A Maldição da Ponte (2020)

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A Maldição da Ponte
Original:The Bridge Curse
Ano:2020•País:Taiwan
Direção:Lester Hsi
Roteiro:Keng-Ming Chang, Po-Hsiang Hao
Produção:Keng-Ming Chang, Chi Hsiang Chuang, Po-Hsiang Hao, ollar Li
Elenco:Ning Chang, Cheng Ko, J.C. Lin, Summer Meng, Vera Yen, Wan-Ru Zhan

Alguns estudantes planejam esclarecer se uma lenda urbana que aterroriza a universidade é real ou não. A informação que circula é que o espírito de uma garota, que teria se afogado misteriosamente em um lago da instituição, amaldiçoa aqueles que atravessam uma pequena ponte do local. O plano é: passar uma noite no campus e filmar qualquer manifestação que não seja natural. No entanto, o que parecia apenas um experimento sem consequências realizado por aspirantes do clube de comunicação e áudio visual se torna uma jornada interminável de violência e horror. Quatro anos se passam e uma repórter, acompanhada de um cinegrafista, retornam à universidade para uma investigação séria sobre as mortes inexplicadas dos universitários. Teriam eles confrontado uma força sobrenatural e vingativa, que continua sendo uma ameaça? Ou seria apenas histeria coletiva causada por um boato sensacionalista criado para viralizar?

O longa, supostamente baseado em uma lenda uàbana real sobre uma ponte assombrada da Universidade Tunghai, é dirigido pelo cineasta taiwanês Lester Hsi (responsável pela continuação A Maldição da Ponte 2 – O Ritual, 2023) e escrito pelos roteiristas Keng-Ming Chang (de Enforcados 3, 2023) e Po-Hsiang Hao. A Maldição da Ponte (2020) revisita os paradigmas estabelecidos há pouco mais de duas décadas pela safra de “novos” clássicos do horror oriental, como Ringu – O Chamado (1999) ou Ju-On – O Grito (2002); para isso baseou a construção do seu enredo nos clichês mais clássicos, como o fantasma feminino vingativo amaldiçoando e assombrando o local de sua morte, além de explorar símbolos visuais fortíssimos como a água e os longos cabelos negros. Acrescentou a fórmula o seu percentual de found footage, com imagens capturadas por câmeras de segurança e celulares, adicionando (ou pelo menos, tentando) uma camada maior de realismo à produção.

Contudo, apesar da louvável tentativa de reciclar as boas ideias e o estilo do cinema fantástico oriental dos anos 2000, A Maldição da Ponte tem suas irregularidades (e não são poucas). O roteiro, por exemplo, aposta em uma mistura pouco organizada de duas linhas narrativas distintas (a experiência dos estudantes e a investigação da jornalista). Esta estratégia, que poderia trazer alguma sofisticação à obra, acaba por evidenciar uma dificuldade latente no desenvolvimento dos personagens, sejam os protagonistas ou os coadjuvantes, que não apresentam qualquer profundidade ou ainda alguma subtrama que agregue valor ou importância as suas existências. Em resumo, quase nada conhecemos a respeito da turma de jovens que vai morrer nos 90 minutos de exibição do filme. A consequência é que todo o desenrolar dos acontecimentos pouco nos cativa ou perturba, nos mantendo distantes e indiferentes. Ainda em relação ao roteiro, a trama traz uma reviravolta que, se não chega a empolgar, é eficiente em definir as regras para a maldição que dá título ao filme.

Mas independente de qualquer crítica, talvez a pergunta inevitável seja: o objetivo dos realizadores foi alcançado? Em teoria, sim. Mesmo com todas as limitações, A Maldição da Ponte (2020) foi um sucesso nos cinemas locais e estreou internacionalmente na plataforma Netflix, garantindo ao filme uma audiência razoável. O relativo êxito garantiu uma continuação, também já disponível no canal de streaming, A Maldição da Ponte 2 – O Ritual (2023).

Curiosamente, The Bridge Curse: Road to Salvation, uma adaptação do filme para os videogames foi lançada em 2022, pela Softstar Entertainment. O jogo, em primeira pessoa, foi disponibilizado para diferentes plataformas, como para PCs e para os principais consoles (entenda-se Playstations e X-Boxes), agradando boa parte do público deste tipo de mídia.

Enfim, o maior problema do longa de Lester Hsi não é tentar se sustentar nos clichês do gênero, mas infelizmente não conseguir isso satisfatoriamente, mesmo tendo a disposição uma infinidade de boas obras para inspirá-lo. Ou seja, a lição de casa não foi feita, prova disso é a esperada ambientação mais sóbria e intimista sendo substituída por uma série de correrias e jump scares. Ou talvez seja uma tentativa dos realizadores de adaptar o gênero ao consumidor atual, que aparentemente prefere o prazer em curta duração das redes sociais, em seus cortes que distorcem a realidade. Embora igualmente falhe em nos proporcionar este contentamento efêmero.

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João Pires Neto

João Pires Neto é apaixonado por livros, filmes e música, formado em Letras, especialista em Literatura pela PUC-SP, colaborador do site Boca do Inferno desde 2005, possui diversos contos e artigos publicados em livros e revistas especializadas no gênero fantástico. Dedica seu pouco tempo livre para continuar os estudos na área de literatura, artes e filosofia

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