![]() Ash: Planeta Parasita
Original:Ash
Ano:2025•País:EUA Direção:Flying Lotus Roteiro:Jonni Remmler Produção:Nate Bolotin, Matthew Metcalfe Elenco:Eiza González, Aaron Paul, Iko Uwais, Kate Elliott, Beulah Koale, Flying Lotus, Andrew B. Miller |
Quando o horror perde a identidade, produções como Ash: Planeta Parasita (Ash, 2025) despontam no horizonte de roteiristas pouco criativos e oportunistas. Trata-se de uma produção que veio da escola Alien, O Oitavo Passageiro (Alien, 1979) e fez pós-graduação em O Enigma de Outro Mundo (The Thing, 1982), com os professores Ridley Scott e John Carpenter. Para tentar ser mais do que apenas o mesmo, o roteiro de Jonni Remmler traz um aprofundamento psicológico, tenta enganar o infernauta com a confusão da protagonista Riya (Eiza González) somente para quando bem quer revelar suas fake scenes. Para melhor explicar, é como se Sigourney Weaver não tivesse os recursos de Alien 3 para saber por onde raios se esconde o inimigo extraterrestre, e a revelação viesse nos últimos acordes.
Riya é uma astronauta desmemoriada que acorda em um posto avançado num ambiente estranho e com seus colegas tripulantes todos mortos. Com pequenos recortes dos atos que culminaram na tragédia, ela tenta entender quem seria o responsável pelo massacre enquanto caminha por um planeta chroma key e enxerga caleidoscópios no céu. Quando ela encontra Brion (Aaron Paul), que diz ser parte da sua mesma tripulação, algumas informações ajudam a montar o quebra-cabeça insano: ela faz parte de uma equipe cuja missão seria encontrar um planeta com as mesmas condições da Terra, destruída pelos humanos – aqui cabe seu bocejo. Ao encontrar o local ideal, segundo Brion, algo fez a astronauta Clarke (Kate Elliott), única desaparecida, meter o louco e assassinar todos os demais. Por que deixou Riya viva antes de fugir? O que a fez perder a razão? É preciso aguardar mais algumas andadas pelo posto, sonecas e flashbacks.
Até lá, Brion diz a ela que o oxigênio está se extinguindo e que precisam retornar o quanto antes à nave. Com medicações e um aparelho de varredura médica – ele também faz cirurgia, mas não dá pontos, contando com uma voz animada de produto ching ling -, mais alguns momentos são lembrados assim como os demais membros da equipe: ela descobre que Kevin (Beulah Koale) era seu namoradinho espacial e Davis (o diretor Flying Lotus) é o gente boa, enquanto o espectador, fã de porradaria, vai ter a chance de rever Iko Uwais (de Operação Invasão) numa ponta de menos de três minutos, deixando transparecer suas artes marciais. Pode ser também que o público recorde de Eiza González como a Santánico Pandemonium da série Um Drink no Inferno e também a Auggie Salazar de O Problema dos 3 Corpos. Aaron Paul é figurinha reconhecida de Breaking Bad.
Demora para Riya fazer o óbvio: procurar registros de gravação interna e dos rolês pelo planeta. A busca por pistas é intercalada por um banho de cores dançantes, com vapores que saltam de buracos profundos em processos de terramorfose, e luzes e raios, com a câmera de Flying Lotus (segmento de V/H/S/99) conduzindo a audiência por uma viagem LSD. Tudo se justifica pela própria condição da protagonista no ato final, bastando apenas que você evite alguns cochilos. E é claro, há uma inteligência alienígena em pauta, reservando a sequência final para a referência John Carpenter. Mas Riya não é Ripley, e o filme não está vindo como um divisor de constelações do gênero.
Pode ser que nesse baile luminoso, você consiga se divertir com o CGI de uma cabeça aberta com tentáculos, e chegue aos créditos com a sensação de ter visto algo minimamente bom. Não é. Ash: Planeta Parasita está para Alien, o Oitavo Passageiro, assim como O Enigma de Outro Mundo / A Coisa (2011) está para o filme de 1982. Não se engane pelo título e pela sinopse Os Desconhecidos (Unknown, 2006) e Tumba Aberta (Open Grave, 2013), e entenda que Ash é apenas um genérico de uma empresa farmacêutica picareta.