Amityville 6: Uma Questão de Hora
Original:Amityville 1992: It's About Time
Ano:1992•País:EUA Direção:Tony Randel Roteiro:John G. Jones, Christopher DeFaria, Antonio Toro Produção:Christopher DeFaria Elenco:Stephen Macht, Shawn Weatherly, Megan Ward, Damon Martin, Jonathan Penner, Nita Talbot, Dean Cochran, Terrie Snell, Kevin Bourland, Margarita Franco, William Jackson, Willie C. Carpenter, Dick Miller, Alan Berman, Dylan Milo |
Era questão de tempo para que um novo Amityville fosse realizado, com base na febre das continuações de filmes de terror iniciada nos anos 80. O anterior, considerado um dos piores da franquia, tentou partir para uma nova casa, outra maldição e assassinato, consequente de possessão. O “Halloween III e Sexta-Feira 13 – Parte 5 – Um Novo Começo” da série não agradou como se imaginava e logo a casa maldita voltaria a assombrar pela influência de um objeto adquirido por uma outra família. Amityville 6: Uma Questão de Hora (Amityville 1992: It’s About Time, 1992) não foi o retorno que todos os fãs queriam, mas pelo menos não fugiu para um conceito totalmente novo.
Como o título já adianta, o item amaldiçoado é um velho relógio, adquirido de uma “velha casa” pelo arquiteto Jacob Sterling (Stephen Macht, Deu a Louca nos Monstros e A Criatura do Cemitério), enquanto estava realizando negócios em Amityville, e deixou seus dois filhos, Lisa (Megan Ward, de O Tira do Futuro e Luta pela Sobrevivência) e Rusty (Damon Martin, de Ghoulies II, 1987), sob os cuidados da ex-namorada, a estudante de arte Andrea Livingston (Shawn Weatherly). Com aspecto antigo e estilo pêndulo com faces de acordo com o tempo, o relógio, colocado sobre a lareira, mescla-se ao ambiente, fazendo a vizinha, Iris Wheeler (Nita Talbot), ter uma visão da casa original de Amityville.
Produzindo um som alto de tique-taque, o relógio já promove os primeiros arrepios ao substituir o ambiente em que está, uma sala comum, por uma câmara de torturas da Idade Média, em um fenômeno flagrado por Rusty, cada vez que acende a luz pelo interruptor. Durante uma corrida pelo bairro, Jacob é atacado por Peaches, cachorro da Sra. Tetmann (Terrie Snell), aparentando um estado de frieza, e fica com graves ferimentos na perna, ocasionando sua mudança gradual de personalidade, obcecado por um projeto de arquitetura que está desenvolvendo no bairro.
O relógio também irá afetar a personalidade da ingênua Lisa, que passa a se vestir com mais ousadia para o namorado Andy (Dean Cochran), fará aparecer uma gosma preta em diversos ambientes e alterará a noção de tempo – uma das melhores ideias do roteiro de Christopher DeFaria e Antonio Toro, a partir da obra e argumento de John G. Jones. Outro que enfrentará manifestações no local é o namorado de Andrea, o Dr. Leonard Stafford (Jonathan Penner), que, além de aguentar a preocupação da garota com o ex, ainda se vê ameaçado por ele e é atacado por um morto-vivo na banheira.
Com direção de Tony Randel, que comandou Hellraiser II: Renascido das Trevas, Amityville 6 melhora a franquia em muitos aspectos: possui um enredo bem dinâmico e que, mesmo com influência sobre personagens, não tenta copiar os primeiros filmes. Explora uma ideia diferente a partir do uso de objeto ao estabelecer uma conexão curiosa com o necromante Jean du Rey, assassino de crianças e canibal da França do século XV. É feito um bom trabalho técnico, efeitos especiais aceitáveis e um elenco carismático, com poucos estereótipos.
Perde pontos por alguns furos não explicados: Rusty é alertado sobre o mal que habita a casa e sabe que o relógio trouxe mau agouro e manifestações, e ainda assim não faz o óbvio, que seria destruir o objeto. Aliás, ninguém faz isso até o último ato, quando as paredes da casa evidenciam mecanismos que compõem o relógio, em outra bela ideia do enredo. Não se explica também como o relógio influenciou uma vizinha que nem teve contato com a casa ou com o objeto – se aquilo era visão ou o que realmente aconteceu. E o final, otimista, poderia ter partido para um outro caminho, deixando algum elemento que desse ideia de continuidade.
Lançado diretamente em vídeo e contando com uma pontinha de Dick Miller, Amityville 6 é um bom acréscimo à série, pelo menos melhor do que algumas continuações envolvendo a casa de olhares luminosos. Traz uma boa nostalgia de quando o filme era constantemente exibido na TV aberta e o público não fazia a menor noção de como encaixá-lo na franquia – e provavelmente ainda não o faz.