Os Inocentes
Original:The Innocents
Ano:1961•País:EUA, UK Direção:Jack Clayton Roteiro:Henry James, John Mortimer, William Archibald, Truman Capote Produção:Jack Clayton Elenco:Deborah Kerr, Peter Wyngarde, Megs Jenkins, Michael Redgrave, Martin Stephens, Pamela Franklin, Clytie Jessop, Isla Cameron |
“Eles alguma vez voltam para possuir os vivos?”
Quando pensamos num filme antigo de horror sobrenatural, psicológico, com elementos góticos e temática de casa assombrada por fantasmas perturbados que atormentam os vivos, rapidamente vem à mente pelo menos dois clássicos extremamente significativos no gênero, ambos ingleses e dos anos 60 do século passado: Desafio ao Além (The Haunting, 1963), de Robert Wise, e Os Inocentes (The Innocents, 1961), produzido e dirigido por Jack Clayton, com fotografia em preto e branco de Freddie Francis (que também foi diretor de vários filmes da “Hammer” e “Amicus”), e que está disponível no “Youtube” com a opção de legendas em português, além de ter sido lançado no Brasil em mídia DVD pela “Classicline” e também pela “Versátil” num box com Blu-Ray, DVD e materiais extras.
O roteiro de William Archibald e Truman Capote é baseado no livro “A Volta do Parafuso” (The Turn of the Screw, 1898), de Henry James (1843 / 1916), que serviu de inspiração para uma infinidade de filmes, sendo Os Inocentes considerado o mais famoso e importante deles, e que por sua vez influenciou muitos outros como o ótimo Os Outros (The Others, 2001), dirigido pelo chileno Alejandro Amenábar e com Nicole Kidman.
Ambientado na Inglaterra da década de 1860, um aristocrata solteiro (Michael Redgrave) contrata a Srta. Giddens (Deborah Kerr) para assumir o posto de governanta numa imensa casa de campo no interior, administrando com plenos poderes o local e principalmente cuidando de seus pequenos sobrinhos órfãos, os estranhos irmãos Miles (Martin Stephens, de A Aldeia dos Amaldiçoados) e Flora (Pamela Franklin, de A Casa da Noite Eterna e A Fúria das Feras Atômicas). Na imensa casa ainda trabalham também as arrumadeiras Sra. Grose (Megs Jenkins) e Anna (Isla Cameron).
Porém, com o passar do tempo a Srta. Giddens testemunha eventos fantasmagóricos nos corredores escuros da casa e arredores da propriedade, com aparições sinistras, vozes e risos misteriosos, envolvendo o antigo zelador sádico Peter Quint (Peter Wyngarde) e a governanta anterior, a “mulher de preto” Srta. Mary Jessel (Clytie Jessop). Eles tinham um bizarro caso amoroso e morreram em circunstâncias trágicas, sendo que talvez seus fantasmas perturbados ainda estejam rondando o local, tentando possuir as crianças, e desestabilizando a nova governanta, já reprimida e paranoica com seus próprios demônios internos, e agora também angustiada e preocupada com a segurança delas.
Os Inocentes tem ritmo lento e sustos discretos, é o típico filme de horror psicológico sugerido, sem correrias ou barulheiras com excesso de clichês, e não tem violência ou sangue. Por outro lado, apresenta situações desconfortáveis com aparições de espíritos malévolos de mortos inquietos com o objetivo de gelar a espinha e desafiar a sanidade dos vivos. E nesse sentido o filme funciona muito bem, sem precisar de monstros disformes e histéricos, investindo apenas na construção de uma atmosfera progressivamente sinistra.
O livro de Henry James foi adaptado para o cinema várias vezes e vale citar alguns exemplos. Em 1971 tivemos uma pré-sequência também inglesa chamada aqui no Brasil de Os Que Chegam Com a Noite (The Nightcomers), com direção de Michael Winner e Marlon Brandon no elenco, apresentando eventos anteriores focados no sinistro zelador Peter Quint e na governanta Srta. Jessel, cujas mortes afetaram o equilíbrio emocional da Srta. Giddens, a governanta seguinte. Em 2020 a plataforma de streaming “Netflix” exibiu uma série americana com 9 episódios, A Maldição da Mansão Bly (The Haunting of Bly Manor), criada por Mike Flanagan. No mesmo ano tivemos o filme americano Os Órfãos (The Turning), com Finn Wolfhard (da série Stranger Things).
“– Era somente o vento, minha querida.” – Miles