3.8
(4)

Piranha 2
Original:Piranha 3DD
Ano:2012•País:Japão, EUA
Direção:John Gulager
Roteiro:Patrick Melton, Marcus Dunstan, Joel Soisson
Produção:Mark Canton, Joel Soisson, Marc Toberoff
Elenco:Danielle Panabaker, Matt Bush, Katrina Bowden, Jean-Luc Bilodeau, David Koechner, Chris Zylka, Adrian Martinez, Paul James Jordan, Meagan Tandy, David Hasselhoff, Christopher Lloyd, Paul Scheer, Gary Busey, Clu Gulager, Sierra Fisk, Matt Lintz, Ving Rhames

A comédia gore de Alexandre Aja, Piranha 3D (2010), considerada uma refilmagem do longa de Joe Dante de 1978, saiu-se bem no box office e na opinião dos críticos. Os excessos, tanto na sanguinolência quanto nas cenas de nudez e referências, levaram a produção a arrecadar mais de US$80 milhões nas bilheterias. Com participações especiais, piadas de duplo sentido e os efeitos 3D ajudaram na boa aceitação, e serviram para promover uma sequência. Sem o envolvimento de Aja, com orçamento reduzido, ainda que realizado também com a tecnologia 3D, Piranha 2 (Piranha 3DD, 2012) estreou mundo afora em maio de 2012, chegando ao mercado de DVD brasileiro em setembro. Passou longe de qualquer aprovação, e as razões envolvem um cardume de erros.

Começando – e principalmente – pelo roteiro. Voltar ao lago de antes, mostrar jovens sendo destroçados numa praia e algumas participações especiais poderiam ser arriscadas, mas se distanciar de tudo o que fora mostrado também não seria a melhor solução. Assim, o argumento, desenvolvido a seis mãos, partiu para uma ideia insana, sem deixar de lado todos os excessos vistos anteriormente: em vez de alimentar as piranhas em outro lago, Patrick Melton, Marcus Dunstan e Joel Soisson optaram por um parque aquático. Tinha chances de dar certo, mas precisaria também promover situações que justificassem o novo cenário. Havia tão pouco a contar dentro da proposta que o filme ficou com apenas 75 minutos de duração, tendo como acréscimos, para chegar a 1h23, erros de gravação e brincadeiras do elenco.

Piranha 2 começa com informações sobre o tal Lago Victoria, no Arizona, após o massacre visto no primeiro filme. Fechado e completamente abandonado, o local é agora um ambiente-fantasma, sem os jovens que outrora se divertiram entre azarações e som alto. Mais ou menos próximo dali, em Cross Lake, dois agricultores – um deles interpretado por Gary Busey – encontram uma vaca morta, com ovos de piranha em seu corpo. Eles se chocam e matam os dois homens, em bons efeitos de maquiagem. Nessa mesma região, Maddy (Danielle Panabaker, de Sexta-Feira 13, 2009) e seu padrasto Chet (David Koechner, de Krampus – O Terror do Natal, 2015, e Premonição 5, 2011) estão prestes a inaugurar o parque aquático Big Wet.

Maddy, que retornou recentemente à cidade, está preocupada com os rumos do novo empreendimento, uma vez que Chet quer torná-lo um parque erótico, com espaço adulto, substituindo salva-vidas por strippers. Mais tarde, dois jovens, Shelby (Katrina Bowden, de Grande Tubarão Branco, 2021), e seu namorado Josh (Jean-Luc Bilodeau, de Contos do Dia das Bruxas, 2007), resolvem dar um mergulho no lago sem roupas, e uma piranha entra na vagina da garota (!!) – não ataca, não come os órgãos, nem nada. É apenas uma ideia para promover uma situação posterior quando o rapaz fica com uma criatura cravada em seu pênis durante uma relação sexual. Outros dois jovens também são atacados enquanto planejavam transar em uma van: Ashley (Meagan Tandy) algema Travis (Paul James Jordan) para depois serem mutilados pelos monstrinhos, em uma cena que havia sido planejada para o primeiro filme.

Quando Maddy e Shelby são atacadas à beira do lago, ela, seu ex-namorado Kyle (Chris Zylka, de Terror na Água 3D, 2011) e o amigo apaixonado Barry (Matt Bush) vão até o Lago Victoria para conversar com o especialista Carl Goodman (Christopher Lloyd, reprisando seu papel), que indica uma possibilidade das piranhas terem migrado entre os lagos e talvez estejam adquirindo outras formas de mobilidade. Por saber que a água do parque temático será drenada de Cross Lake, Maddy tenta convencer Chet a não abrir as portas, mas ele se nega, assim como deu dinheiro para Kyle aceitar a abertura. Com a inauguração, o astro David Hasselhoff, fazendo papel dele mesmo, é convidado para atuar como salva-vidas, com inúmeras piadinhas e referências à clássica S.O.S. Malibu. Também reaparece nesta continuação o policial Fallon (Ving Rhames), que perdeu as duas pernas na sua cena de ataque no primeiro filme e está com medo de entrar na água, sendo conduzido na cadeira de rodas por Andrew (Paul Scheer), com papel em Piranha 3D.

À primeira vista, Piranha 2 parece aceitável. Só parece. Acrescente no recheio várias cenas de nudez, piadas envolvendo masturbação, virgindade e drogas, e nenhum momento de tensão ou terror. Com objetos, piranhas e partes do corpo sendo atiradas para a tela para aproveitar o formato 3D, o longa se perde em sua pornochanchada, seus excessos que o tornam uma caricatura do primeiro. As piranhas, que deveriam ser as principais estrelas do filme, têm pouca importância, enquanto relacionamentos rasos, perguntas indiscretas de crianças chatas e ironias aparecem aos montes. Clichês e mais clichês, como o do oportunista que não quer fechar a praia, o lago, o negócio pelos lucros, tendo ainda um elenco jovem irritante, Piranha 2 parece aquelas produções de terror teen em que os adolescentes são mostrados como idiotas, e o público percebe que nem como diversão o filme serve.

Ving Rhames e Christopher Lloyd foram forçadamente colocados no elenco para estabelecer uma conexão com o primeiro. Rhames agora tem uma perna mecânica que atira como a de Rose McGowan em Planeta Terror. As cenas dessa revelação são bem mal realizadas, sem o impacto divertido que se espera. Já Lloyd segue o seu estilo cientista louco para mostrar a movimentação de uma piranha no aquário, atravessando barreiras metálicas para alcançar a presa. David Hasselhoff está ali somente para pagar contas e parece ter se divertido com o filme; algumas de suas cenas são até interessantes, como a do momento em que um garoto pede ajuda, com a câmera brincando com o zoom do clássico Tubarão (1975).

Com efeitos especiais não tão bons quanto os do primeiro, Piranha 2 quis apenas se aproveitar do sucesso anterior e partiu para o nonsense, parodiando seus próprios conceitos, enquanto explorou corpos e referências. Conseguiu ser inferior até a Piranha 2: Assassinas Voadoras, de James Cameron, para se ter uma ideia de sua chatice.

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1 comentário

  1. Eu até gosto dessa sequência mas eu confesso que desta vez eles apelaram um pouco demais para o humor.

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