3.7
(3)

Maniac (2013)

Maníaco
Original:Maniac
Ano:2012•País:França, EUA
Direção: Franck Khalfoun
Roteiro:C.A. Rosenberg, Grégory Levasseur, Alexandre Aja
Produção:Alexandre Aja, Thomas Langmann, Grégory Levasseur, William Lustig
Elenco: Elijah Wood, America Olivo, Nora Arnezeder, Megan Duffy, Brian Ames, Genevieve Alexandra, Liane Balaban, Jan Broberg

A produção franco-americana Maniac, dirigida pelo cineasta Franck Khalfoun (P2 – Sem Saída, 2007), chega sorrateiramente para comprovar que nem todo remake é ruim ou desnecessário – como costumamos bradar entre amigos. Khalfoun e o também francês Alexandre Aja (Alta Tensão, 2003) são os principais responsáveis por esta releitura sofisticada do slasher homônimo rodado em 1980. Felizmente, contrariando os pessimistas de plantão, as alterações em relação ao original foram todas positivas. E dentre elas, o maior destaque é o roteiro escrito por Aja (em parceria com Grégory Levasseur e C.A. Rosenberg), que além de preencher algumas inconsistências e lacunas deixadas na primeira versão, acrescenta uma mudança ousada e interessante na perspectiva em que o longa é “narrado”.

Maniac é concebido a partir do ponto de vista do assassino. Embora não seja uma proposta completamente original – um exemplo recente do uso da câmera subjetiva é o polêmico Enter The Void, dirigido pelo argentino Gaspar Noé em 2009 – o mérito desta refilmagem está na eficiência com que este artifício é utilizado; e consequentemente no efeito que ele tem sobre o espectador.

A câmera em primeira pessoa, que a princípio nos convida a adentrar a mente doentia do maníaco Frank Zito, nos mantém refém de sua insanidade: não há como fugir. O efeito é perturbador, pois através dos olhos do personagem compartilhamos não apenas os assassinatos, mas também as lembranças dos acontecimentos que o levaram a romper com a realidade e a tornar-se um psicopata. Esta perspectiva brutal e manipuladora eleva de forma assustadora o nível de cumplicidade entre espectador e personagem.

Outro acerto que faz de Maniac uma das boas surpresas de 2013 foi a escolha do elenco. Elijah Wood (Sin City – A Cidade do Pecado, 2005) surpreende com um desempenho muito acima do esperado (ainda que o vejamos “inteiro” em poucos momentos) e nos entrega um vilão atormentado e humano; nada dos assassinos imortais tão comuns aos slashers clássicos. Destaque ainda para a presença da lindíssima Nora Arnezeder, interpretando a jovem fotografa Anna, por quem Frank se “apaixona”. Outras vítimas completam o elenco, como America Olivo (Sexta Feira 13, 2009), Megan Duffy e Jan Broberg.

No entanto, a maior homenagem ao original está na trilha sonora, em especial a sensacional canção Haunted (a trilha toda é muito boa, totalmente influenciada pelas composições B dos anos 80, com solos de guitarra e sintetizadores; performances do artista The Rob). A fotografia e o cenário também incorporam a insegura Nova York dos anos 80, com as ruas quase desertas, as pequenas lojas e os estacionamentos.

Em relação às cenas mais violentas, mesmo não sendo exageradas, o espectador é brindado com escalpelamentos, cérebros a mostra, calcanhares cortados e outros ferimentos a faca (única arma usada pelo assassino); lembrando que as vítimas são sempre figuras femininas. O enredo explica, por meio de flashbacks, as possíveis motivações da obsessão do assassino em perseguir as mulheres: ainda criança, Frank teria flagrado a mãe por diversas vezes tendo relações sexuais com homens diferentes. Tudo indica que ele a tenha assassinado e colocado o seu escalpo em um manequim. Assim, em sua mente perturbada, a mãe não mais o abandonaria para estar junto aos amantes.

O desfecho foge do padrão atual dos filmes do gênero e assume uma postura quase poética, mas não menos violenta: enquanto morre lentamente devido a diversos ferimentos, Frank tem um surto psicótico e vê os seus manequins arrancarem-lhe toda a pele.

Uma curiosidade é a presença, entre os produtores, do americano William Lustig, o diretor do longa original e de outro clássico slasher, Maniac Cop – O Exterminador (1988). Maniac ainda não foi distribuído em grande escala, mas vem trilhando um caminho “independente” rumo ao status de cult: tem viajado o mundo e sendo exibido em diversos festivais e mostras dedicadas ao cinema fantástico (participou também de Cannes e Melbourn), onde tem acumulado elogios da crítica especializada. No Brasil, o seu lançamento nos cinemas foi prometido para o mês de Setembro.

Enfim, Maniac, apesar de carregar o rótulo de refilmagem, consegue se destacar como uma produção singular, de estilo único e tão bem conduzida que consegue até mesmo superar o original. Uma grata surpresa em um ano carente de bons lançamentos no gênero.

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Média da classificação 3.7 / 5. Número de votos: 3

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26 Comentários

  1. Muito bom! Gostei bastante da atmosfera anos 80, não é fácil captar isso e o diretor acertou em cheio. A fotografia é ótima, os atores são bons e as mortes são bem violentas, até me surpreenderam. Pra quem curte filmes de terror pouco convencionais, vale a pena!

