Interestelar
Original:Interstellar
Ano:2014•País:EUA, UK Direção:Christopher Nolan Roteiro:Jonathan Nolan, Christopher Nolan Produção:Christopher Nolan, Lynda Obst, Emma Thomas Elenco:Matthew McConaughey, Anne Hathaway, Jessica Chastain, Wes Bentley, Matt Damon, Mackenzie Foy, Elyes Gabel, Michael Caine, Casey Affleck, Topher Grace, Ellen Burstyn, John Lithgow |
Atravessar as fronteiras do universo para alcançar lugares “onde nenhum homem jamais esteve” é um dos principais ejetores da imaginação humana. Graças à ficção científica, literária e cinematográfica, essas possibilidades se tornaram mais concretas, já que a realidade parece não conseguir suprir os anseios dos curiosos, levando apenas à discussão sobre a ida à Lua e o alcance da estratosfera. Há quem acredite que as dúvidas serão sanadas quando houver realmente a necessidade de buscar recursos externos, num futuro próximo, quando o planeta Terra se tornar um lugar inapropriado para a vida. Se o Homem ainda não é tão ousado – e capaz -, pelo menos a Sétima Arte já provou ser apta de povoar a nossa mente, com aventuras envolvendo passeios em outros sistemas solares, galáxias, planetas distantes, estrelas e até estações espaciais inóspitas. Apesar da capacidade de se criar efeitos realistas e envolventes, no novo milênio há poucos exemplares dignos das grandes viagens espaciais de Stanley Kubrick em 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968).
Numa análise rápida e superficial, é possível recorda do bom trabalho de Danny Boyle em Sunshine (2007), e da excelente animação Wall-E (2008), e fazer menções honrosas a Star Trek – Além da Escuridão (2013), Elysium (2013) e Gravidade (2013), mas é muito pouco para um gênero que se mostrou farto no século passado, com Alien – O Oitavo Passageiro (1979), Guerra nas Estrelas (1977), Dark Star (1974), O Enigma do Horizonte (1997) entre muitos outros. Sabendo dessa deficiência, as apostas se voltaram para Prometheus, de Ridley Scott, que incluía frases no cartaz sobre o retorno daquele que ajudou a criar o estilo. Fez um bom trabalho, visual e técnico, mas as comparações com a sua obra clássica e outras produções similares classificaram seu filme como uma “viagem para lugar algum“. Então surge o nome de Christopher Nolan, um diretor que possui fãs e detratores na mesma proporção, e seu ambicioso Interestelar.
Se alguns enxergam em A Origem (2010) uma produção complexa e exagerada, outros a veem como uma obra-prima; se há os que veneram a trilogia Batman, também existem os que consideram-na distante das concepções do personagem e muito profunda para um filme de heróis. Assim, o cineasta entra na galeria dos diretores igualmente amados e odiados como Lars Von Trier e M. Night Shyamalan, com estilos que afugentam e atraem, sendo que muitas vezes os filmes nem sequer foram conferidos pelos impacientes. Será que um cineasta tão controverso poderia ser o nome ideal para comandar uma produção da magnitude de Interestelar, um filme que já vem sendo preparado desde 2006?
Os pais da criança, a produtora Lynda Obst e o físico teórico Kip Thorne, já estiveram juntos na ficção Contato, de 1997. Em 2006, eles criaram os conceitos e a ambientação perfeita para o que chamavam de “os mais exóticos eventos do universo com possibilidade de acesso pelos humanos“, pensando num tratamento de Steven Spielberg e sua Dreamworks. Enquanto Jonathan Nolan desenvolvia o roteiro, Spielberg transportava sua produtora da Paramount para a Disney, em 2009, tornando-se um nome inviável. Foi quando o roteirista sugeriu que seu próprio irmão, Christopher, assumisse o comando, algo que se confirmaria apenas em 2013, no pontapé das filmagens.
