It’s a Wonderful Knife (2023)

4.3
(6)

It’s a Wonderful Knife
Original:It’s a Wonderful Knife
Ano:2023•País:EUA
Direção:Tyler MacIntyre
Roteiro:Michael Kennedy
Produção:Seth Caplan, Michael Kennedy, Daniel Bekerman
Elenco:Jane Widdop, Jess McLeod, Joel McHale, Katharine Isabelle, William B. Davis, Justin Long, Aiden Howard, Erin Boyes, Sean Depner, Hana Huggins, Cassandra Naud

Um grande clássico natalino é A Felicidade Não Se Compra, de 1946, cujo título original é It’s a Wonderful Life. O filme conta a história de George Bailey, um homem que, na véspera de Natal em sua cidade, Bedford Falls, pensa em suicídio. Seu anjo da guarda, Clarence, ouve as preces dos entes queridos de Bailey e, mostrando a ele flashbacks de todas as vidas que ele tocou, o salva. Corta pra 2023 quando, no mesmo ano em que temos uma versão de terror de O Grinch em O Malvado: Horror no Natal, ganhamos também o slasher It’s a Wonderful Knife, que mancha de sangue a neve da idílica Angel Falls.

No lugar de Bailey, aqui temos a adolescente Winnie Carruthers (Jane Widdop, de Yellowjackets), que tem sua véspera de Natal atrapalhada por um assassino mascarado vestido de anjo. Ele ataca em uma festa, elimina a melhor amiga de Winnie, Cara (Hana Huggins), mas a garota consegue eletrocutá-lo e desmascará-lo (sim, com menos de quinze minutos de filme; não, não vou dizer quem era) antes que ele mate seu irmão, Jimmy (Aiden Howard).

Um ano depois, a cidade seguiu em frente e ninguém se lembra mais do que aconteceu, exceto por Winnie, que ainda vive o luto por Cara. Sozinha, sob uma aurora boreal, Winnie pede a quem possa ouvir que ela nunca tenha nascido. O desejo é atendido e, além de ninguém na cidade se lembrar de Winnie, ela ainda não estava lá para parar o anjo assassino, que segue matando em um lugar em que parece que ninguém mais se importa. Agora a adolescente precisa encontrar um jeito de acabar com ele e voltar à sua realidade, e a única pessoa com quem poderá contar é Bernie (Jess McLeod), a “esquisitona” da escola.

O roteiro dessa versão ficou a cargo de Michael Kennedy, que já tinha escrito Freaky (2020), por sua vez inspirado em Freaky Friday, livro infantil de Mary Rodgers antes adaptado para os cinemas em Sexta-Feira Muito Louca (2003). A direção é de Tyler McIntyre, responsável por outro slasher, Tragedy Girls (2017), e pelo segmento The Gawkers em V/H/S/99. A dupla se esforça para equilibrar a comédia e o terror, mas acaba por não conseguir acertar muito bem no tom do segundo, com mortes bem pouco inspiradas e nada criativas (uma cena em que um pescoço é cortado é especialmente mal feita).

Quanto ao elenco, Jane e Jess estão bem em suas versões de Bailey e Clarence, mas o destaque maior é do elenco de apoio, que conta com rostos bem conhecidos dos fãs de terror. Katharine Isabelle (Ginger Snaps, American Mary) é a “tia divertida” de Winnie, Gale Prescott (em clara homenagem a Pânico), e a única pessoa além de Bernie que acredita na sobrinha. Já Justin Long (Olhos Famintos, Barbarian) brilha como o horroroso Henry Waters, um ricaço alaranjado pelo bronzeamento artificial que sonha em comprar a cidade toda para construir mais de seus empreendimentos, tarefa que acaba facilitada pelo desejo de Winnie. O comediante Joel McHale também tem um papel importante como David, o pai de Winnie, mas sua interpretação dramática e séria demais destoa um tanto do clima do longa.

Deixar de lado os Papais Noéis assassinos e substituí-los aqui por uma figura toda de branco empunhando uma faca estilizada é uma escolha interessante: as mortes são sem graça, mas o sangue espirrando no tecido e na máscara lisa ajuda na estética. Já o visual de Angel Falls, antes vermelho, verde e dourado, muda junto com o humor dos habitantes para um azul frio que deixa tudo escuro demais.

Com menos de uma hora e meia de duração, It’s a Wonderful Knife se inspira em slashers da década de 1990 para compor seu conto de Natal, mas a pouca ousadia o deixa para trás em comparação com os filmes que este pretende homenagear. No fim das contas, o resultado é mais um “coração quentinho” do que um terror da forma como gostaríamos. Pra isso, melhor ficar com Feriado Sangrento.

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Silvana Perez

Escolheu alguns caminhos errados e acabou vindo parar na Boca do Inferno em 2012. Apresenta o podcast do site, o Falando no Diabo, desde 2019. Fez parte da curadoria e do júri no Cinefantasy. Ainda fala de feminismos no Spill the Beans e de ciclismo no Beco da Bike.

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