  2. – eu adorei o filme original , mas essa refilmagem e um desastre , nao a muito suspense mostrando mais drama e suspense do que terror . o filme exibe um ponto de vista do personagem ,o filme e interessante do ponto vista estrutural , ele limita a eficasia como suspense , perde muito a capacidade de surpreender publico . um filme extremamente grafico, gore que abusa nos efeitos visuais nesse sentido nao decepciona , a camera subjetiva que diferencia dos demais . *(maniaco)* uma refilmagem da decada de 80 do diretor : William Lustig , e inclusive a trilha sonora nesse sentido faz referencias da decada de 80 ,da musica eletronica , e uma bom filme mas nao e um grande filme e bem divertido , Elijah Wood covense no papel “frank” um serial killer .

  3. – eu adorei o filme original , mas essa refilmagem e um desastre , nao a muito suspense mostrando mais drama e suspense do que terror . o filme exibe um ponto de vista do personagem ,o filme e interessante do ponto vista estrutural , ele limita a eficasia como suspense , perde muito a capacidade de surpreender publico . um filme extremamente grafico, gore que abusa nos efeitos visuais nesse sentido nao decepciona , a camera subjetiva que diferencia dos demais . *(maniaco)* uma refilmagem da decada de 80 do diretor : William Lustig , e inclusive a trilha sonora nesse sentido faz referencias da decada de 80 ,da musica eletronica , e uma bom filme mas nao e um grande filme e bem divertido , Elijah Wood covense no papel “frank” um serial killer .

  4. A proposta da perspectiva da narrativa não é original do Gaspar Noé, Robert Montgomery já havia utilizado este mesmo recurso da câmera em primeira pessoa lá na década de 40… No “Lady in the lake”…

  5. Não assisti ainda à refilmagem, mas com todo o respeito aos fãs do original, acredito que não seja muito difícil para esta nova versão superar, em tudo, seu antecessor. Honestamente, “O Maníaco”, ou “Maniac”, é um filme BEM chato.

  6. Acabei de assistir..em 2013 quem diria, pra mim uma novidade, não cheguei a ver o filme antigo, primeira vez que eu vejo um filme onde a maioria das cenas você enxerga pelos olhos do assassino, muito legal e perturbador ao mesmo tempo. Vale a pena assistir (frase que não consigo dizer para muitos filmes que tenho assistido nos dias de hoje).

  7. Esqueceram de falar sobre a cena do estacionamento, cena lindíssima e macabra, com certeza foi uma homenagem ao antigo, principalmente homenagem a capa do original q é ele segurando o couro cabeludo da mulher loira e na outra mao ele segura a faca, ficou simplesmente igual.

  8. Um ótimo filme, gostei das atuações, do roteiro e da direção, a única reclamação é sobre a trilha sonora (!!), sei q tem gente q gosta, mas eu odeio esses malditos sintetizadores q eram moda nos anos 80…

  9. NOSSA QUE FILME LIXO! OS FILMES RUINS VCS DAO NOTAS BOAS E PROS BONS VCS DAO BAIXA! DORMI DE TAO RUIM Q EH ESSE ”FILME”

  10. ótimo filme,tbm estou sem palavras,ótimas atuações ,muito sangue,e o suspense foi demais,pra mim superou o original que já era massa,sem falar no jeito que ele aborda as vítimas no filme,assustador e fodástico esse remake,não é atóa que leva o nome do Alexandre Aja,amo esse homem 🙂

  11. Acabei de assistir e fiquei sem palavras… Filme ótimo. Com cenas bem fortes de violência, atuação impecável do Elijah Wood, trilha sonora correta, fotografia boa, maquiagem perfeita, tensão, muita loucura. A perspectiva do assassino foi arriscada, mas ainda bem que caiu mto bem. A cena final é super tensa e bem feita. Claro que possui algumas inverossimilhanças e clichês, mas pra mim um dos melhores do ano.

  12. Spoiler absurdo do final do filme. Tem que avisar quando tem spoiler por vir ><

    1. É um drama psicodélico… Vale a pena só se você curte o gênero…

  13. Esse filme passa a mesma sensação que o filme Drive passa, uma boa trilha e fotografia que remete muito à nostalgia da década de 80.

      1. Me lembrou muito Subconscious Cruelty, embora ele não seja dos anos 80. Trilha ótima.

    1. Lembrei mto de de Drive tb, que é um dos meus filmes preferidos. Adoro os anos 80 seus sintetizadores.
      Clima mto tenso e atuação brilhante do Elijah. Baixando a trilha sonora agora mesmo,

  14. Já assisti e concordo com a crítica. Só observei algumas situaçoes um pouco inverossímeis no roteiro, mas nada que tire o brilho do filme. É muito bom, com uma dinâmica perfeita, ótimas atuações e efeitos. Que mais filmes de terror com essa qualidade sejam feitos esse ano.

  15. Uma aula de como fazer um filme de terror, consegue passar uma incrível sensação de deslocamento e com uma das trilha sonoras mais incríveis do gênero. Vai virar um clássico, com certeza.

    1. Cara sinceramente eu detestei esse remake, continuo achando o antigo melhor, já revi ele algumas vzs e mesmo tendo as limitações da época ele continua obtendo mais êxito no que se propõe ser cru e grotesco, a cena dele atirando no casal é f… A cena da perseguição no metrô enfim..

  16. Noooooooooooooooooooooossa… depois dessa CRÍTICA ALTAMENTE POSITIVA…, vou ver esse filme com todo o orgulho de FÃ DE TERROR.
    Vlw BOCA!!!

  17. Cara tenho que ver esse filme parece ser muito bom tomara que passe no cinema da minha cidade, alias ótima critica como sempre.

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