Antes de desenvolver seu filme, Nolan colocou Kip Thorne como produtor, principalmente pelas consultarias sobre viagens espaciais, “buraco de minhoca” e “buraco negro“. O cineasta também visitou a NASA e conheceu o programa SpaceX, enquanto o irmão roteirista dedicou os quatro anos de desenvolvimento do argumento a avaliar outros projetos como Wall-E e Avatar (2009), e concebeu com cuidado cada detalhe, já sabendo que o protagonista deveria ser alguém como o premiado Matthew McConaughey. Foi quase uma década de um trabalho cuidadoso e detalhista até a conclusão do que viria a ser Interestelar. E o resultado só poderia ser absolutamente positivo e sensacional, numa exibição tecnicamente perfeita e bem realizada, sob um contexto profundo e atual.
No enredo, McConaughey interpreta Cooper, um ex-piloto da NASA, viúvo, pai de dois filhos, em um mundo próximo do colapso. Devido a problemas gravitacionais, o planeta está sofrendo com a escassez de alimentos – o que eleva a agricultura como único sistema econômico considerável, embora as plantações já não estejam mais conseguindo vingar – e de constantes e perigosas tempestades de poeiras. Atento às mudanças climáticas e aos fenômenos curiosos, Cooper é conduzido pela própria gravidade, através de um código binário, até um local secreto, onde existem alternativas que envolvem uma viagem de reconhecimento e possível povoação de planetas distantes, alcançados por uma fenda ou “buraco de minhoca“.
Cooper e uma equipe de astronautas, com destaque para Amelia (Anne Hathaway, de Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge), são conduzidos ao espaço na Endurance, sob a orientação do Professor Brand (o ótimo Michael Caine, também da trilogia Batman), tendo que enfrentar entre as dificuldades de uma viagem arriscada a evolução temporal, que transforma horas em anos. Isso se torna um problema para Cooper, o único que possui família, por ter que se afastar de seus filhos, principalmente da carente Murph (Mackenzie Foy), que não aceita a necessidade de uma missão tão longínqua do pai.
É impossível abordar mais a respeito do enredo, sem estragar as surpresas do longa. Só basta saber que todas as ramificações da trama se encaixam perfeitamente, permitindo boas reflexões sobre a existência de dimensões paralelas, realidade alternativa e a necessidade imediata de buscar uma nova “casa“. Se a história já é suficientemente cativante, a trilha de Hans Zimmer e a fotografia de Hoyte Van Hoytema contribuem significativamente para compor o melhor trabalho de Christopher Nolan, uma combinação perfeita de aventura espacial e emoção que deverá agradar a todos os públicos – exceto os que já não apreciam o cinema do diretor.
Entre as cenas de destaque vale a pena mencionar a sequência no “planeta água” e suas imensas ondas e o encontro com o astronauta Dr. Mann (Matt Damon), vivendo num isolamento gélido e sem contato com pessoas há muitos anos. McConaughey entrega sua melhor interpretação, provando sua constante ascensão e competência, embora seja improvável uma nova premiação pelo seu talento. Também é importante citar outras participações valiosas como as de Ellen Burstyn, Casey Affleck e Wes Bentley, completando as boas escolhas do elenco.
Interestelar traz um Nolan eficiente e ousado, com menos complexidade, mas muita reflexão. Um passeio pelas dimensões espaciais e humanas, com sensibilidade e beleza.
Realmente as pessoas do comentario acima não assistiram o mesmo filme que eu!
Personagens rasos?
Reviravolta sem sintidos?acho que sua preguiça de pensar limitou sua absorção!
Achei o filme ruim pra caramba, com temas baratos, reviravoltas sem sentido, personagens rasos e trabalho de roteiro fraco, um filminho para pseudo intelectual pipocal.
Concordo plenamente contigo, Pra min o Nola perdeu mão desde Dark Knight Rises. O único chamativo deste filme é o nome do Nolan e só.