
![]() Five Nights at Freddy's 2
Original:Five Nights at Freddy's 2
Ano:2025•País:EUA, Canadá Direção:Emma Tammi Roteiro:Scott Cawthon Produção:Jason Blum, Scott Cawthon Elenco:Josh Hutcherson, Piper Rubio, Elizabeth Lail, Matthew Lillard, Freddy Carter, Wayne Knight, Mckenna Grace, David Andrew Calvillo, Teo Briones, Audrey Lynn-Marie, Miriam Spumpkin, Han Soto, Grant Feely, Gavin Borders, Bentley Cooper, Carl Palmer, Ann Mahoney, Vivian Atencio, Skeet Ulrich |
Quando Scott Cawthon concebeu o jogo cristão Chipper & Sons Lumber Co., recebeu muitas críticas negativas pela aparência considerada assustadora de seus animatronics. Assim resolveu explorar esse teor assustador para desenvolver em 2014, via plataforma Desura, o jogo Five Nights at Freddy’s, desta vez com bonecos intencionalmente aterrorizantes. Apesar dos baixos recursos gráficos, o jogo teve o apoio de youtubers e alcançou uma popularidade assombrosa, desenvolvendo uma franquia. Basicamente a ideia central apresentava um guarda-noturno ou outras pessoas tentando sobreviver por cinco noites em alguma das filiais da “Freddy Fazbear’s Pizza“, com ferramentas e recursos que encontram pelo caminho.
O sucesso da franquia, principalmente com as crianças — fui apresentado ao jogo por uma sobrinha que tinha na época 6 anos —, condicionou a Blumhouse a desenvolver um live action, aproveitando a boa aceitação de bonecos assustadores no cinema: eles haviam tido uma recepção interessante com M3gan (2022). Five Nights at Freddy’s – O Pesadelo Sem Fim chegou aos cinemas em 26 de outubro se mostrando um filme divertido e claustrofóbico, com bonecos bem confeccionados e um elenco atraente, destacando Josh Hutcherson, Elizabeth Lail e uma participação muito bem-vinda de Matthew Lillard.
Ambientado em 2000, o primeiro mostrava Mike Schmidt (Hutcherson) aceitando trabalhar como segurança noturno de uma pizzaria, temendo que a assistência social tire dele a guarda de sua irmã Abby (Piper Rubio), como bem desejava a tia Jane (Mary Stuart Masterson). Enquanto trabalhava, além de ser importunado por uns vândalos contratados por Jane para que Mike perca o emprego e a guarda da irmã, ele é atormentado por pesadelos envolvendo a morte do irmão mais novo, Garret (Lucas Grant), sem ainda saber que o garoto e outras cinco crianças foram vítimas do serial killer William Afton (Lillard), que escondeu os corpos de suas vítimas nos personagens que fazem parte da atração no restaurante, e que seus espíritos agora buscam vingança. Em meio à luta pela sobrevivência, Mike conhece a policial Vanessa (Lail), que não está lá por acaso, sendo filha do assassino.
A boa concepção dos bonecos — Freddy Fazbear, Bonnie, Chica, Foxy e Sr. Cupcake — dão um aspecto assustador à atração. E o filme, apesar de repleto de clichês e algumas bobagens, até diverte, mesmo com seu melodrama, com bons efeitos especiais, uma curiosa ambientação, e Matthew Lillard mais uma vez se mostrando um perturbador assassino. Como foi bem nas bilheterias — custou US$ 20 milhões e arrecadou quase US$ 300 milhões de dólares —, uma sequência foi planejada, resgatando o elenco e buscando uma leve inspiração no segundo jogo da franquia.
Tem início em 1982, quando a pequena Charlotte Emily (Audrey Lynn-Marie) testemunha o sequestro e quase morte de um garoto nas ações do serial killer William Afton. Embora consiga salvá-lo, a garota é esfaqueada e morta, tendo o corpo mostrado aos pais que ignoraram seu pedido de ajuda por um boneco chamado Marionette. A empresa encontrou uma forma de abrandar o acontecimento e continuou se expandindo em outras unidades, incluindo a mostrada no primeiro filme. Em 2002, mesmo com a destruição do local e os ataques de animatrônicos possuídos, o episódio passou a ser considerado uma lenda urbana e ainda estimulou o festival FazFest, onde pessoas se vestem como os personagens da pizzaria.
