Absentia (2011)

3.5
(4)

Absentia
Original:Absentia
Ano:2011•País:EUA
Direção:Mike Flanagan
Roteiro:Mike Flanagan
Produção:Morgan Peter Brown, Mike Flanagan, Justin Gordon, Joe Wicker
Elenco:Catherine Parker, Courtney Bell, Dave Levine, Justin Gordon, Morgan Peter Brown, Doug Jones

O trabalho que despertou a atenção de produtores para o nome Mike Flanagan é Absentia. Até então o cineasta americano, mais reconhecido como editor, havia feito alguns dramas e curtas, além da direção de um episódio da série The Gleib Show. Foi com o longa simples e eficiente de 2011 que ele mostrou o talento que tinha para sustos e arrepios, elevando sua carreira com títulos mais expressivos: O Espelho (2013), Hush: A Morte Ouve (2016), O Sono da Morte (2016), Ouija: Origem do Mal (2016), Jogo Perigoso (2017) e A Maldição da Residência Hill (2018). E também assumirá o comando de mais uma adaptação de Stephen King, Doutor Sono, com data prevista de lançamento para 2020.

Com um orçamento extremamente modesto, Flanagan apresentou um enredo curioso envolvendo dimensões paralelas e a perda, acrescentando aparições fantasmagóricas e até um discreto inseto. Após sete anos de sofrimento pelo sumiço do marido, Tricia (Courtney Bell) ainda cola cartazes nas árvores e postes, com a expectativa de um retorno ou alguma informação. Grávida de um relacionamento com o detetive Mallory (Dave Levine), ela está prestes a aceitar o óbito a fim de sanar suas dívidas e buscar uma nova morada, distante das lembranças do desaparecido. Para ajudá-la no processo, ela recebe a visita da irmã Callie (Catherine Parker), recentemente saída de uma clínica de recuperação para viciados em drogas.

Quanto mais se aproxima de sua decisão pelo óbito de Daniel (Morgan Peter Brown), mais ela é atormentada por visões em que ele aparece com expressão de ódio e repulsa, numa maquiagem simples, mas bem feita. Já Callie, na prática do jogging, ao atravessar um estreito e escuro túnel às proximidades da casa, encontra um homem moribundo, Walter Lambert (Doug Jones, o ator-monstro preferido de Guillermo del Toro), que diz coisas sem sentido como uma troca e um pedido de aviso ao filho. Ao levar comida ao rapaz, na manhã seguinte, encontra metais na porta de casa e posteriormente em sua cama. Assim que Tricia assina o óbito e está prestes a iniciar uma relação oficial com o detetive, Daniel retorna para casa para complicar as relações e expor o lugar infernal ao qual esteve.

Consciente dos recursos que possuía, Flanagan ainda consegue despertar arrepios pela ambientação e proposta. Ainda que a câmera não esteja muito bem posicionada e haja cenas que não levam a lugar algum – como a da visita dos pais de Daniel, que poderia ter ficado na sala de edição -, Absentia, em sua simplicidade, traz um conto interessante com teorias sobre o destino de pessoas desaparecidas. Essa dimensão, sugerida como um submundo sombrio e macabro, remete a SeteAlém, um pesadelo que vem se construindo em diversos relatos atuais na internet, com a narração de Luciano Milici em seu canal no youtube.

Simples em sua realização, mas capaz de despertar reflexão e calafrios, Absentia traria para este lado do túnel um cineasta que passaria a ser referência para o gênero fantástico, alimentando a Netflix com obras que merecem reconhecimento. Resta saber o que ele deixou para trás…

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

One thought on “Absentia (2011)

  • 06/12/2020 em 16:51
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    Em termos técnicos, é um filme confuso e até mal dirigido. Apesar do diretor conseguir criar tensões em suas rimas visuais – especialmente na filmagem desfocada e estranhamente simétrica do túnel, indicando ali uma grande sinalização de atenção de algo sobrenatural, é um filme onde a multiplicidade de propostas acabam diluindo todas de uma só vez.

    Absentia é um filme com sugestões sobrenaturais folclóricas, sobre criaturas insetiformes (que não aparecem em nenhum momento) que capturam pessoas e as levam para dimensões paralelas.

    Mas também é um filme de fantasmagoria, aparições e um pouco de terror psicológico motivado por traumas.

    Algumas ideias são jogadas a esmo e prontamente abandonadas e, apesar de ser um um filme independente, ele assimila diversos clichês dos filmes mainstream mais batidos (embora alguns jump-scares tenham me pegado desprevenido).

    Em suma, fraco.

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