Cabana do Inferno (2016)

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Cabana do Inferno (2016) D

Cabana do Inferno
Original:Cabin Fever
Ano:2016•País:EUA
Direção:Travis Zariwny
Roteiro:Randy Pearlstein, Eli Roth
Produção:Evan Astrowsky, Eli Roth, Christopher Lemole, Tim Zajaros.
Elenco:Gage Golightly, Matthew Daddario, Samuel Davis, Nadine Crocker, Dustin Ingram, Randy Schulman, George Griffith, Tim Zajaros, Aaron Trainor, Louise Linton, Laura Kenny, Derrick Means, Jason Rouse, Benton Morris, Teresa Decher.

(Suspiros)Remakes. Sempre que sai a notícia de que alguma refilmagem está sendo produzida os fãs das obras originais ficam em polvorosa. E na maioria das vezes com razão. O mais curioso nos últimos anos é a quantidade de refilmagens que vêm sendo produzidas, notadamente no gênero horror. Se a ideia de um remake per si já parece desnecessária, imagine então quando uma refilmagem se propõe a seguir exatamente o mesmo roteiro da obra original. Pior: a diferença entre o original e sua reimaginação é de apenas 12 anos. Ainda fica pior: aquela velha desculpa dos americanos de executar um remake por causa do idioma não há, já que ambos os filmes foram feitos em língua inglesa. Para piorar mais um pouquinho: a obra original não é considerada um clássico absoluto do gênero (embora este que vos escreva seja um grande fã).

Estou falando de Cabana do Inferno, que em 2002 lançou o nome de Eli Roth no mundo da sétima arte, rendendo bem nas bilheterias americanas e trazendo de volta uma pegada violenta e desbocada aos filmes de horror. Não por acaso, o filme gerou uma sequência e um prequel nos anos que seguiram e assentaram um terreno firme para que Roth continuasse desenvolvendo suas ideias em película.

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Rapidamente, para quem ainda não conhece a trama: cinco jovens amigos em férias da faculdade partem para uma remota cabana na floresta onde logo descobrirão que um estranho vírus se espalha entre eles, cuja infecção se dá pela esfolação da pele de dentro para fora. Conduzido pelo ilustre desconhecido Travis Zariwny, o longa segue basicamente o mesmíssimo roteiro escrito por Randy Pearlstein e Roth em 2002, incluindo os mesmos diálogos e a mesma estrutura narrativa. Curiosamente, as poucas mudanças escolhidas pelo novo diretor envolvem a retirada radical de todas as piadas e humor negro que permeavam o original, além da remoção de palavrões mais pesados e a inclusão de um didatismo irritante, que, aliás, vem se tornando uma constante em filmes do gênero atuais. Repare, por exemplo, na cena onde o grupo de jovens pára num pequeno armazém antes de seguir para o chalé. No original, o dono, Velho Caldwell (nessa versão, substituído por um Novo Caldwell) alerta breve e casualmente os jovens com a frase: se forem à floresta, tenham muito cuidado, ao que Karen responde: Por que, o que há na floresta?. E o assunto morria ali mesmo, com Caldwell mudando subitamente de assunto, criando no público uma sensação de curiosidade e também mostrando um esperto uso de ironia de Roth, já que em 100% dos filmes de horror é óbvio que a floresta não representa lugar seguro. Já no remake, o personagem Caldwell dá praticamente uma aula sobre virologia aos jovens, alertando da maneira mais detalhada possível, acabando com qualquer mistério e recaindo num tom genérico.

Roteiro à parte, é justamente numa refilmagem que o diretor faz toda a diferença. Mesmo que Eli Roth venha derrapando filme após filme, é um realizador com estilo próprio e com genuíno tesão pelo gênero, fato que conferiu à sua versão uma identidade própria mesmo com todo o tom de homenagem daquele filme. Não somente, mas a maior parte daquele filme funcionava muito bem. A trilha sonora oitentista de Nathan Barr junto às composições do mestre Angelo Badalamenti, a maquiagem da KNB e o elenco carismático ajudavam, é claro. Em oposição, este filme conta com atores novatos que parecem aborrecidos em seus papeis, não transmitindo emoção nenhuma e precisando constantemente demonstrar que estão atuando, usando diversas muletas de interpretação, como maneirismos com o rosto, caretas e poses diversas. A diferença no elenco resulta em personagens rasíssimos, enquanto no longa original eram, ao menos, bidimensionais e criavam empatia com o espectador.

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Levando-se a sério demais, o remake ainda conta com sua trilha vários [vrammmmmmm] que fazem parecer que estamos assistindo a algo muito dramático e grandioso. Algumas das composições de Kevin Riepl ainda tentam emular algumas das músicas do original, sem sucesso. Contando com uma estética que se assemelha exatamente a filmes de horror pós-2010, o filme continua assumindo uma pseudo-grandiosidade desnecessária, tentando conferir significado na montagem de videoclipe e na (falta de) caracterização de alguns personagens, como os caipiras que, dessa vez, são tratados como vilões potenciais homicidas desde o início da trama, em vez de apenas esquisitões como no outro filme.

Ganhando facilmente o rótulo de remake mais desnecessário da história (senão o pior), Cabana do Inferno levanta novamente a questão da necessidade real desse tipo de filme, quando nem a motivação caça-níquel é atendida.

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Marcus Augusto Lamim

Um seguidor fiel do cinema em todos seus formatos e gêneros, amante de rock e do gênero fantástico, roteirista amador e graduando em química.

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