Se Mike conseguiu se livrar dos pesadelos, Vanessa agora é atormentada por traumas do passado em que vê o pai perseguindo-a em casa. Mike tenta se aproximar para um possível relacionamento, enquanto Abby sente saudades dos animatrônicos, principalmente Chica, querendo que eles sejam consertados pelo irmão. Numa das fugas da menina, ela vê a pizzaria anterior completamente em ruínas, sem chances de ser reparada, mas consegue um brinquedo chamado FazTalker. O espírito de Charlotte utiliza o acessório para se comunicar e pedir ajuda, ao passo que Mike, a partir de um folheto, entra em contato com o pai da falecida, Henry (Skeet Ulrich, outro assassino de Pânico presente), e descobre que houve mais vítimas do assassino em série, além das cinco crianças.
Seduzida pelo fantasma da garota, capaz de possuir Marionette e ainda controlar os animatrônicos, Abby é o ponto de partida para que os bonecos possam andar livremente pela cidade, planejando se vingar dos pais omissos de 1982 e ainda ajudá-la a se vingar de seu professor, o Sr. Berg (Wayne Knight), que rejeitou seu projeto para a feira de ciências. Assim, Five Nights at Freddy’s 2 traz os animatrônicos mais uma vez fazendo vítimas na pizzaria e ainda aterrorizando a cidade, obrigando Mike a enfrentá-los com um recurso visto no segundo jogo, a partir do uso de uma máscara para enganar os bonecos assassinos. Para ampliar o número de vítimas, um grupo de investigadores do paranormal vão ao Freddy Fazbear’s Pizza somente para que os animatrônicos malditos entrarem em ação, destacando entre eles a scream girl Mckenna Grace, que, com 19 anos, já tem em seu currículo Amityville: O Despertar, Tara Maldita, A Maldição da Residência Hill, Annabelle 3: De Volta Para Casa, Maligno e os dois filmes recentes da franquia Ghostbusters — em fevereiro, ela poderá ser vista em Pânico 7.
Five Nights at Freddy’s 2 é mais dinâmico e ambicioso do que o primeiro. Explora bem os efeitos especiais, principalmente na utilização de bonecos semi-destruídos para dar um aspecto mais ameaçador, outros animatrônicos, além de ambientações diferentes. Contudo, se a direção de Emma Tammi é mais uma vez bem realizada, o roteiro de Scott Cawthon é bem cansativo, com mais sequências de ação do que aterrorizantes — um erro que a Blumhouse já havia cometido com M3GAN 2.0 — e ainda tem algumas ideias idiotas e cafonas ali, como no último ato, com um confronto inusitado e possessões absurdas. Torna-se ainda mais inverossímil quando se pensa nos crimes acobertados pelo dono da franquia, ainda mais envolvendo crianças e uma festa em uma pizzaria. A forma como Charlotte é ignorada também beira o exagero pelo fato da criança aparecer chorando para adultos pedindo ajuda pelo garoto sequestrado. Aliás, por que a garotinha achou que o menino estava em perigo, se ela mesma tinha intenção de se aproximar dos bonecos?
O longa basicamente obriga o infernauta a rever o primeiro para entender sua proposta, o que o torna confuso para quem não guardou boas recordações do original. E tem personagens exageradamente irritantes como a própria Abby e caricatos como o professor Berg, além dos jovens criadores de conteúdo. Pode ser que tudo ali empolgue os fãs dos jogos pelas referências e revisitações, mas, analisando como filme, dá a impressão de um animatrônico defeituoso que tentaram consertar, criando algo ainda mais problemático, com sobras de peças. E, pelo visto, não será a última vez em que veremos a pizzaria do Freddy em um live action, pois o filme traz um gancho desnecessário para uma continuação que espero que fique apenas no protótipo.

























