Trancers III: A Luta pela Sobrevivência (1992)

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Trancers III: A Luta pela Sobrevivência
Original:Trancers III
Ano:1992•País:EUA
Direção:C. Courtney Joyner
Roteiro:C. Courtney Joyner
Produção:Albert Band
Elenco:Tim Thomerson, Melanie Smith, Andrew Robinson, Tony Pierce, Dawn Ann Billings, Ed Beechner, Helen Hunt, Megan Ward, Stephen Macht, Stephen Macht, R.A. Mihailoff

A terceira aventura de Jack Deth (Tim Thomerson) foi lançada em VHS no Brasil pela Alpha Filmes como Trancers: A Luta pela Sobrevivência. Com destaque para o nome de Helen Hunt, que tem menos de cinco minutos em cena, fico imaginando como as pessoas que alugaram essa fita por aqui conseguiram entender o que estava acontecendo. Ora, é a terceira parte de uma franquia sci-fi que traz viagem no tempo, pessoas controladas por uma droga, combates diversos (abandonaram as armas a laser comuns no primeiro filme) e muitos personagens. Acompanhando desde o longa original, é possível seguir a linha narrativa com mais precisão, principalmente pelas semelhanças com O Exterminador do Futuro e Blade Runner.

Para quem não leu as críticas referentes ao primeiro e à continuação O Tira do Futuro, Jack é um agente do século XXIII que foi enviado para 1985 para evitar que duas pessoas importantes para o futuro sejam mortas. Ele também tem que cessar as ações do vilão Whistler (Michael Stefani), que cria e controla zumbis (os chamados “trancers“) para servir a seus intentos. Na parte 2, ambientada em 1991, Jack está casado com Lena (Helen Hunt), garota que conheceu seis anos antes e o ajudou a enfrentar os inimigos, e precisa enfrentar o irmão de Whistler, Ed Wardo (Richard Lynch), que está desenvolvendo uma droga através da instituição psiquiátrica GreenWorld para produzir “trancers“, além de almejar eliminar Hap Ashby (Biff Manard), que no futuro será parte do conselho no combate aos controlados. Neste segundo filme, houve o acréscimo de Alice Stillwell (Megan Ward), que veio ao passado como caçadora de trancers e, porventura, é a esposa de Jack.

Optando por ficar em 1991 com Lena, ao final Jack envia para o futuro Alice, através da câmara TLC. Com os dois inimigos mortos, é provável que a paz finalmente tenha se instaurado no futuro, certo? Claro que não, ou não teríamos o terceiro filme. Nele, ambientado um ano depois, Jack está em vias de se separar de Lena devido aos seus comportamentos irregulares, como o de deixá-la sozinha, e estar sem trancer algum para enfrentar, atuando como detetive particular de traições de relacionamento, com direito a escritório e muita má vontade. Um mandroide de nome Shark (o grandalhão R.A. Mihailoff, que foi Leatherface em O Massacre da Serra Elétrica 3), movido a cristal, vem ao passado e leva Jack à força para o ano de 2352, a pedido de Alice.

Eles precisam mais uma vez do apoio de Jack porque no futuro haverá uma grande guerra contra os trancers, sem a menor chance de vitória da humanidade. O herói deverá viajar para 2005 e procura Lena, que publicou um artigo denunciando uma milícia local que estaria transformando as pessoas em trancers para combate. Ao reencontrá-la, ele descobre que Lena está casada e com uma filha, mas ela lhe apresenta a sua fonte de informação, uma jovem chamada R.J. (Melanie Smith), que teria se iniciado no programa militar, mas decidiu fugir quando percebeu a insanidade de um dos soldados. Liderado pelo Coronel Papai Muthuh (Andrew Robinson, o tio Larry de Hellraiser – Renascido do Inferno), com o apoio de Jana (Dawn Ann Billings, a moça que dá à luz o Warlock em Warlock 2: O Armageddon), trata-se de uma espécie de academia unida a um quartel general, localizado sobre um bar, onde Jason (Tony Pierce) alicia homens para servir à brigada com a promessa de compor um exército de elite.

Uma vez que a pessoa aceita participar, ela passa a receber doses de uma droga que aos poucos vai transformando-a em um trancer, controlado por Muthuh. Jack nem precisa se esforçar para se infiltrar no local, pois logo é capturado pelo inimigo e experimenta uma dose da droga. Ele precisa encontrar meios de escapar dali, enfrentar os trancers e o líder, para mais uma vez salvar o futuro. Para complicar o enredo, o roteiro de C. Courtney Joyner, também diretor do longa e que depois faria apenas Aprisionados pelo Medo, apresenta mais alguns personagens, como o recruta Ryan (Ed Beechner) e o senador McCoy (Hunter von Leer), que, após uma visita, passa a se interessar em financiar e ampliar o projeto.

Sem muito o que mostrar, além de momentos em que nada acontece – Jack vai à praia, é atacado; depois é atacado novamente -, o filme é acrescido de algumas sequências de treinos de luta dos trancers, com a observação de Muthuh. Muito estereotipado até na apresentação de seu quartel vilanesco, com uma mapa mundi imenso em exibição, além da sala de aplicação das drogas e o uso de uma espada de samurai (?!?), Trancers 3 é o mais fraco da franquia até então, sem empolgar nas lutas e confrontos. Não há justificativa para o filme se passar em 2005 que não seja mostrar Lena casada e com uma filha, uma vez que não traz diferenças entre esse ano e 1992, nem mesmo nas roupas e veículos. E chega a ser um absurdo que, depois de 13 anos de inatividade, o escritório de Jack ainda estar ali no mesmo local. “Tomara que a minha chave ainda funcione“.

Sem o retorno de Hap, apenas mencionado pelos negócios lucrativos, e McNulty (Art LaFleur), que teria sido morto no futuro, a franquia apresenta o personagem Harris (Stephen Macht, de A Criatura do Cemitério), como comandante e depois como membro do conselho ao lado de Alice e Raines (Telma Hopkins), presente nos dois outros filmes. Havia, pelo final apresentado, a intenção de dar continuidade à franquia com Jack viajando através de anos distintos para “limpar a sujeira que irá estragar o futuro“, mas foi além, com o lançamento, dois anos depois, de Trancers 4: Fome de Sangue, de David Nutter. Desta vez, o agente do futuro foi longe demais…

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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