soco na cara“. Enfim, conhecem a casa herdada e o celeiro, com ideias de transformá-lo futuramente numa hospedagem, e até possibilitar Carol de desenvolver suas palestras de autoajuda, com o lema “Visão Feliz“. Logo Lucas descobre o habitante do celeiro, um elfo (Kiran Shah), que pode ser um grande amigo dos moradores desde que sigam três regras básicas de bom convívio:

1. Não mudar nada. Elfos são criaturas tradicionais e não apreciam reformas e alterações em imóveis;
2. Evitar luzes artificiais brilhantes;
3. Jamais permitir som alto

Como é de se imaginar e Joe Dante também comprovou a importância de seguir as instruções, a família vai errar em tudo, resolvendo dar uma festa de boas-vindas exatamente no celeiro, para irritação do elfo, que, até então, havia ajudado a limpar a neve na entrada e a cortar lenha. Para tentar uma “oferta de paz“, Lucas ouve de um especialista da cidade que é preciso deixar uma tigela com mingau de arroz na véspera de Natal, porém também não funciona como se espera, iniciando, assim, uma batalha entre toda uma comunidade de elfos convocados para exterminar a família. Uma espécie de A Noite dos Mortos-Vivos com elfos tem início com ataques violentos e a necessidade dos Nordheim se unirem contra os inimigos diminutos.

Sem a necessidade de utilização de efeitos digitais para os elfos, o que já é um bom sinal, Há Algo no Celeiro propõe diversos momentos interessantes de confrontos em diferentes ambientes de uma belíssima paisagem norueguesa. Martin Starr faz o estilo Chevy Chase ao sempre buscar motivações nos episódios mais adversos com falas do tipo “vivendo o sonho norueguês, filho?“, mas sempre causando mais desconforto, como quando ele opta por preparar um prato típico da culinária norueguesa na véspera de Natal como o lutefisk. Esse choque cultural é uma das principais piadas do roteiro, seja no fato dos noruegueses não serem adeptos ao uso de armas de fogo ou só se mostrarem mais divertidos com bebida alcóolica.

É claro que nem todo o humor funciona, assim como o forçado “final feliz” ao estilo produção natalina. Mas o longa de Magnus Martens diverte bastante, fugindo um pouco dos tradicionais Papais Noéis e brinquedos assassinos dessa época do ano. E empolga até mais do que a outra produção natalina de horror de 2023, It’s a Wonderful Knife, mais voltada para um slasher mágico, distante da ameaça de elfos assassinos a uma família americana, ainda que ambos não tenham tanto sangue quanto os zumbis na neve. Por fim, para quem quiser assistir, Há Algo no Celeiro está disponível para aluguel e compra em diversos streamings.

O que você achou disso?

Clique nas estrelas

Média da classificação 5 / 5. Número de votos: 8

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.

Avatar photo

Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *